29 - A Última Viagem de Trem

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Não posso ficar triste agora.

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Quando Olívia entrou, Josh estava sozinho no dormitório da Corvinal, sentado sobre o carpete, segurando uma garrafa de Whisky de Fogo. Havia olheiras profundas sob os olhos dele. Seu cabelo estava um nojo, e Olívia não tinha muita certeza de que ele tinha trocado de roupa desde o dia em que ela o mandara para a Sala Precisa.

— Eca. — Ela retirou a capa de invisibilidade. Josh sequer se mexeu. — Por que Audrey se apaixonou por você mesmo? Você está um nojo.

Josh não respondeu. Não olhou para ela. Apenas ergueu a garrafa e bebeu mais um gole.

Olívia abraçou a capa contra si, olhando para ele.

— Eu estive na enfermaria o dia todo, praticamente. — Olívia resolveu contar, enroscando o dedo no tecido da capa. — Jessie, George, Sirius e Aluado saíram para ajudarem com as buscas da Audrey e do Marcel, e não voltaram até agora. Harry, Rony, Hermione e Gina estiveram me fazendo companhia. Você... você não foi me ver.

Josh seguiu sem responder.

— Eu senti a sua falta. — Olívia falou.

Suas palavras receberam mais silêncio em resposta.

— Se você está com raiva de mim, pode me dizer. — Olívia suspirou. — Eu mandei vocês para a Sala Precisa, eu fiz isso com eles. Eles estão desaparecidos por minha culpa. Pode gritar comigo, se você quiser, só... por favor, não faz isso de castigo do silêncio, é insuportável.

Josh olhou para ela, com os olhos cheios d'água.

— Por favor. — Olívia pediu, sentindo sua garganta apertar. — Não pode me deixar nessa sozinha. Josh, eu preciso de você.

— Não vou gritar com você. — Josh disse, rouco. — A culpa não é sua, é minha.

Olívia não entendeu.

— Por que raio de motivo a culpa seria sua?

Josh não conseguia olhar para ela.

— Tem uma coisa que eu preciso te contar. — Ele disse. — Uma coisa que Marcel estava tentando descobrir como falar, mas ele não está aqui para isso, então... acho que eu preciso te contar.

— Não conta.

Josh olhou para ela, surpreso. Olívia se sentou ao lado dele, abraçando os joelhos contra o peito.

— O quê? — Josh perguntou.

— Você vai falar sobre a Maeve, não vai? — Ela inspirou fundo.

Josh arregalou os olhos.

— Você sabe sobre a Maeve?

— Mais ou menos. — Olívia disse.

— Mais ou menos quanto? — Josh estava sentindo seu coração na garganta.

— Não muito, mas o suficiente.

— E o que isso quer dizer?

— Marcel às vezes diz muita coisa, sem dizer nada. — Olívia tinha o olhar distante. — Quando você consegue sentir o jeito como às pessoas se sentem, às vezes você descobre muita coisa, mesmo sem a informação inteira. Eu não sei como ela é ou o que ela fez, mas eu sei como ele se sente quando ela ou qualquer coisa relacionada a "família" é mencionada. É suficiente.

— Como ele se sente?

— Eu não sei explicar a sensação. — Olívia inspirou. — É como se a mente dele ficasse... escura. É como... ser atacado por um dementador, eu acho. É como se a família dele fosse um buraco negro, sugando-o até não sobrar mais nada.

OLÍVIA POTTER [6]Onde histórias criam vida. Descubra agora