Puro

28 2 11
                                    

A presença do vampiro é estranha. 

Bleeim observa Drácula e Alucard, ambos em silêncio. Os dois estão em pé, um diante do outro no salão principal da base conforme se olham. Com o mesmo cabelo claro e levemente comprido, a presença do pai de seu aliado possui uma aura estranha.

–Você mudou. –Ele diz, subindo um pouco o rosto enquanto a sua pele branca brilha um pouco. A capa cinza, camisa e calça preta parecem emanar uma força estranha. 

–Olha quem fala. –Alucard fala enfiando as mãos no bolso, evitando um aperto de mãos. Os vampiros inferiores ao redor parecem nervosos com a situação, estalando os dedos e movendo-se em leves movimentos. 

–Bem, diga logo o que quer. –O vampiro mais velho diz abrindo os braços.

–Uma aliança. –Drácula ri. Bleeim sente-se extremamente desconfortável ali, observando o ser abaixar a cabeça e balançar o rosto, controlando a gargalhada enquanto Alucard permanece quieto, sem sequer ter mudado o próprio semblante.

–Um motivo para eu aceitar, quero um. –Ele diz, também enfiando as mãos no bolso em uma clara imitação.

–Você será atacado pelo N. 

Silêncio. Eles permanecem quietos, trocando olhares gélidos enquanto o clima fica ainda pior. Bleeim permanece quieto, trocando olhares entre ambos sem entender nada, sem sequer saber quem é N.

–Mentira. –Drácula fala depois de muito tempo.

–Você será o primeiro alvo das Calamidades. –Alucard continua, voltando os olhos para Bleeim. –N vai atacar sua base e em seguida vai vir atrás de mim. G vai tentar varrer o plano dos mortais enquanto H arregaça os Titans mais novos. 

–Impossível. –O pai dele fecha a cara, também encarando o ruivo. –O que deveria me fazer acreditar nisso?

–Você sabe. –Alucard fala, voltando os olhos na direção de Drácula. –Estão tentando trazer ele de volta.

–É impossível. –O vampiro grunhe desviando o olhar. 

–Guilherme está com eles. –Alucard fala e os olhos de seu pai arregalam. –É possível.

–E por que os meus reinos? –Ele questiona.

–Porque o selo está neles. –Drácula exclama um palavrão, sem sentir nenhum traço de mentira no filho. –E você não consegue lidar nem com um Niatit, assim como eu não consigo. Então, por isso, venho aqui oferecer uma ajuda junto a nosso caro Bleeim, precisamos unir forças.

Eles olham para o ruivo, ainda processando tudo e, sem saber o motivo, sorri. Os dois voltam a se olhar, numa conversa silenciosa e o homem tomba a cabeça, ainda com o péssimo sentimento no peito.

–Qual é a condição? –Drácula questiona.

–Compartilhar sua tecnologia com nossos centros de pesquisa. –Outra pausa, Bleeim continua sem entender o porque de uma ajuda precisar de outra ajuda e ele suspira. –Qual é, você tem os melhores armamentos da criação, eu os melhores centros de pesquisa e pesquisadores, tudo o que for produzido também vai ir pra tu. Todos ganham. 

–E onde esse, humano, entra? –Questionando ao encarar o defensor, a clara raiva na voz dele sequer é disfarçada e Alucard sorri.

–Ele é nosso aliado principal junto ao seu grupo, os defensores. Basicamente, nosso trunfo. –O ruivo balança um pouco a cabeça, gostando da analogia e o vampiro grunhe baixinho. –Não precisa questionar a força deles, foi ele que derrotou Tobias.

A informação pega a criatura de surpresa. Pensando um pouco, ele volta a analisar Bleeim que continua imovel, não gostando de lembrar daquela batalha. Os segundos passam, outro suspiro escapa dele e o Imortal balança a mão.

Crónicas de Pepper, Os Defensores do Multiverso.Onde histórias criam vida. Descubra agora