Capítulo 5.

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ÚLTIMAS HORAS EM WESTIN HILLS

O choro carregado de Allison Myers se tornava o único som presente dentro daquele quarto.

A garota ruiva estava encolhida em uma das camas, com os braços envoltos dos joelhos dobrados e de cabeça abaixada, consumida pelas lágrimas que faziam suas costas se curvarem. Ao seu lado, Maeve Griffin prestava seu apoio em silêncio, passando a mão em sua cabeça e murmurando palavras de conforto para que só ela ouvisse. Conseguia compreender como era aquele sentimento de perca, a angustia predominada no peito em uma dor tão profunda quanto à lâmina de uma faca. Sentia tanto por ela quanto por Heather, por saber que a garota não merecia ter tido aquele final tão desastroso e impiedoso, entretanto no mesmo tempo que sentia a dor, também sentia a raiva, o desejo de vingança correr por suas veias como sangue. Não entendia e nem fazia mais questão de compreender os motivos que levavam aqueles assassinos estarem fazendo aquilo, se era por uma razão maior ou porque simplesmente quisessem causar a tortura sobre as garotas, todavia não poderia deixar que isso acabasse assim, em poucas horas da noite que todas fossem dizimadas por aquele plano que eles vinham colocando em prática. A necessidade que a esgotava era de reconhecer que precisavam revidar, lutarem com suas próprias forças e impedir que aquilo se tornasse um novo profundo trauma.

Saindo de perto da janela, e abatida, Jess se sentou na outra cama, onde Beth se encontrava deitada, encolhida em seu travesseiro e com o olhar vago para algum canto fixo do quarto. A menina parecia se segurar bravamente para não chorar, não esboçou nenhuma reação depois que viu o corpo da outra lá embaixo, indo apenas em direção a irmã e se apossando de um abraço que durou alguns minutos. Kris, já parecia mais radical, andando de um lado para o outro com as mãos na cintura enquanto falava sozinha, gesticulando com a cabeça e mordendo os próprios lábios, parecendo não aceitar muito bem o que tinha acontecido. Estava claro que ela queria surtar, dizer alguma coisa direta, mas seria interpretada de maneira equivocada, e não estava a fim, por isso optou de ficar na sua, falando com si mesma e ignorando as outras.

— Eu deveria ter a deixado subir primeiro — Allison secou as lágrimas. — Teria sido mais fácil.

— Não é culpa sua, Alli — Maeve tocou seu ombro. — Estávamos encurraladas. Qualquer uma de nós poderia ter caído.

O ferimento no braço da ruiva foi estancado por Griffin, que pegará o que sobrará do kit de primeiros socorros de Beth e se aprontou em fazer um curativo adequado no machucado. Tomará também alguns analgésicos, pelas dores que afetavam seu corpo depois do acidente com o carro, porém começava a achar que a dor era mais pelo nervosismo do que por outros fatores, pois sentia cada nervo seu estremecer cada vez que respirava fundo e se olhava no meio daquela situação.

— E agora? — Kris perguntou, roendo as unhas. — Voltamos para a estaca zero?

— Eles sabotaram os carros. Não temos como usar eles — Maeve respondeu. — Eles tomaram controle da casa.

— Porra...

— Tem que haver alguma alternativa — Jess protestou. — Não podemos morrer aqui, garotas. Eu não quero morrer aqui.

— Estou preocupada com a Devon — Beth quem disse, se arrumando na cama. — Ela já deveria ter aparecido. Não?

— Esqueça. Não vai ser ela quem vai nos ajudar. Achei que tivesse ficado claro.

— Estamos sozinhas nessa — Allison falou. — É nós por nós mesmas e acabou. Os desgraçados não vão parar até nos matar. Podemos nos esconder ou lutar. É as únicas alternativas que temos aqui. Ou só vamos adiar à hora das nossas mortes.

The Wolves At The Door (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora