Capítulo 16

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Pov Natalie

Cheguei em casa tomei um banho e estava bem desanimada. Os últimos dias minha vida estava uma loucura. Eu precisava de um descanso de tudo isso, era término, traição, demissão, admissão, paixonite e decepção. Depois de ficar mais de 1h no telefone com o Lukas atualizando dos últimos fatos, resolvi ficar deitada na cama com fones no ouvido, ouvindo músicas deprimentes e chorando.

Meu pai, Leandro, me tirou dos meus pensamentos, entrando em meu quarto e acendendo a luz.

Leandro: Desculpa filha, mas bati e te chamei e você não respondeu. Pensei que estava se sentindo mal.- Disse me olhando.

Natalie: Estou bem, realmente não ouvi.

Leandro: Está chorando pelo término com o Antônio? - Disse sentando-se na minha cama.

Natalie: É muita coisa acontecendo, estou um pouco esgotada.

Leandro: Você é adulta e não pediu minha opinião, mas você merece alguém que te enxergue como prioridade sempre. Eu não criei vocês para aceitar menos do que isso.

Natalie: Eu sei pai. Só estou triste com tudo que aconteceu nos últimos dias. Eu vou melhorar, é só desanimo mesmo.

Leandro: Por isso eu fiz um dos seus pratos prediletos. Não vou curar a sua tristeza, mas vai dar um leve conforto. - Disse com um sorriso.

Meu pai era chef de cozinha em um restaurante sofisticado, mas trabalhava durante o dia. Ele e minha mãe na cozinha arrasavam. Um dia eles irão ter o próprio restaurante, além do dinheiro da casa. Eu investi um pequeno valor para ajudar eles a realizar esse sonho. Eles me ajudaram muito e chegou a hora de retribuir.

Natalie: Pai, todas as comidas que vocês fazem são minhas prediletas.

Leandro: Eu sei, mas hoje preparei aquele filé do jeitinho que você gosta com um risoto...

Natalie: 4 queijos?

Leandro: Exatamente! E ainda tem aquela banoffee que sua mãe fez ontem.

Meus pais eram muito zelosos, eles eram tudo na minha vida. Tenho muito orgulho deles.

Natalie: Eu amo vocês, sabia?

Leandro: E nós te amamos com todas as nossas forças. Você e sua irmã são nossos tesouros. - Disse me abraçando

Natalie: Minha mãe já chegou?

Leandro: Sim, foi tomar um banho. Vamos jantar? - Disse me puxando da cama.

Natalie: Vou apenas lavar meu rosto e já vou. - Disse e ele assentiu e saiu.

Demorei poucos minutos e fui até cozinha e sem querer ouvi meus pais conversando. Minha mãe estava falando sobre a Priscilla e eu resolvi ouvir.

Déborah: Ela é diferente do que eu imaginava, na verdade antes eu pensava que ela era arrogante e ela realmente é. Mas, não é apenas isso. Ela é solitária e vinha me surpreendendo positivamente com ela, mas depois de hoje, sei lá. 

Leandro: Mas se ela trai ou não a esposa, o problema é da esposa. Isso não faz dela uma pessoa ruim. Fora que você disse que elas têm uma relação aberta né?

Déborah: Sim, mas ficar se pegando com a irmã da esposa enquanto a esposa estava no quarto da frente. Eu acho putaria demais. E pelo jeito a irmã não sabia. Se soubesse por que trancariam a porta?

Leandro: Por privacidade.

Déborah: Você fala isso com uma naturalidade que me assusta.

Leandro: Sendo honesto uma mulher dessa não serviria para nossas filhas. Eu jamais aprovaria uma relação assim, mesmo sabendo que elas são adultas. Mas, também não vou demonizar a sua patroa. Se elas combinaram é com elas mesmo.

Quando eu penso que não posso me surpreender, vem informação nova. A Priscilla vivia uma relação aberta? Então ela queria me fazer de chaveirinho dela. E ela estava se pegando com a cunhada. Nossa, ainda bem que fiquei sabendo disso. Eu estava bem louca mesmo querendo me envolver com essa mulher.

Déborah: Eu também não acho legal isso. Mas, acredito que a Natalie e a Emily não se envolveriam com alguém assim e agradeço muito por isso.

Se minha mãe soubesse que eu quase transei com a Priscilla, ela surtaria. Resolvi entrar na cozinha e como eu imaginava o assunto se encerrou.

Déborah: Oi meu amor, como você está? - Disse me abraçando

Natalie: Bem melhor agora. Você demorou hoje.

Déborah: Sim, agora estou no lugar da governanta e cozinheira, aí saio um pouco mais tarde. Mas, vou receber um extra.

Natalie: Que bom!

Déborah: E como está o trabalho lá com a Priscilla?

Eu não tinha hábito de mentir para meus pais, mas não podia contar tudo o que aconteceu. Na verdade, não havia necessidade.

Natalie: Está indo bem.

Déborah: Não senti firmeza. Ela está te humilhando?

Leandro: Ela pode ter o dinheiro que for, mas não pode humilhar ninguém.

Natalie: Não, pelo contrário ela me trata muito bem agora. - Eles me olharam surpresos.

Leandro: Primeiro sua mãe e agora você. Afinal ela é insuportável ou não.

Déborah: Ela se faz de durona, apenas isso.

Natalie: E quando estamos perto percebemos que ela é diferente do que aparenta.

Leandro: Entendi. Vamos comer?

Tivemos um jantar tranquilo e conversamos sobre o nosso dia e depois ligamos para Emily para matar um pouco de saudades. Demorei um pouco para dormir, mas logo peguei no sono.

Pov Priscilla

Depois do que aconteceu com a irmã da Letícia resolvi não sair mais do quarto, resolvi não arranjar mais confusão. Letícia foi ficar um pouco com a irmã e eu fiquei no quarto mexendo no celular e ouvindo um pouco de rádio. Estava tranquila até começar a tocar Velha Infância dos Tribalista e dois trechos me fizeram pensar na Nati. Essa mulher dever ser alguma bruxa, eu não consigo esquecer ela e olha que não tivemos nada.

“Você é assim um sonho pra mim. E quando eu não te vejo, eu penso em você. Desde o amanhecer até quando eu me deito...” As palavras resumiam perfeitamente o que eu estava sentindo. “Eu gosto de você e gosto de ficar com você. Meu riso é tão feliz contigo”. Meu coração acelera só de pensar nela, eu nunca na vida me senti assim. Talvez eu devesse procurar um cardiologista. Estou me sentindo como adolescente, será que eu estava me apaixonando por ela?

Fiquei mais um tempo pensando nela e comecei a ficar com sono. Peguei o controle e quando ia desligar o rádio ouvi outra música, mas dessa vez um trecho do Lulu Santos que dizia “Vamos nos permitir” me levou a um sonho:

Priscilla: Dorme comigo? Prometo não te agarrar.  – Digo levantando a mão em rendição

Natalie: Isso é uma loucura, mas vou aceitar.

Priscilla: “Vamos nos permitir” - Digo cantando.

Natalie: Pri, estou gostando desse seu lado mais despojado. - Disse com um sorriso

Priscilla: Que bom! – Digo e lhe dou um selinho”

Letícia: Que cara é essa? - Disse me olhando

Eu não sabia se tinha sonhado ou qualqueroutra coisa. Era mais provável que eu estivesse dormindo e sonhei, mas foi tão real que nem sei o que pensar. Estava muito confusa, a Nati está dominando minha mente de uma forma arrebatadora.

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