𝟎𝟒 | 𝒈𝒓𝒂𝒄𝒆

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Duas semanas depois 

Bunker

Delilah Carpentier

Olhei para a xícara de café vazia e para os vários livros abertos ao redor do meu notebook. Eu não podia diferenciar o que era o que. Me joguei contra o encosto da cadeira suspirando alto. O relógio bateu 2 horas da manhã. Os rapazes ainda não tinham voltado e eu não queria mais olhar para aqueles livros. Às duas últimas semanas foram confusas e um pouco solitárias, eu meio que estava proibida de sair do bunker até estar seguro, o que significava que eu podia só ir à porta principal, me despedir e voltar para dentro. Os rapazes estavam caçando qualquer pista que encontravam, o que deixavam meus dias solitários, pois eles sempre estavam na estrada.

Eu, por outro lado, me encontrei na pesquisa, nos livros, até em receitas, em qualquer coisa que fosse me distrair e não me deixasse com a mente vazia. Na maioria das vezes eu dormia no sofá da sala durante a noite, o quarto me dava a sensação de solidão.

Fechei o notebook e decidi me levantar. Depois eu ia terminar de pesquisar o capítulo do diário. Fui até a cozinha, lavando a louça que deixei. Eu poderia até imaginar um pouco de normalidade em lavar a louça ou ficar estudando, mas ela sempre estava lá, a angústia, o pensamento de que esse pouco de 'normalidade' não era real e isso só me deixava ainda mais ferrada. Sequei as mãos no pano e apaguei as luzes.

Parei antes mesmo de trocar de ambiente, senti algo estranho, uma sensação quase como um pressentimento bizarro. Peguei a arma na minha cintura — nunca que eu ia ficar sozinha desarmada, mesmo que fosse no ''lugar mais seguro do mundo'' — e apontei para frente. As luzes se apagaram. Um apagão.

— Merda — Falei baixinho para mim mesma — Era só o que me faltava agora.

Eu não podia negar, dentro de mim, no fundo, ainda havia uma eu de 6 anos que tinha medo do escuro e de monstros debaixo da cama. Só que agora os monstros eram reais e a escuridão queria me perseguir.

Caminhei lentamente pelo bunker com a arma em mãos, apontando para qualquer coisa que pudesse aparecer na minha frente. Ouvia o barulho dos meus pés contra o solado e o maldito 'tique-taque' do relógio. Ao chegar mais perto da sala, eu podia ver — ou melhor, sentir — um vulto pelo cômodo. Meus pêlos da nuca se arrepiaram e no mesmo momento que ia apertar o gatilho, a energia do bunker volta me dando um belo susto.

— CASTIEL — Ele apareceu no lugar do vulto. A arma estava em minhas mãos ainda. Meu coração estava acelerado. — E o nosso combinado de 'não entrar antes de avisar para não me matar do coração?' — Falei exasperada.

— Desculpa, eu estava querendo entender porque estava tão escuro — Ele se aproximou confuso — Você está bem? — Castiel procurou feridas ou machucados em mim com os olhos.

O anjo, tem vindo me visitar quase todos os dias por preocupação — palavras dele, mas eu sabia que Dean tinha pedido para ele ficar de olho em mim. E quase todos os dias ele quase me mata do coração por essas aparições repentinas. Mas, ele era bem legal para um anjo.

— Eu estou bem, só não estava te esperando essa hora — Respondi olhando de lado com dúvida, abaixei a arma mas ainda a segurava — O que você está fazendo aqui a essa hora? Achei que os anjos guardassem o sono de criancinhas durante a noite.

— Alguns anjos fazem isso, mas eu estou aqui por coisas que eu descobri — Ele olhou em volta e me olhou de novo — Cadê eles?

Como se soubesse, a porta principal fez um estrondo e os rapazes apareceram na porta carregando várias bolsas.

Descendant | Dean WinchesterOnde histórias criam vida. Descubra agora