․⚬་◦➣ AQUELA CONVERSA.
( PONTO DE VISTA DA RAVENA. )
─ Dean... ─ Eu começo, tentando esconder a sensação agoniante que crescia no meu peito. ─ Eu ia te contar.─ Quando!? ─ Ele se vira, e eu posso ver os seus olhos lacrimejarem. Era profundamente estranho ver ele vulnerável, porque o loiro costumava se esconder sob uma casca grossa de sarcasmo e bom-humor, até mesmo quando estava mal-humorado.
Eu sempre me senti muito sortuda de poder ter acesso a isso, mas não a isso. Porque o motivo de ele estar vulnerável de uma forma tão negativa era eu.
─ E-eu...
─ Não acha que eu tinha o direito de saber que eu tenho um filho? Porra Ravena! ─ O seu tom de voz se eleva, e eu me sobressalto para trás. Posso ver parte dele tentando conter isso, mas é profundamente errado. É profundamente errado ele continuar tentando ser bom e compreensível quando ele tem o direito de ser exatamente o oposto.
─ Você está certo. Me desculpa, eu...
─ Você queria abortar! Eu pedi para que tivéssemos ele, e você disse que não. Eu tenho certeza de que você lembra daquela noite tanto quanto eu. Nós brigamos pra caralho porque você não queria essa criança, e agora estão me dizendo que você teve ele, sem mim.
─ E-eu...
─ Que merda! ─ Ele me interrompe, mas eu não consigo ficar brava.
Todo o ponto de vista dele é extremamente compreensível. Dean havia insistido para levarmos a gravidez adiante, e eu disse que não. E depois de dizer 'não', eu ainda saí pela porta da frente do motel onde estávamos, sem deixar qualquer chance de mais esclarecimento com ele, depois da briga mais assustadora e marcante que tive na minha vida.
E eu me sentia, naquele exato momento, como se tivesse voltado para lá, para aquela noite de merda onde eu perdi o meu melhor amigo e amante.
Podia sentir os meus olhos começarem a arder, e estava ficando quente e apertado ali dentro, como se o quarto estivesse diminuindo. Quando minha respiração falha um pouco, eu sei que estou prestes a chorar.
─ Eu não sei porque voltei atrás, eu acho que queria ter ele, mas não queria que ele tivesse essa vida. E eu não queria que você tivesse que abandonar o Samuel, ou que eu tivesse que me distanciar do Raphael. Eu não tive muito tempo para pensar quando soube da gravidez. Dean, você precisa me entender...
─ Me diz como! ─ Ele gesticula com as mãos, se aproximando de mim por um momento. Eu podia enxergar seus olhos se tornando um pouco vermelhos, e eu sabia que ele estava segurando o choro.
─ E-eu não sei! Eu não queria destruir a sua vida. O mundo que você conhecia.
─ Você era o meu mundo, Ravena! Porra, eu nunca ia dar as costas pra você, principalmente em uma situação dessas. Você me traiu!
A última frase me atingiu como um soco. Eu sabia o que tinha feito, sabia que fui estúpida ao tentar me esconder de alguém que se comprometeria em cem por cento a me ajudar, mas... Dean agora estava chorando, sem nenhum filtro, nem nenhuma camada de proteção. Dean me odiava, ou estava quase lá.
─ Eu sinto muito Dean. Eu sinto muito mesmo. Eu queria te contar.
─ Quando!? Quando ele tivesse dezoito anos, ou quando ele achasse viável perguntar sobre o pai nos seus trinta anos? Eu poderia morrer sem saber que tinha um filho meu!
Dean passa as mãos pelos cabelos, puxando os fios loiros para trás em um ato óbvio de estresse. Ele se sentou na cama do hotel, cobrindo o rosto vermelho com as mãos, mas eu conseguia escutar os soluços.
─ Eu queria contar desde que nos reencontramos. Mas nunca parecia apropriado. ─ Agora eu me permito sentir as coisas em minha própria pele: As lágrimas quentes escorrendo por minhas bochechas, a lateral da cabeça doendo, as mãos suando e tremendo, e eu me segurando ao máximo para não desabar. ─ Dean, eu só não queria que isso atrapalhasse a gente...
─ Mas atrapalhou. Atrapalhou pra caralho. Principalmente porque estão caçando essa criança. ─ Eu queria ir até ele. Queria me sentar ao seu lado no colchão velho daquele móvel barato e limpar cada maldita lágrima. Queria abraçar ele e pedir desculpas até que ele se cansasse de toda a briga, até eu perder a porra da minha voz... Mas eu não podia.
─ Aurora está cuidando dele. A gente tem tempo até alcançarmos ele.
As suas sobrancelhas se curvam, e o rosto dele está úmido. Os olhos estão tão vermelhos que eu sinto vontade de me estapear por ter feito isso com ele. Mas então a ficha cai. O motivo de sua confusão é porque ele achou que minha mãe tinha morrido.
─ Quantas mentiras você me contou!?
─ Eu não... Dean eu não sabia como desmentir aquilo.
─ Você teve muitas oportunidades, Melvac.
─ Dean, por favor...
─ Puta que pariu! Eu tô tão irritado com você nesse momento. E eu me odeio por isso. Me odeio por odiar você.
─ Dean... ─ Eu ando para frente, mas ele se levanta rapidamente, como se quisesse evitar qualquer toque meu. ─ Me diz o que eu posso fazer pra consertar isso. Por favor. ─ Eu imploro. Tenho certeza de que poderia me ajoelhar para ele naquele exato momento e implorar como uma idiota, porque era exatamente assim que eu me sentia. A porra de uma idiota que desvalorizou alguém que ama.
Ele está de costas para mim. O corpo alto e robusto está rígido, e eu consigo enxergar isso mesmo que ele esteja vestindo duas camadas de roupa. Todo o clima está tenso, e o quarto ainda parece estar diminuindo... Mas eu não me importo com isso. Não me importo com o meu estômago revirando, ou com a cabeça latejando em dor, ou com o fato de que esqueci de tomar os meus remédios... Eu preciso do perdão dele.
─ Por favor... ─ Peço de novo, mas ele não responde. Continua sem me responder, e tudo o que eu escuto são os meus soluços e os dele.
Tento respirar fundo, e o meu coração está quase saindo pela boca quando tomo a coragem de me aproximar dele. Minhas mãos escorregam por suas costas, e eu o abraço como se fosse a última vez. Eu acho que vai ser a última vez. E essa possibilidade está me destruindo.
─ Eu faço qualquer coisa... ─ Sussurro, sem me afastar por nenhum instante. Sei que minhas lágrimas estão estragando a sua flanela, e o fato de ele continuar rígido ao meu abraço significa que, mesmo não estando indiferente ao meu toque, ele quer estar. Ele quer me odiar e me tirar da vida dele, muito provavelmente. Porque parece o mais justo de se fazer por ele.
Mas eu não consigo parar de abraçá-lo, e sei que estou sendo muito egoísta. Mas enquanto Dean não me afastar, eu não o solto. Enquanto ele não me tirar da vida dele, eu vou me matar apenas para permanecer do seu lado.
Porque eu sei que é isso que ele faria por mim.
E isso torna tudo ainda pior.
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BEAUTIFUL GHOSTS ──── supernatural.
Fanfiction(⛧) BELOS FANTASMAS ───── 𝙙𝙚𝙖𝙣 𝙘. 𝙬𝙞𝙣𝙘𝙝𝙚𝙨𝙩𝙚𝙧. Ravena Melvac era uma excepcional caçadora marcada por cicatrizes antigas, porém profundas. Para seu azar, ela estava destinada a ganhar mais uma e seu nome era muito conhecido no mundo d...