24 - O Medalhão de Slytherin

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É o Medalhão.

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O mar enluarado e o céu de estrelas estava diante deles. Olívia estava parada no alto de uma rocha escura, sob a qual a água espumava e se revolvia. Às suas costas, erguia-se um penhasco, escarpado, negro e indistinto. Era uma paisagem desolada e agreste; a monotonia do mar e da rocha sem árvore, capim ou areia a interrompê-la.

— O que acham? — Perguntou Dumbledore.

— Era para cá que eles traziam os garotos do orfanato de Riddle, não é? — Harry perguntou.

— Não é muito charmoso. — Olívia opinou.

— Não era bem para cá. Há uma aldeiazinha a meio caminho dos rochedos às nossas costas. Acredito que traziam os órfãos para tomar um pouco de ar e ver as ondas. Não, acho que apenas Tom Riddle e suas jovens vítimas algum dia visitaram este lugar. Trouxas não poderiam chegar aqui, a não ser que fossem alpinistas excepcionais, e barcos não podem se aproximar das pedras; as águas ao redor são muito perigosas. Imagino que Riddle tenha descido; a magia teria sido mais útil do que as cordas. E trouxe com ele duas crianças pequenas, provavelmente pelo prazer de aterrorizá-las. Acho que só a viagem em si teria bastado, não?

Olívia tornou a erguer os olhos para o penhasco e sentiu arrepios.

— Mas o destino final de Tom, e o nosso, fica um pouco mais adiante. Vamos.

Dumbledore fez sinal para se aproximarem da borda da rocha em que vários nichos pontudos serviam para apoiar os pés e davam acesso às pedras arredondadas e semissubmersas na água junto ao paredão rochoso. Era uma descida traiçoeira, e Dumbledore, ligeiramente estorvado pela mão murcha, movia-se com lentidão. As pedras mais abaixo escorregavam por causa da água do mar.

— Professor. — Harry chamou. — Esqueci de perguntar: por que o senhor deu uma ordem para todo mundo ficar nas salas comunais?

Olívia observava o diretor, esperando pela resposta.

— Por segurança, apenas. — Dumbledore suspirou. — Os tempos estão ficando cada vez mais traiçoeiros.

— Hum. Falei com Draco Malfoy hoje. — Olívia disse, alto o suficiente para o diretor conseguir ouvir. Ela podia jurar que ele virou a cabeça um tantinho em sua direção, interessado no que ela falava. — Ele disse que eu tinha que obedecer o toque de recolher, como se alguma coisa fosse acontecer em Hogwarts.

— Quê?! — Harry arregalou os olhos.

— Estranho, não?

— Não se preocupem com isso. — O mais velho não pareceu dar importância ao que ela acabara de falar. — Agora, apenas foquem na nossa missão, deixem os problemas fora daqui para outra hora. Lumus. — Disse Dumbledore, ao chegar à pedra mais próxima do paredão.

Centenas de pontinhos de luz dourada faiscaram na superfície escura do mar a menos de um metro abaixo do lugar em que estava agachado; a parede negra do rochedo iluminou-se também.

— Estão vendo?

O diretor ergueu um pouco mais a varinha. Olívia viu uma fissura no penhasco onde a água escura remoinhava.

— Vocês não se importam de se molhar um pouco, não é?

— Não. — Harry disse. Quando viu a careta de Olívia, acrescentou: — Para de ser fresca.

— Então, tirem as capas, não é necessário agora, e vamos dar um mergulho.

E, com a súbita agilidade de um homem mais jovem, Dumbledore escorregou pela pedra, caiu no mar e começou a nadar de peito, com movimentos perfeitos, em direção à fenda na face do penhasco, a varinha acesa presa entre os dentes.

OLÍVIA POTTER [6]Onde histórias criam vida. Descubra agora