Pov Priscilla
Nati ficou em silencio me olhando com um olhar indecifrável. Eu sentia meu corpo tremendo por inteiro.
Natalie: Já deveria ter imaginado que sua amiga estava mentindo quando disse que tinha algo importante para me contar pessoalmente.
Priscilla: Não me deixa aqui sozinha.
Natalie: Quem faz isso é você. Não sou eu.
Priscilla: Eu disse a verdade, eu realmente não sabia que era você. Eu achei que pudesse ser qualquer mulher que eu conheci durante a noite, estava confusa e cheia de dor, não queria lidar com explicações naquele momento.
Natalie: Isso não muda nada.
Priscilla: Como não?
Natalie: Mesmo que não fosse eu, você haveria mentido e deixado a pessoa que você passou a noite sozinha sem explicação nem um bilhete de adeus.
Priscilla: Nós transamos?
Natalie: Não! Claro que não.
Priscilla: É porque você disse. Deixa para lá. O que eu te prometi?
Natalie: Nada!
Priscilla: Então você ficou chateada porque eu não me despedi e nem liguei antes?
Natalie: Você mentiu.
Priscilla: O que exatamente aconteceu?
Um silêncio se instaurou.
Priscilla: Me conta!
Natalie: Você está falando sério mesmo?
Priscilla: Estou sendo honesta com você.
Natalie: Estávamos na mesma boate. Você estava com duas mulheres e parecia estar desconfortável. Eu te ajudei a se livrar delas, você estava bem bêbada. Eu quis te ajudar a ir para casa e você me disse que não tinha casa, que havia se separado. Te levei a um hotel e lá você me pediu para te fazer companhia.
Não parecia tão mal como eu imaginava, não a decepcionei na cama pelo menos.
Priscilla: E aí você dormiu lá no hotel comigo e eu fui embora sem nem olhar para trás. É isso? - Disse e ela me olhou hesitante.
Priscilla: Aconteceu mais alguma coisa, pode falar. Seu olhar me diz que sim.
Natalie: Você disse que eu te deixava com o coração acelerado.
Eu devo ter ficado pálida, eu me declarei para ela bêbada. Eu queria me enfiar num buraco naquele momento.
Natalie: Você está bem? Você está pálida. Quer uma água? - Disse se levantando e indo buscar.
Aproveitei esse tempinho para me recompor estou me sentindo uma estupida. Ela logo voltou com a água e um copo.
Natalie: Não tinha água importada, mas essa é mineral se alegre por não ser da torneira. - Disse com graça.
Estava tão tensa que não conseguia nem responder, bebia a água toda e Nati me olhava como se me analisasse.
Priscilla: Podemos dar uma volta? Pode ser por aqui mesmo.
Nati aceitou e ficamos andando pelo shopping num silêncio incômodo. Resolvi quebrar o silêncio.
Priscilla: E você disse o que depois do que eu falei?
Natalie: Nada.
Priscilla: Como nada?
Natalie: Você me beijou em seguida. - Disse rápido
Priscilla: Eu dormir ouvindo uma música do Lulu Santos e fiquei na dúvida se era um sonho ou se realmente nós tínhamos nos beijado.
Natalie: Não me lembro agora, mas você cantou um pedaço de uma música dele mesmo.
Priscilla: Então suponho que o beijo não foi tão ruim apesar da bebedeira e você aceitou, já que dormiu lá comigo. - Disse e ela ficou vermelha.
Priscilla: Ih, acho que você precisa de uma água também. Vou buscar. - Disse, mas ela impediu.
Natalie: Não precisa, estou bem.
Ficamos novamente em silêncio.
Natalie: Acho que isso é tudo. Agora preciso ir para casa.
Priscilla: Posso te levar?
Natalie: Priscilla, você é uma mulher casada e realmente não tenho interesse nessa vida que você leva. Eu não critico, mas não gosto disso para mim.
Priscilla: Se eu não fosse casada, eu teria alguma chance?
Natalie ficou uns segundos me olhando depois desviou o olhar. Meu coração parecia que iria saltar do peito.
Natalie: Não sei o que dizer.
Priscilla: Deixa-me te levar em casa.
Natalie: Tudo bem.
Fomos andando para o estacionamento.
Priscilla: Posso te contar algo? Eu juro que estou sendo honesta.
Natalie: Fala.
Priscilla: Quando eu tinha 10 anos de idade meus pais resolveram trabalhar nos médicos sem fronteiras. Eles resolveram deixar eu e meu irmão para ir ajudar outras pessoas a milhares de km de distância. Acontece que os dois contrariam ebola na época e morreram lá. No período que eles ficaram lá, ficamos na casa dos meus avós por parte de pai. Eles eram mais carinhosos e mais maleáveis. Mas, após a morte dos meus pais, descobrimos que nossa guarda era dos meus avós maternos Rodolfo e Teresa, eles são ríspidos e superexigentes. Cresci em meio a críticas e ordens do que deveria ou não fazer. Vi eles sofrerem muito com a morte da minha mãe e cuidar de nós deixava eles mais felizes. Sempre fiz tudo para agradar eles pois me sentia grata por eles terem nos acolhido. Diferente dos meus outros avós que sumiram sem ao menos mandar uma carta, uma ligação, sei lá qualquer coisa.
Natalie: Nossa, nem sei o que dizer.
Priscilla: Meus avós gostaram muito da Letícia e sua família e sempre repetia que eu deveria me casar com ela. Então assim eu fiz. Me casei porque isso deixaria eles felizes. Admiro muito eles, me espelhei no meu avô e cresci vendo-o trabalhando pela empresa que ele fez triplicar depois que herdou de seu pai. Minha mãe deixou um vazio e resolvi ocupar desde muito nova. Em todos os sentidos.
Chegamos até meu carro e antes de destravar o carro criei mais coragem para fazer o que eu realmente eu havia ido fazer ali. Peguei nas mãos de Nati e olhei em seus olhos.
Priscilla: Eu não menti no dia que nos encontramos na boate, aquele dia tinha desistido do meu casamento. Não quero viver assim o resto da minha vida, quero estar com alguém que me faça eu me sentir viva. Que faz meu coração bater rápido e devagar ao mesmo tempo. E pela primeira vez eu sinto isso por alguém ou melhor eu sinto isso por você.
Peguei sua mão e coloquei em meu coração que batia acelerado, Nati me olhava com um olhar indecifrável.
Priscilla: Eu sei que você não gosta de bagunça e minha vida é bagunçada, mas eu estou disposta a arrumar tudo por você. Se você me der um tempo eu me arrumo para ter você em minha vida. Eu realmente vou me separar. Mara vai dar entrada no divórcio amanhã cedo. Me dá uma oportunidade para te conquistar?
Nati me encarava como se estivesse lutando uma batalha interna. Minhas mãos apesar de estar gelada, começaram a suar. Sua mão continuava no meu coração.
Priscilla: Diz alguma coisa por favor. Estou quase...
Surpreendentemente Nati encostou seus lábios nos meus. Imediatamente me entreguei ao beijo, seus lábios eram macios e meu corpo conhecia aquela sensação. Eu nunca vou me perdoar por não ter lembrado desse beijo. Era um beijo gostoso, nossas línguas travavam uma batalha por controle, segurei em sua cintura e a trouxe mais próxima de meu corpo. Temos uma sincronia perfeita, eu queria morar naquele beijo.
Homem: Natalie Kate! - Gritou
Nos separamos imediatamente e fiquei confusa ao ver um casal a nossa frente, principalmente a mulher que me olhava brava.
Priscilla: Déborah?
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Senhora Implacável
FanfictionPriscilla Pugliese uma empresária brilhante, que sonha em comandar a Pugliese Group, a empresa da família, porém sente a necessidade de sempre agradar os avós. Natalie Smith mulher batalhadora que traça objetivos bem concretos na vida Entre seus ob...