Verões de 2009 e 2010.
Era verão, mas não importava mais qual fosse a estação.
Primavera, inverno, outono. Todas carregavam em si um único sentimento: confusão.
Helô estava perdida, confusa e indecisa. Os dezesseis anos foram definitivamente complicados. Ela gostava de sempre dividir por compartimentos as incógnitas de sua mente, gostava de fazer listas de prós e contras e organizar planilhas - nada a deixava mais em paz do que suas planilhas.
Mas, agora, nem sua mania de compartimentalizar para conquistar estava funcionando.
O ano do vestibular era o próximo, ela não sabia por qual curso optar, não sabia como sobreviver às provas e a pressão que ela mesma colocava em seus ombros - não seus pais, não seus irmãos. Apenas ela.
Ah, e mais um fator.
Ela tinha uma séria suspeita de que estava apaixonada por seu vizinho.
Helô só sentia que havia algo diferente no ar. Algo diferente no céu. Uma nuvem carregando coisas desconhecidas, mas que faziam presença bem abaixo de sua epiderme, marcando todas as suas sensações tópicas.
Ela queria poder explicar para si mesma o que significava o fato de que não queria vê-lo com mais ninguém que não fosse com ela, gostaria de poder entender por que queria tê-lo com ela a todo tempo, rindo de suas piadas, escutando ela falar de suas preocupações sobre o curso que queria seguir.
Ela queria mesmo ser uma advogada, como ele queria ser? Como seu pai queria que ela fosse? Helô tinha tantas coisas em sua mente, e sentia que poderia compartilhar tudo com seu vizinho. Queria fazê-lo.
Mas não sabia como falar sobre o assunto. Não quando ele se posicionava do outro lado do salão com aquela postura de quem sabe exatamente o efeito que possui, ou quando deixava que outras garotas se aproximassem dele como se quisessem tudo, menos sua amizade.
E tudo que rodeava aquele lugar estava resumido em hormônios.
Por que ela tinha vindo até essa festa? Por que não havia ficado em casa estudando?
Bem, pra isso ela tinha resposta. Maitê, novamente, com seus caras mais velhos e com cara de cavalo.
Sim, ela questionaria o gosto da amiga.
Desde sua última briga, Maitê fez de tudo para estar perto dela novamente e, juntas, elas fizeram um pequeno inferno na vida do babaca que falou mal da morena e de sua família. Helô a havia perdoado, mas é como dizem: você perdoa, você esquece, mas você nunca deixa ir, de fato.
Maitê queria que ela fizesse uma avaliação de todos os caras com quem saia, e Helô nunca condicionaria a amiga a essa situação, mas tinha que admitir que o dono da casa em que estavam não era uma má pessoa em seu conceito, embora fosse feio.
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Drops of Jupiter
Fiksi PenggemarHelô e Stenio descobriram o amor conforme a terra completava voltas ao redor do sol. Desde muito cedo, os anos fundamentaram bases que nem o céu poderia derrubar. Ou, era isso o que pensavam. Nenhum dos dois jamais poderia prever o que aconteceu na...