Capítulo 21

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                           Abner

Os dois se encaravam firmemente sem sair do lugar, enquanto eu sentia a culpa me remoendo por ter causado tudo aquilo.

— Por favor, Lizzy, me responda... — Henry deu um passo à frente sem tirar os olhos dela.

Eu queria poder dizer alguma coisa, queria poder voltar no tempo e impedir que aquilo acontecesse, mas no íntimo do meu ser, eu também desejava ouvir a sua resposta.

— Henry, e-eu... eu... — ela parecia lutar para encontrar as palavras certas, mas nada saía de sua boca.

— Diga alguma coisa, Elizabeth! — exclamou assustando a nós dois e caminhando rapidamente vindo em nossa direção.

— Ei, cara, dê um tempo a ela — falei finalmente me colocando na frente dela de forma protetora.

Ele me lançou um olhar de puro desprezo e parou a alguns centímetros de distância de mim.

— Por que você sempre se mete aonde não é chamado, hein?! — esbravejou enfurecido — Será que dá pra nos deixar conversar em paz?

— Não, enquanto você não se acalmar...

Não terminei a minha fala, pois senti uma mão segurando suavemente em meu braço e quando me virei encontrei os olhos de Lizzy encarando meu rosto.

— Está tudo bem, Abner — disse com um pequeno sorriso que não alcançou seus olhos.

— Está me dizendo para te deixar sozinha com ele desse jeito? — perguntei indignado e ela balançou a cabeça em negação.

— Estou dizendo para me deixar resolver essa situação por mim mesma. Mas... — ela se moveu até ficar ao meu lado, sem tirar seus olhos dos meus. — Quero que fique aqui comigo.

Meu coração acelerou com aquelas palavras tão simples e tão profundas para mim, e com um pouco de dificuldade, assenti concordando. Só então ela se voltou para Henry que nos observava com uma expressão de impaciência.

— Eu realmente criei sentimentos por você há um tempo atrás, Henry.

— Lizzy... — os olhos dele suavizaram e ele abriu a boca para dizer alguma coisa, mas ela o interrompeu.

— Mas isso já passou e agora eu só o vejo como um bom amigo — ela suspirou e sorriu, como se um peso fosse tirado de seus ombros.

E sem perceber eu também sorri, porque aquela resposta era tudo que eu queria ouvir. Porque isso significava que eu tinha chance de conquistá-la.

— Por que nunca me contou sobre isso? — questionou aflito.

— Eu não era correspondida, então não vi motivos para falar, e também... não queria que a nossa amizade fosse abalada por conta disso.

— Não, Lizzy... — ele balançou a cabeça transtornado — Poderia ter sido diferente, eu... eu sinto muito por não ter percebido.

— Não se preocupe, Henry, isso já ficou para trás — ela deu um passo à frente e colocou uma mão no ombro dele — Espero que isso não interfira na nossa amizade e que possa guardar segredo.

— É claro que sim. Mas por que ele sabe? — disse apontando para mim que só observava tudo em silêncio.

— Eu descobri sozinho.

— E eu contei para ele — Lizzy completou.

Henry olhou entre nós dois e nada falou por alguns minutos.

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