Capítulo 28

311 17 2
                                    

Pov Natalie

Alice me informou que a Pri não iria vir por dois dias. Eu deveria ficar feliz por isso pois, estar perto dela e não poder tocar nela romanticamente é terrível. Mas fiquei triste de não poder ver ela. Eu já tive outros relacionamentos, inclusive o mais longo foi o Antônio e não consigo me lembrar de sentir nada tão intenso como agora.  Minha cabeça sabe exatamente o que fazer, mas ela não está conectada ao meu coração quando se trata da Pri.

A Pri já havia nos divido anteriormente, o controle financeiro e compras é com Thales, Alice em pesquisas e organização, eu com comercial e marketing e ela com tudo. Na sua ausência ela optou que todos nós soubéssemos exatamente de todas as áreas, para o caso de um de nós faltar. Hoje optamos por entender a parte financeira e a estratégia que Thales e ela montaram.  O trabalho parecia que não desenvolvia, era estranho trabalhar sem ela.

Já estava na hora do almoço e estávamos todos distraídos trabalhando, quando alguém bateu na porta e entrou.

Rodrigo: Boa Tarde!

Todos nós respondemos juntos.

Rodrigo: Vim chamar vocês para almoçar. - Disse com um sorriso.

Todas as vezes que vi o Rodrigo ele estava usando roupas casuais, porém o hoje ele estava usando um terno cinza escuro. Estava superelegante.

Natalie: Está diferente.

Rodrigo: Esqueci de contar, agora sou colega de trabalho de vocês. Sou o vice-presidente agora.

Fiquei surpresa com a notícia, pois ele parecia ser um homem descompromissado de maneira geral e assumir o lugar que era da Pri, fiquei um pouco confusa.

Natalie: Uau, isso me surpreendeu.

Rodrigo: Agora vou estar sempre aqui perturbando vocês. E aí vamos comer?

Natalie: Nós precisamos terminar aqui e não temos hora para acabar.

Rodrigo: Minha irmã está acabando com vocês. Imagina ela como presidente disso aqui. Voltaremos a escravidão.

Alice: Ela não nos obriga a nada, fazemos por queremos e gostamos todos muito dela. - Falou séria.

Eu confesso que fiquei enciumada com a resposta da Alice. A Pri mexeu comigo de forma avassaladora mesmo sem termos nada, o sentimento de posse está no meu coração. Minha mãe está certa, talvez seja melhor me manter afastada. Estou me sentindo uma louca agora.

Rodrigo: Vejo que ela tem fãs fiéis.

Natalie: Não é questão de fã. Mesmo com pouco tempo de trabalho eu já vi que ela é inteligente e obstinada. Ela montou essa equipe e confia em nosso potencial, não iremos decepcionar ela.

Rodrigo: Desculpa, não queria ofender ela e nem vocês. Eu conheço minha irmã sei que ela é assim toda workaholic. Mas vou mostrar que posso ser uma opção melhor. Tenho métodos de trabalho mais prazerosos. Vocês terão oportunidade de comprovar.

Não sei se a Pri já sabe disso, mas prevejo que ela não vai gostar disso. Do jeito que o avô deles é sádico, não duvido que ele use o Rodrigo para torturar a Pri. O pior de tudo é que não poderei nem me aproximar dela. Espero que eu esteja errada.

Alice: Desculpe senhor vice-presidente, mas precisamos voltar ao trabalho.

Rodrigo: Senti a hostilidade senhorita. Mas vou me redimir, vou pedir o almoço de vocês para ser entregue aqui.

O clima ficou meio estranho, mas ele realmente cumpriu. Mandou entregar o nosso almoço e comemos lá mesmo. No restante do dia recebemos mais três ligações de outros feirantes, minha vontade era ligar para a Pri e contar. O beijo da Pri me enfeitiçou, não é possível. Passo dia e noite pensando nela.

Na hora da saída novamente o Rodrigo apareceu.

Rodrigo: Quer uma carona?

Natalie: Você mora em Caxias?

Rodrigo: Ainda não, mas gostei do seu bairro talvez eu me mude para lá. - Disse eu ri.

Rodrigo: Qual a graça? Eu gosto da simplicidade.

Natalie: Se você está dizendo.

Rodrigo: Você vai ver com a nossa convivência.

Guardei minhas coisas e ele me levou para casa. Ele tentou me animar pelo caminho, mas fiquei em silêncio na maioria do tempo, tomada por uma tristeza que insistia em ficar. Cheguei em casa e como nos últimos dias, tomei um banho e fiquei trancada no quarto oscilando em chorar e ouvir músicas tristes. Minha mãe apesar de não ter culpa, me olhava com remorso e ficava tentando conversar e trazer mimos, mas eu realmente não tinha ânimo.    

Pov Priscilla

Definitivamente eu não teria como ficar com a Letícia, mesmo que eu não pudesse ficar com a Nati. Percebi que quando você não conhece o que é bom, você se conforma com o que tem, mas depois de sentir as emoções que a Nati me desperta, não consigo voltar a minha vida com Letícia. Tive um dia péssimo ao lado dela, até a voz dela me irrita. Sei que estou sendo injusta, mas só penso na Nati.

Conseguimos marcar a consulta com o obstetra e estamos aguardando para fazer a ultrassonografia. Não há diálogo entre nós. O nosso silêncio foi quebrado quando Thales me ligou pedindo opinião sobre um investimento. Era a oportunidade que eu precisava, precisava olhar nos olhos da Nati, nem que fosse rápido.

Priscilla: Quando acabarmos aqui, vou te levar em casa e vou dar um pulo na empresa.

Letícia: Eu vou com você.

Priscilla: Não precisa!

Letícia: Eu tenho medo de ficar sozinha.

Priscilla: Você sabe que vou precisar voltar a trabalhar, né?

Letícia: Estou me preparando psicologicamente, mas não gostaria de ficar sozinha hoje.

Priscilla: Tudo bem Letícia, eu não vou.

Letícia: Claro que vai. Nós vamos juntas. - Disse e tentou me dar um selinho e eu desviei.

Letícia: Me dá um carinho! Sou a mãe do seu filho.

Priscilla: O fato de eu estar aqui com você já é uma forma de carinho.

Letícia: Você é tão grosseira.

Priscilla: Você quer forçar algo que eu não quero. Eu estou aqui com você e isso é o que eu consigo te oferecer.

Ficamos em silêncio e logo fomos chamadas. A médica fez algumas perguntas e logo iniciou a ultra. Olhando a tela não conseguia ver nada nítido, a médica fazia algumas medições e anotações e ia nos explicando, até que chegou o momento em que iríamos ouvir o coração do bebê. Ouvir aquele som fez meu coração se aquecer. Era perfeito e lindo. Ouvir aquele som me emocionou. Letícia me chamou e segurou a minha mão e chorou emocionada. Naquele momento não era Priscilla e Letícia, éramos apenas as mães daquele pequeno ser. Esperamos o resultado e Letícia ficou toda feliz com as imagens da ultra.

Letícia: Vamos na empresa, quero mostrar ao senhor Rodolfo.

Priscilla:  Deixa para outro dia.

Eu não queria levar a Letícia na empresa e esfregar ela na cara da Nati novamente. Mesmo emocionada com o bebê, isso não mudou o fato de que eu não queria que a Letícia fosse a mãe do meu bebê. É insano, mas eu queria que a Nati estivesse no lugar dela. Não quero alimentar esse sentimento pois não será justo com o bebê. Preciso focar nele e ser uma mãe incrível, apesar de tudo.

Depois de muito insistir, fomos a empresa. Letícia foi mostrar a ultra ao meu avô, fui correndo na minha sala só para ver a Nati. Quando entrei ela estava lá apresentando nossa ideia para Thales e Alice, e ela estava linda demais. Assim que percebeu, minha presença ela parou.

Priscilla: Não quero atrapalhar. Continue.

Ela me olhou e assentiu. Fiquei uns minutos olhando aquela mulher e imaginando mil coisas que eu gostaria de viver com ela. Ela estava tão perto e tão distante ao mesmo tempo. Só olhar para ela já me deu ânimo. Mas, para evitar encontros desagradáveis resolvi ir ao encontro da Letícia.

Senhora Implacável Onde histórias criam vida. Descubra agora