Capítulo 30

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                         Elizabeth

Os dias pareciam passar lentamente para mim. Apesar de Abner continuar me cumprimentando e sorrindo como se tudo estivesse bem, eu sentia a tensão presente entre nós. E todas as vezes que eu olhava para ele ou até mesmo pensava nele, sentia o arrependimento bater em mim, causando grande sofrimento ao meu ser.

Por que eu não disse sim?

Lamentava quando lembrava daquele momento em que tive a oportunidade de também confessar meus sentimentos a ele, dizer que eu também o amava, mas o medo sempre falava mais alto e me impedia de fazer isso.

— Filha, está tudo bem? — minha mãe perguntou pela terceira naquela semana.

— Eu estou bem, mãe — menti novamente e subi para o meu quarto, um novo hábito que eu havia criado.

Desde o dia que Abner me levara na exposição e depois de rejeitá-lo daquela forma, me sentia cada vez mais triste e me tornei menos falante.

Meus amigos e minha família também notaram isso e demonstraram estar preocupados com meu comportamento estranho, porém, eu sempre fugia de suas perguntas e fingia que era apenas uma indisposição. Isso estava acabando comigo e tirando a minha paz pouco a pouco.

Suspirei sem saber o que fazer, ficar ali pensando no que eu tinha feito, não estava me ajudando em nada. Na verdade, estava me sentindo sufocada, e por isso, troquei de roupa rapidamente e desci para o primeiro andar.

— Está saindo para algum lugar? — minha mãe perguntou assim que me viu arrumada.

— Vou até o parque — respondi dando de ombros.

— É bom mesmo que você saia um pouco, você tem passado muito tempo trancada naquele quarto — disse em um tom preocupado.

— Bem, não vou demorar.

Me virei com a intenção de seguir para a porta, mas antes que eu fosse muito longe, ouvi a voz da minha mãe me chamando.

— Espera, Elizabeth! — ela caminhou e parou ao meu lado com uma expressão compassiva — Eu não sei exatamente o que você está passando. Mas saiba que o Senhor está cuidando de tudo e que nada acontece sem a permissão Dele. Entao, confie no Senhor!

Surpresa com suas palavras, assenti em concordância e segui para a porta. O caminho até o parque foi rápido enquanto me encontrava perdida em pensamentos e assim que cheguei no mesmo, sentei no banco de sempre e olhei para o céu azul.

— Senhor, o que há de errado comigo? — questionei mesmo sabendo que a resposta não viria tão facilmente assim.

Suspirei cansada e apenas permaneci ali, fitando a paisagem com um olhar perdido. Não sei quanto tempo fiquei assim, mas só retomei o foco quando senti a presença de alguém ao meu lado.

— Posso sentar aqui?

Aquela voz fez um arrepio percorrer meu corpo e igonando o frio em minha barriga, olhei para Abner parado ali com um pequeno sorriso no rosto.

— Posso? — repetiu ele diante do meu silêncio e sem conseguir fazer qualquer outra coisa, apenas assenti concordando. Ele deixou um espaço adequado entre nós, mas ainda assim, só de tê-lo tão perto já me deixava aflita — Não precisa ficar nervosa, Lizzy. Eu só quero conversar e esclarecer algumas coisas.

Apesar da apreensão que eu sentia, sabia que não estava sendo justa com ele e isso só me deixava ainda pior, porque ele não merecia isso.

— Tudo bem... — murmurei olhando para baixo, me preparando mentalmente para o que viria a seguir.

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