𝟏𝟐 | 𝒔𝒐𝒖𝒍

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Dean Winchester

Me deitei ao lado de Delilah. Todos me olhavam atentos. Eu sabia do risco que corria. Da chance de eu me perder com ela, mas eu estava confiante. As velas iluminavam o ambiente, criando sombras dançantes nas paredes. Rowena com o seu jeito imponente de ser, começou a recitar palavras antigas do ritual e a gesticular. Seus olhos estavam fechados. As chamas das velas começaram a mexer mais rápido e o ar começou a ficar pesado.

Fechei os olhos me preparando para o desconhecido. Uma força invisível me puxou e me assustei. Abri os olhos me encontrando em outro lugar, agora eu estava em um corredor escuro e longo. Manchas de sangue manchavam as paredes, meu coração acelerou em pensar que poderia ser o sangue de Delilah.

Ao mesmo tempo que pensava nela, eu sentia um impacto emocional de sentimentos e memórias me atingindo. Cada cena passando no meu olhar. A dor, a culpa, o medo. Tudo isso eu estava sentindo intensamente. Era a alma dela.

Eu estava conectado ao interno dela. A parte que ninguém consegue ver, ou até mesmo imaginar. Aquilo tudo, nada mais era do que a parte mais verdadeira e pura de uma pessoa. Algo que só anjos e demônios maiores conseguiam acessar.

Eu e Delilah agora estávamos conectados.

A atmosfera estava carregada de tudo que Delilah havia vivido e estava sentindo. Aquele corredor, era uma metáfora, um lugar representando o emaranhado de emoções que ela sentia. A cada passo que eu dava, eu me sentia mais sufocado, não por falta de oxigênio, mas pela pressão dos sentimentos.

Delilah não falava muito sobre seus sentimentos, seus medos, inseguranças, ela já havia se mostrado que não gostava de se mostrar vulnerável. Mas estar ali, ligado a ela, sentindo tudo o que ela vem carregando nos últimos tempos, me faz perceber que ela é a pessoa mais forte que já conheci.

As luzes eram de tom amarelo e iluminavam todo aquele corredor escuro, sujo e sangrento. O corredor parecia não ter fim, e a partir de um momento ele começou a ter bifurcações que levam a várias direções para outros corredores, tudo aquilo se parecia mais como um labirinto.

Após me virar em mais uma direção e parecer que não teria fim, ouvi um barulho de choro. Não precisei pensar para saber de quem era aquele choro. Comecei a correr em direção ao som, me virando em diferentes direções. Eu não podia me dar o luxo de pensar, eu precisava correr, agir mais depressa, estávamos ficando sem tempo. Cada vez mais, o corredor atrás de mim ficava mais escuro, era como se a escuridão quisesse a consumir.

A encontrei, no final de um corredor, abraçando as pernas e soluçando alto. Com a mesma roupa de setealém, machucada e suja. Ela parecia uma menina perdida.

 Me aproximei devagar, sentindo sua dor mais intensamente. As memórias da perda da sua família, o medo, a culpa, as mortes, as lembranças tristes e as lembranças felizes. Tudo aquilo me fazia querer reagir da mesma forma, sentar e chorar alto, mas eu não estava ali por mim, estava por ela e não podia deixar ser distraído por essas emoções, a precisava levar de volta para casa.

Ela levantou a cabeça por um momento meio desnorteada e foi quando me viu. Seu olhar triste passou de surpresa e incredulidade.

— Dean? — Sua voz estava embargada. Me olhou confusa, como se não acreditasse no que estava vendo — O que você está fazendo aqui? Achei que estivesse morto...

Então eu entendi, o sentimento que ela passou me fez entender. O sangue do corredor não era dela e sim o meu e de todos que já morreram ou ela achava que iria morrer por culpa dela.

— Oi Delilah — Me aproximei lentamente, com medo dela se assustar e sair correndo — Estou aqui para te tirar desse lugar.

Ela me olhou de cima a baixo e depois para o corredor e para si mesma. Olhou para as palmas de sua mão, não acreditando na realidade.

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⏰ Última atualização: Nov 16, 2023 ⏰

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