Capítulo 7

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Pov Priscilla

Apesar de tudo a minha cabeça começou a traçar ideias e estratégias ainda na sala do meu avô. E ver que eu não era a única me deixou animada. Mas, deixei meu avô achar que eu estava derrotada. Ao entrar na sala Nati e eu nos empolgamos e falamos juntas.

Priscilla e Natalie: Fala! - Dissemos novamente juntas e rimos.

Priscilla: Eu falo, então. - Disse sentando-se na minha mesa e apontando para ela se sentar.

Priscilla: É muito óbvio que não temos dinheiro suficiente. Minha ideia inicial é investir esse dinheiro na bolsa de valores com especulação para tentar aumentar esse recurso. É arriscado, porém a possibilidade de ganho é enorme.

Natalie: Concordo. Tive uma ideia parecida, eu acho que temos que tentar parceria com alguma barraca da feira. Eles podem fornecer os recursos e o trabalho. Isso vai diminuir o valor a ser investido. Fora que se fizermos um acordo bom, eles poderão nos ajudar com o dinheiro.

Priscilla: Ótima ideia! Se conseguirmos um acordo podemos conseguir uma linha de crédito com o nosso associado.

Natalie: Sim. Podemos fazer uma espécie de assessoria, vamos diminuir o tempo de ideia, abertura, legalização enfim.

Priscilla: Boa! Vamos ao primeiro passo, ler todo esse contrato e assinar.

Natalie: Temos até o fim do dia, então podemos ir à feira fazer umas anotações e depois podemos sentar e ler o contrato todo.

Eu nunca havia ido numa feira na vida. Eu sabia o que era, mas estar em uma nunca. Fiquei em silêncio a olhando, me imaginando na feira.

Natalie: O que foi?

Priscilla: Nada!

Natalie: Nunca foi numa feira né? - Confirmei com a cabeça e ela sorriu.

Natalie: Então hoje será sua estreia.

Priscilla: Não vai me zoar?

Natalie: Por que eu faria isso? É muito natural, ficaria surpresa se você já tivesse ido.

Essa mulher não para de me surpreender. Vai ser ótimo estar com ela. Ela é agradável e me deixa estranhamente confortável. Resolvemos ir a tal feira, enquanto eu dirigia Nati foi ao meu lado lendo o contrato e fazendo anotações. Ela é perfeita demais.

Pov Natalie

O senhor Rodolfo me pareceu um homem sádico. Agora consigo entender um pouco essa arrogância da Priscilla. Não sei quase nada da vida dela. Sei que ela é casada, não tem filhos tem 30 anos e é herdeira da Pugliese Group. É esnobe, arrogante e sem noção. Mas, ela é linda, inteligente, obstinada e segura. Apesar do seu avô tentar desmotivar ela, percebi que ela se manteve firme. A proposta dele era maravilhosa, mas eu gosto de pensar no futuro. Aquele dinheiro não iria mudar minha vida. Essa experiência sim.

Estava analisando cada detalhe daquele contrato, para pensar numa estratégia boa. Tínhamos pouco dinheiro e pouco tempo. Chegamos a feira e para mim, era um ambiente conhecido. Além de morar nessa localidade, era habitual frequentar a feira. Mas para Priscilla não. Ela estava fora da zona de conforto. Meu medo era ela ser arrogante aqui e estragar uma possível parceria futura.

Natalie: Se você puder fingir ser simpática o tempo que estiver aqui, vai ser essencial. – Disse assim que chegamos a ao local da feira.

Priscilla: Eu sou simpática!

Natalie: Acredite! Não é.

Priscilla: Claro que sim. – Disse enquanto estacionava o carro.

Natalie: O que você acha que é ser simpática?

Priscilla: Você não me conhece.

Natalie: Conheço sua arrogância e isso não é simpático. – Nos olhamos por uns segundos.

Priscilla: Eu sei que eu não sou carismática igual a você. Mas não sou nenhum monstro.

Natalie: Eu não disse isso.

Priscilla: Então vamos. Eu sei me comportar.

Saímos do carro e fomos andando pela feira, fui cumprimentada várias vezes pelos feirantes que eu conhecia. Priscilla estava se comportando bem. Parecia que estava realmente interessada em olhar tudo. Como ela pareceu aberta eu resolvi ousar.

Natalie: Vamos comer um pastel e beber um caldo de cana? – Disse sabendo que ela iria negar.

Priscilla: Vamos! – Fiquei surpresa

Natalie: Achei que ia negar.

Priscilla: Estou aqui e quero muito vencer esse desafio. E só irei conseguir isso se me envolver com tudo de cabeça. Estar aqui me tira da minha zona de conforto. E para ser uma boa empreendedora eu precisarei sair da minha zona de conforto.

A Priscilla tem se mostrado bem diferente do que eu imaginava há alguns dias. Trabalhar com ela será um desafio profissional grande, mas estar ao seu lado essas poucas horas, já me fez pensar nela diferente daquele jeito que ela se apresentou para mim.

Priscilla: Você é frequentadora daqui né? Vários negociantes te cumprimentaram.

Natalie: Sim eu moro perto daqui.

Priscilla: Alice também.

Natalie: Vocês... – Interrompi a minha própria fala.

Eu ia perguntar se elas tinham um caso, mas isso não era da minha conta. Achei o jeito delas essa manhã muito estranho. Apesar de ela ser casada, sei que isso nos dias atuais não é impeditivo de nada.

Priscilla:  Vocês?

Natalie: Trabalham a muito tempo juntas? – Disfarcei

Priscilla: Três meses. E o Thales está ao meu lado há um ano.

Chegamos à barraca de pastel e nos sentamos numa mesa. Estava cheio e Priscilla apenas observava. Ela pediu todos os sabores de pastéis. Ali eu já imaginei que ela estava interessada no funcionamento.

Natalie: Eu estimo que eles devem faturar um pouco mais de R$1mil por dia e nos fins de semana deve dobrar.

Priscilla: Como você sabia que eu estava pensando nisso?

Natalie: Viemos aqui para isso, não é? – Disse e ela ficou parada me olhando.

Isso já estava se tornando um hábito, agora eu fico pensando o que ela deve estar imaginando quando me olha. Confesso que o olhar dela me deixa nervosa. Provamos os pastéis e ficamos bastante tempo na feira. Priscilla fazia perguntas algumas vezes para mim e outras vezes para os feirantes. Até que ela sabia ser simpática. E o fato de estarmos arrumadas além da conta, chamava atenção. Fizemos muitas anotações e discutimos algumas ideias por baixo. E percebi que faremos uma boa dupla.

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