Luzes

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- Luxanna ainda não retornou, Andrea? - Perguntou uma mulher de longos cabelos avermelhados sentada em uma poltrona na frente da janela. - Já fazem horas...

- Não madame, ela disse que a exposição iria demorar para acabar.

- Me admira que seja apenas isso, se ela não estiver na sessão de outro artista eu não teria o que comentar. - Comentou tomando um pequeno objeto em mãos. - O corpo de seu pai nem esfriou em seu túmulo e essa garota nem ao menos finge se importar com ele.

- Não acho que ela não se importe, se ao me-

- Alguém lhe perguntou alguma coisa Andrea?

- Não, senhora.

- Você deve estar com muito tempo livre para guardar os recadinhos de Luxanna, vou lhe dar o trabalho que você merece.

- Mas senhora, o meu tem-

- QUIETA! - Vociferou a mulher. - Você vai buscar Luxanna seja lá onde ela estiver, Garen retornará esta noite e eu quero que ela esteja ao menos apresentável. Está entendido, Andrea?

- Sim senhora... - Respondeu a menina em voz baixa.

- Ah, leve este acessório ridículo com você. - Disse por fim a mulher, arremessando um pequeno broche de sol, este que era utilizado por Luxanna em ocasiões especiais. - É para lembra-la de que ela não tem escolha.

- Sim senhora.

Andrea viu a mulher relaxar seu corpo na cadeira, como se tivesse se livrado de um grande problema. Quem a vê assim, totalmente relaxada, não pensa que a senhora Crowguard era a perfeita obra do inferno. Seria tão bom se ela continuace assim...

- Ainda está aqui imprestável? Eu não acabei de lhe dar um trabalho?

- Ah, perdão senhora, já estou a caminho.

- Ninguém merece, os empregados eram melhores quando podiam ser diretamente punidos por sua inutilidade. - Terminou a mulher relaxando seu corpo novamente, mas logo tensionou seu tronco para frente, situações assim tendem a deixar uma marca bem forte em quem as vive... Bom, era assim em sua percepção. - Ótimo, a única coisa que uma mulher cansada precisa é de uma dor de cabeça.... LUCY, TRAGA-ME UM REMÉDIO, AGORA! - Gritou a madame ainda sentada em sua poltrona, aguardando. Até que percebeu uma coisa em sua residência... - LUCY! ONDE ESTÁ VOCÊ SUA INÚTIL!? - Ela percebeu que o horário passava das 17:30, sua casa estava vazia. - Ora, eu relamente devo fazer tudo nessa casa.

...

- Eaí ele caiu em um buraco e ficou com as perninhas balançando hahaha - Luxanna gargalhava enquanto contava uma de suas aventuras na companhia de seu irmão. - Nesse dia ele ganhou uma cicatriz bem no topo da cabeça, que fica escondida naquele cabelo podre. - Finalizou sorrindo. - Desculpa se isso está sendo meio chato, eu não costumo sair com pessoas assim.

- Não, está sendo um dia ótimo, o melhor dos últimos tempos, acredite. - Respondi virando meu copo de refrigerante. - E o seu irmão parece ser hilário hehe

- É, ele é haha. - Respondeu a loira virando o que restava de sua cerveja. - Tem irmãos Jinx? - Meus olhos passaram de um sorriso a uma centelha perdida enquanto a garota fazia sua pergunta. Eu aposto que, se não estivesse um pouco "alta" nas doses, ela teria percebido antes que o clima havia mudado. - Tá tudo bem?

- Ah... - Meus olhos se voltaram para o líquido em minhas mãos. - Tá, tá tudo bem sim... - *Silêncio constrangedor*.

- Desculpa... eu não queria fazer você ficar desconfortável.

- Não, tá tudo bem... Eu eh... - Como responder isso?... - Eu... tinha irmãos... A muito tempo atrás. - Sinceramente, espero ter sido uma boa resposta.

- Oh, estão afastados? - Perguntou colocando seu copo sobre a mesa.

- Sim... A vários anos.

- Sinto muito por isso Jinx... - Ela me olhava com pena... Eu odeio esse tipo de olhar... - Tenho certeza de que vão se ver em breve. - Ela continuava a me olhar daquela forma, mas dessa vez sua mão estava sobre a minha... Bom, mesmo não gostando de seu olhar, gostei de sentir sua mão sobre a minha novamente, era reconfortante. Mas não podíamos continuar com essa conversa.

- Eu espero que eles fiquem longe... - Disse retirando minha mão de seu aperto. - Mudando de assunto Luxy, eu realmente não imaginava que seu lugar especial era um barzinho perto da praça suspensa. - Disse com um sorriso... Ela parecia meio triste, talvez por meu afastamento...

- Olha, na verdade o bar não é o lugar especial. - Ela corou quando respondeu. - É o que podemos ver daqui... - Ela sorriu escondida... fofo.

- Aé... E o que podemos ver daqui? - Perguntei sugestivamente.

- Hunm... ah, sabe que Piltover tem um evento relacionado a ciências e invenções certo? - Acenei positivamente enquanto ela terminava seu copo. - Eu não sei muito sobre, mas sei que por um momento a cidade inteira fica imersa em escuridão... - Isso era verdade, eu nunca entendi. - Mas dessa vez, terão luzes no céu... Eu queria muito vê-las com alguém especial.

- Alguém especial? - Respondi curiosa. - Não faz um dia que nos conhecemos Luxy... Como posso ser alguém especial?

- Você é especial, basta olhar para você... - Disse com aqueles olhos enigmáticos... Não sei o que sentir...

- Lux, Lux... O álcool deve estar dando esse efeito... - Digo simples, mesmo sabendo que Luxanna não bebeu mais do que um ou dois copos de cerveja.

- Eu concordaria se estivesse bêbada, mas como não é o caso... - Disse se levantando. - Vamos assistir juntas, Jinxye. - As luzes se apagaram e Luxanna segurou minha mão... O que era essa sensação?... Estou com frio na barriga, mas não estou com medo... Essas são as famosas borboletas no estômago?... Ela me guiou até as grades ao redor da praça, sua mão esquerda segurava minha mão enquanto seu braço direito rodeava minha cintura.

- A contagem já vai começar... - Ela sussurrou em meus ouvidos e no mesmo momento as pessoas ao nosso redor começaram a contar...

Dez!

Eu sentia seu perfume... estava delirando.

Nove!

Eu não queria que esse dia acabasse... Como agradeço...

Oito!

Seus olhos... Seus lábios...

Sete!

Meus olhos... Meus lábios...

Seis!

As pessoas aguardavam ansiosas os fogos... Mas esses explodiam dentro de mim naquele momento...

Cinco!

Que mulher...

Quatro!

Ela olhava ansiosa para o horizonte... Esse era realmente o dia do progresso.

Três!

Meus olhos estavam em seus cabelos... Seus lábios... Seus olhos...

Dois!

Ela era mais alta que eu, sua respiração batendo em minha orelha...

Um!

Alguém especial...

Feliz dia do progresso!!!! - Explodiu no céu gigantesco...

Todos comemoravam...
Mas eu, apenas eu, comemorava o som de sua risada ao testemunhar as diversas cores daquele céu enquanto ela dava cor ao meu mundo.
Ao meu novo mundo.

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