I wanna be adored

45 5 12
                                        

A fama é viciante.

Ryujin estava viciada na sensação.

Sair na rua e não conseguir chegar até a esquina sem ser reconhecida e parada diversas vezes para tirar fotos e distribuir autógrafos.

Gostava até mesmo dos paparazzis que a seguiam em todos os lugares tentando encontrar alguma polêmica na vida dela, e eles sempre encontravam - não que ela se esforçasse para esconder as merdas que fazia, na verdade, ela não poderia se importar menos - Ryujin e todos os integrantes da banda sempre estavam estampados na capa de alguma revista de fofoca, haviam porções de matérias sobre eles, algumas eram exageradas, distorcidas ou completamente mentirosas, haviam as verdadeiras também, mas a esse ponto os rumores já estavam fora do alcance, a verdade e a mentira se misturam de forma que até mesmo ela não saberia diferenciar.

A fama da The Rogue veio acompanhada de toda a reputação estereotipada de rockstar.

"Bem, como diria John Lennon, a vida é o que acontece com você enquanto você está ocupado fazendo outros planos, não é?"

"Então você não planeja se casar e ter filhos?"

"Não sei o que você espera que eu diga, tenho 23 anos e um hit número um tocando nas rádios, tudo o que planejo são estádios lotados e multidões enlouquecidas."

A plateia riu junto do apresentador.

"Então podemos dizer que Shin Ryujin está fechada para o amor?"

"Podemos dizer que Shin Ryujin é uma jovem focada em sua carreira em ascensão, o que acha?"

"Acho que precisamos encontrar um bom partido capaz de derreter esse coração de gelo, huh? Mas vamos deixar isso para depois dos comercias!"

Ryujin manteve seu sorriso cordial até a produção do programa sinalizar que as propagandas estavam no ar, e então seu rosto se fechou numa carranca.

"Chan, diga a eles que passei mal ou que tive algum imprevisto, não vou ficar aqui enquanto especulam qual galã de hollywood gostaria de me comer."

Bang Chan olhou sem entender para a garota.

"O que? O que você vai fazer?"

"Vou embora, duh."

"Qual é Ryujin, não pode sair andando de toda entrevista sempre que não gosta das perguntas."

"Não se de ao trabalho, eu sei o caminho da saída."

"Você é tão idiota."

"Até mais Chan, bom resto de entrevista com esse babaca para você e os meninos."

Sem mais explicações e sem olhar para trás Ryujin deixou o estúdio de gravação, ascendendo seu cigarro mentolado assim que alcançou o corredor, observou a placa de proibição de cigarros no ambiente e sorriu, se deliciando com a ideia de ser banida dali para sempre por causa de um simples cigarro, internamente meio que desejou que alguém a encontrasse e a expulsasse, aquele apresentador realmente a irritou.

Todos eles a irritavam depois que percebeu que seus companheiros de banda recebiam perguntas elaboradas e interessantes, enquanto que a ela direcionavam perguntas idiotas sobre sua vida amorosa.

No começo não se importava, afinal era normal que as pessoas estivessem curiosas sobre seu estado civil, mas acontece que Ryujin não tinha uma vida amorosa a qual pudesse comentar sobre, Ryujin se considera uma solteira convicta e suas paixões duram por uma noite, ou até menos, mas nunca mais.

E quando a mídia percebeu que Ryujin era esse tipo de mulher, pareceram entrar num consenso de que precisavam encontrar um romance para ela.

Decidiu que não precisava e nem queria passar por esse tipo de situação, essa não era a primeira entrevista que abandonava na metade, deixando seu empresário e companheiros de banda completamente enlouquecidos.

Mas ela nunca foi do tipo que se explica e muito menos do que procura romances, não que fugisse do amor, mas o sentimento simplesmente nunca a alcançou.

Talvez o amor exigisse algo que ela não tinha disposição para dar.

Ela assistiu Felix se apaixonar uma vez, não foi algo arrebatador que aconteceu em segundos, o amigo conheceu um ator - lindo e carismático - e sim, ficou encantado assim que colocou os olhos nele, mas o amor levou tempo para acontecer, Felix precisou se permitir conhecer e ser conhecido, precisou deixar o coração aberto para que o sentimento fizesse morada e honestamente, o processo todo pareceu cansativo demais para Ryujin, ela nunca encontrou ninguém para quem ela quisesse se doar dessa forma, depositar tanto do seu tempo e atenção.

O único amor que experimentou foi o de seus amigos, da sua mãe e, de uma forma um pouco deturpada, o de seu pai.

Agora também tinha os fãs, mas esse amor não parecia real ainda, não entendia muito bem como pessoas que não a conhecem - alguns sequer a viram em carne e osso - poderiam a amar e fazer loucuras apenas para ganhar um pouco de sua atenção.

Não entendia mas adorava aquilo.

Acreditava fielmente que esses eram os únicos amores que precisava em sua vida.

As carências do corpo eram facilmente saciados sempre que precisava, bastava uma ligação e teria alguém em sua cama, e se não quisesse transar com alguém que já havia experimentado antes, ela resolvia facilmente saindo para algum clube ou bar, já havia entendido que com o nível de fama que alcançou, todas as pessoas queriam ter uma noite com ela.

Dinheiro e sexo não eram um problema, e o amor... bom, não poderia sentir falta de algo que nunca teve.

Ela estava feliz como estava, de bem com a vida.

Mas claro, Ryujin não sabia viver uma vida descomplicada e o maior dos seus problemas ainda estava para chegar.

Com nome, sobrenome e um novo endereço em Los Angeles.

O diabo vestida em Yves Saint Laurent.

The RogueOnde histórias criam vida. Descubra agora