Capítulo 3.

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A riqueza, na maior parte do tempo, não está nas moedas inanimadas de ouro e prata; a maior delas pode estar no fato de ainda ter alguma razão considerável para
continuar vivo.

A voz da criatura lhes causava um frio indomável na barriga. A aversão do dragão perante a raça humana era notável e indescritível.

Eram seis contra um monstro.

Eles estavam paralisados, surpresos demais para saírem de seus esconderijos, mas a criatura podia sentir aquele cheiro e presença humana tão perto que se enfurecia cada vez mais.

Havia ódio até no céu de sua boca, repleta de dentes pontiagudos capazes de estraçalhar qualquer ser com vida ao alcance.

Algo dentro de Jungkook estranhamente se remoía em suas entranhas, seu animal interior uivava desesperadamente a cada palavra dita no timbre rouco, a cada maldita lufada de ar que saía das narinas imensas do monstro.

— Uma vez — o Dragão voltou a dizer —, provei da carne e da luxúria nojenta que humanos exalam com suas existências pequenas e insignificantes. Não são tão deliciosos ao meu paladar, porém, aprecio muito uma morte lenta de uma alma pecaminosa e grotesca. Sinto-me o próprio Carma agindo em um caos divino.

Um rosnado escapou de Jungkook.

— Eu não tenho medo — o alfa sussurrou baixo para si mesmo, tentando se encorajar para o possível combate.

Uma risada sarcástica e vibrante  escapou  do  peito  do  Dragão.

Aqueles pequenos seres cruéis faziam piadas incompreensíveis. O Rei estava com tanto medo que as pontas de seus dedos vibravam ao tocar a própria espada.

O Dragão podia senti-lo quase chorar.

— Se não estás com medo, forasteiro, se te garantes por trás de teu brasão e título real, por que ainda te escondes detrás de meus tesouros?

Jungkook pôde sentir seu sangue flutuar por seu corpo em meio à pequena paralisia que sentiu quando sua armadura foi puxada pelas garras enormes da criatura escamosa.

Era o mais próximo.

Ele vibrou assustado ao ouvir mais uma risada escapar do Dragão, quando aqueles olhos enormes e dourados o fitaram com uma imensidão traiçoeira.

O Dragão havia-o pegado como se fosse apenas uma formiguinha frágil. Perguntava-se como teria chances no confronto se aquilo tinha o tamanho de uma muralha, e até seu hálito podia queimá-lo se chegasse mais perto.

— Teus lábios tremem junto ao teu corpo. Consigo até sentir um pingo de misericórdia por ti, teu medo transborda na velocidade de teus batimentos. Tu não és uma alma ruim, mas não deixas de ser um humano, acima de tudo.

Jungkook esqueceu-se de como pronunciar uma frase completa perante a magnitude daquele ser. Ao mesmo tempo que sua beleza exótica e o contraste de suas escamas douradas o hipnotizava, um gesto em falso e sua vida seria em vão.

Ele não imaginava que seu fim se daria de maneira tão covarde.

Não tinha conhecimento da magnitude real daquele dragão; as páginas dos livros antigos e relatos tratavam a grandiosidade do ser de escamas douradas com eufemismo.

Erguer a espada para o animal era como o ameaçar com uma fina agulha de costura.

— Tu e teus amigos terão uma chance de sair de minha fortaleza ainda com  vida. Primeiro, deixem vossos pertences, todos eles, e saiam sem nada, da mesma forma que chegastes e partireis deste mundo, sem nada material para cobrir vossos egos, apenas vossas peles vos protegerão do frio infernal do lado de fora.

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