Welcome To The Jungle

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Ryujin costumava odiar a escola, só aparecia por lá nas aulas de filosofia e sociologia, gostava de inglês também, mas odiava a professora que aplicava a matéria, nunca teve paciência para as ideias saudosistas da mulher e dizia que acabaria a socando se tivesse que a ouvir defender mais um branco rico historicamente conhecido por ser um racista de merda.

A maior parte das aulas Ryujin se enfiava num canto escondido do colégio e fumava cigarros enquanto ouvia as mesmas músicas de sempre em seu walkman, não tinha dinheiro para comprar uma fita nova e se recusava a gravar outras músicas por cima das suas favoritas, com isso, a garota tinha seu próprio ritual de todas as manhãs de aula, a primeira coisa que fazia quando acordava era colocar a fita para tocar no rádio do seu quarto - costumava ficar na cozinha, mas ela tomou a liberdade de pegar para si uma vez que sua mãe não o usava - então ela escovava os dentes e tirava as remelas do olho ouvindo The Trooper do Iron Maiden, usava o restante da musica para criar coragem o suficiente para enfrentar um banho gelado ao som de War Pigs, mas na metade da música abandonava o chuveiro e se secava tremendo de frio como um pintinho, passava quase que Nightrain inteira encarando o seu uniforme escolar, pensando numa boa desculpa para não usa-lo, então o vestia e descia até a cozinha onde sua amada mãe a serviria uma xicara de café preto - sempre tomava preto - e Mr. Brownstone estaria tocando quando ela propositalmente derrubasse um pouco do café na camiseta sem graça da escola e ela diria a sua mãe que foi um acidente e correria até seu quarto trocar a maldita camiseta enquanto ouvia sua mãe a xingar no andar de baixo - primeiro por ser estabanada e depois por correr na escada - então ela observava os peitos no espelho por um momento, se questionando de um dia eles ficariam maiores, era normalmente quando os acordes de Kickstar my Heart começavam que ela sabia que se atrasaria se não fosse rápida - não que ela se importasse, mas sua mãe se importava - acabava por vestir uma camiseta qualquer que provavelmente deveria estar na maquina de lavar e não no seu guarda - roupa, jogava a jaqueta de couro por cima e saia correndo do quarto, quando alcançava o primeiro degrau se lembrava de voltar para pegar a mochila, enfiava alguns livros e canetas nela, conferia se sua carteira de cigarros mentolados estava dentro, pegava o Walkman e antes de Girls, Girls, Girls chegar ao fim ela desligava o rádio e retirava sua amada fita de dentro dele, e só então ela alcançava a porta de casa, deixando um beijo na bochecha da mãe e saindo para mais um dia.

Dentro do colégio as coisas não eram tão agitadas, usava o momento em que a professora realizava a chamada para rebobinar sua fita e esperava 5 minutos após o fim dela para pedir para usar o banheiro, depois que saia da sala não retornava mais até o começo da próxima aula, onde faria a mesma coisa novamente. Normalmente na primeira aula ela saia para aproveitar o sol da manhã, Ryujin não era uma pessoa matinal, mas já que era obrigada a levantar cedo, aproveitava o momento para apreciar os raios de sol na pele alva; já na segunda aula, saia para fumar seu primeiro cigarro do dia, as vezes dependendo do dia aproveitava para assistir os treinos de futebol do time da escola, era uma boa distração; na terceira aula ia até a biblioteca e escolhia o livro que parecia menos desinteressante, e fumava mais um cigarro; o intervalo das aulas era na sua opinião o pior momento da manhã, não existia um único lugar daquele colégio que não fosse ocupado por adolescentes insuportáveis, e era também nesse momento que o estômago começava a reclamar de fome, a mãe de Ryujin sempre lhe dava um trocado ou outro para se alimentar na escola, mas ela nunca comia, preferia guardar o dinheiro para os fins de semana e para suas metas pessoais; a quarta aula passava lendo seu livro e na quinta fumava mais um cigarro e devolvia o livro para a biblioteca, por vezes dava um jeito de escapar mais cedo e voltar para o conforto de sua casa.

Era assim todos os dias, desde o começo do ensino médio ela escutava a mesma fita, fumava o mesmo cigarro e fazia as mesmas coisas.

Por isso seria impossível para ela não se lembrar do dia que mudou sua vida.

Bem, existiram muitos dias que mudaram sua vida, mas aquele foi o começo de tudo.

O dia em que conheceu Lee felix.

The RogueOnde histórias criam vida. Descubra agora