Capítulo 3.

78 12 120
                                    


10 HORAS PARA O AMANHECER

Tinha a quase certeza de que não estava entendendo perfeitamente o jogo, mas parecia saber como jogava, e isso talvez já fosse o suficiente para continuar escondida no vão de entrada do hall, encolhida atrás de um dos móveis enquanto esperava alguém passar para conseguir ter uma vitória.

Depois que todas saíram correndo do escritório de Devon, Kris observou que Allison e Maeve correram para o segundo andar da casa, Jess e Heather sumiram em segundos, e Claire e Parker foram as mais barulhentas para acharem um esconderijo, provavelmente por terem divergências de opinião para onde deveriam ir, e isso acabou dando chances para a garota Argent seguir os passos dela e saber onde elas estavam — na sala de estar.

Jogar sozinha talvez fosse sua melhor alternativa, considerando que se vencesse não precisaria competir com mais ninguém e seria uma grande reviravolta justamente por não ter precisado de ajuda, diferente das outras, e só de pensar nisso, Kris já se sentia vitoriosa, com seu lado competidor falando mais alto, que a impedia de idealizar perder para qualquer uma delas, inclusive sua própria irmã. Sendo assim, ela se manteve agachada, com a respiração controlada e o olhar atento na escuridão que já tinha se acostumado a sua visão, podendo lhe dar todo o vislumbre do hall sem aquelas sombras que a dificultavam para se esbarrar em algo.

Conseguia ouvir os cochichos das duas na sala de estar, com a irritação de Claire em querer dar ordens e ser manipuladora e Parker começando a perder a paciência ordenando que a garota calasse a boca de uma vez. Só de pensar na possibilidade em ter que dividir parceria com a Rivers, Kris já se sentia incomodada, porque ela era uma daquelas pessoas que se era impossível ter paciência por muito tempo.

Em som de passos que ecoaram pelo assoalho, Argent se ergueu ao lado do móvel, arrastando os pés para o vão de entrada da sala de estar e esperando que qualquer uma delas passasse para que conseguisse puxar seu cordão com a Polaroid presa.

Um.

Dois.

Três.

A sombra da garota surgiu, vindo tão atenta e silenciosa que foi surpreendida com o salto de Kris em sua frente, tendo uma das mãos esticadas que foi capaz de puxar com facilidade a Polaroid ali presa. Era Parker, que assim que notou o que tinha acontecido, soltou um grito.

Atrás dela, Claire se assustou ainda mais e saiu correndo em disparada pelo corredor e sumindo pelos fundos da casa que permanecia em completo breu.

— Você morreu! — Kris comemorou, balançando a Polaroid de Parker em uma das mãos.

— Covarde. Me atacou de surpresa.

— É assim que se joga — a negra lhe soltou um beijo no ar. — Agora, vá para o lado de fora e espere as outras. E aguarde a minha vitória.

— Até parece que você vai ganhar — Parker bufou, zangada. Batendo os pés ela andou em direção a porta de entrada da casa, destrancando-a para sair. — Tomara que te matem.

— Mortos não falam! — ainda em comemoração, Kris lhe deu as costas e saiu andando pelo corredor, dessa vez na procura de sua próxima vítima.

Sentindo a brisa quente do lado de fora, Parker foi para a varanda, puxando a porta e a batendo de propósito.

Encarou o exterior, com toda aquela grama e árvores que cercavam a fachada da casa, tudo tão deserto e quieto, aparentemente sendo uma noite calma e tranquila como todas as outras. Entretanto, algo em seu instinto dizia que talvez fosse melhor se atentar aos detalhes que a cercavam, olhar além do que era mostrado e averiguar se nada de fato acontecia de maneira despercebida.

The Wolves At The Door (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora