𝟬𝟰. 𝘃𝗶𝗮𝗴𝗲𝗺 𝗽𝗲𝗿𝗱𝗶𝗱𝗮

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․⚬་◦➣ VIAGEM PERDIDA

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․⚬་◦➣ VIAGEM PERDIDA.

RAVENA COM CERTEZA JÁ esteve em situações mais angustiantes e tensas que a atual, mas dramática como era, a Melvac diria que esta era a pior

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RAVENA COM CERTEZA JÁ esteve em situações mais angustiantes e tensas que a atual, mas dramática como era, a Melvac diria que esta era a pior.

Próxima a Dean, ela fingia se distrair com seu aparelho celular quando, na verdade, só não queria tentar iniciar uma conversa constrangedora. E para sua infelicidade, a tal da Rowena se recusava a aparecer e seu irmão, junto a Sam, não respondia mais suas mensagens e muito menos deu para a loira uma estimativa de seu retorno.

De qualquer forma, ela sentia que seria ridículo continuar a evitar algo que estava ali por sua própria preferência. Ela só sentia que era um clima ruim porque, de fato, quem estava imaginando tal condição era ela mesma.

Largou o celular então, intuitiva de que tudo o que precisava era agir naturalmente perto do Winchester e logo, diminuir toda aquela provável negatividade no quarto pequeno e espalhafatoso do hotel onde estavam.

Mas quando olhou para o lado, ele estava dormindo.

─ O quê? ─ Ela sussurra em indignação, pensando em como não estranhou o silêncio dele.

Para ser sincera, da última vez que viu Dean dormir, seu ronco ameaçava acordar toda a cidade de Denver. Era até estranho ver ele repousar tão silenciosamente, com o semblante demasiadamente tranquilo para quem tinha tantos demônios.

Mas ela deixou qualquer possível lembrança de lado e se levantou, suspirando com cautela antes de sair do quarto e sentar num dos degraus de madeira lascada daquele estabelecimento.

Esperançosa, olhou para o estacionamento em busca de uma baixinha ruiva, mas sem sinal algum de Rowena, ela se permitiu soltar um ar que nem sabia que estava prendendo, logo olhando para as pessoas que por ali passavam enquanto sentia as bochechas congelarem.

Estava bem frio para a estação, mas não tanto a ponto de Ravena precisar vestir cinco ou sete casacos só para se aquecer. Como adorava a sensação de um vento gélido no rosto, apenas fechou os olhos momentaneamente e procurou acalmar a mente, sentindo o álgido frescor na pele clara.

Aproveitando o silêncio, ela se permitiu divagar por entre seu passado, na época onde era jovem demais e talvez menos medrosa. Uma época onde usava as habilidades com confiança e salvava vidas com mais facilidade. Onde as coisas pareciam dar certo.

Era frustrante o bloqueio pelo o qual passava. Ela enganava ao irmão quando dizia que não usava da telecinese por sua própria vontade, quando, na verdade, algo lhe impossibilitou de utilizar de seus poderes.

Talvez tudo estivesse menos perigoso se ela pudesse usar mais do que armas de fogo e facas, mas era tudo o que podia fazer. Já desistira a meses de tentar recuperar suas habilidades, mas ainda estava ali, fazendo falta, tornando-a menos capaz de ajudar as pessoas.

Estava sendo caçada por possuir algo que nem tinha mais.

─ Achei que você tinha sido sequestrada. ─ Ela abre os olhos, percebendo Dean ao seu lado.

Com os fios loiros bagunçados e a face um pouco inchada, ele ainda parecia sonolento. Sentou-se ao lado dela, com certa distância, e apoiou as mãos nas pernas.

─ Está tudo bem? ─ Ele pergunta quando ela reage à fala anterior apenas com um sorriso.

─ Honestamente? Eu não sei. ─ Entrega, voltando a encarar os poucos hóspedes que por ali passavam. ─ Sinto saudades de como as coisas eram fáceis.

─ Você é meio nova para ter dores nas costas. ─ Ele faz uma careta e Ravena finalmente o encara, soltando uma breve risada.

─ Queria que fosse meu único problema. Vai ficando mais difícil com o tempo. ─ Ela diz, olhando nos olhos de Dean.

Ele apenas concorda com um movimento de cabeça, silencioso.

─ Sempre soube que minha vida seria essa, mas parecia mais divertido aos vinte e três. Onde eu tinha acabado de me reconciliar com o Raphael e estávamos a todo o vapor. Eu nunca queria que acabasse e agora tudo o que eu queria era descansar um pouco.

─ Você pode dar um tempo.

─ E deixar o Ralph sozinho? Aí que ele morre. ─ Brinca, erguendo as sobrancelhas numa falsa surpresa.

Ela sorri para o homem, que solta uma risada breve.

─ Desculpe estar te enchendo com isso. Eu só queria que essa Rowena aparecesse logo e acabasse logo com isso. ─ Solta depois de um longo suspiro.

─ Eu não acho que ela virá hoje. ─ Confessa o loiro, pouco esperançoso. ─ E se viesse, ficaria bem irritada com a ausência de Sam; é o preferido dela.

─ Mas Sam disse que... ─ Ela curvou as sobrancelhas, confusa. Acreditava que a bruxa preferisse ao primogênito.

─ Ele mentiu. Às vezes ele adora se intrometer na minha vida.

Ravena sorri, entendo o homem completamente. Talvez fosse coisa de irmão ser extremamente enxerido.

─ Ele parece ser legal.

─ Ele é. ─ Dean confirma, sorrindo momentaneamente ao se lembrar do moreno. ─ É bem irritante, mas uma boa pessoa.

─ E bonito. ─ Ela adiciona, olhando o loiro logo depois. Quando Dean arqueia uma sobrancelha, ela sorri. ─ Então todos os Winchester são um baita pedaço de mal caminho? Interessante.

Quando Dean sorri, seguido por um breve som risonho, ela o acompanha, sentindo-se mais confortável.

Por aquele momento, ela se esquecera da agonia e dor de ser quem era, de ter um sobrenome que significava tanto e, ao mesmo tempo, nada; de ter habilidades extraordinárias e igualmente inalcançáveis; do cansaço que lhe atingia corpo e mente com frequência. Foi bom ter a sensação de que as coisas estavam como antes, quando conheceu Dean numa esquina qualquer em dois mil e seis.

─ Você está melhor? ─ Ele pergunta, arrancando a sensação nostálgica de dentro da mulher.

Ela o encara, os olhos verdes do homem brilhando conforme a placa iluminada do hotel palpitava com nitidez.

─ Acho que sim. ─ Diz, curvando minimamente os lábios.

Um silêncio então se instala, talvez não pela falta de assunto, mas sim por uma mínima necessidade de quietude. Havia sido um primeiro passo e ambos só haviam percebido agora. Dean e Ravena não queriam falar sobre o passado, e só queriam que aquela conversa sobre o término fosse realmente desnecessária.

Eles esperariam pelo retorno de seus irmãos, num silêncio mais reconfortante do que imaginavam. Talvez, no final das contas, a viagem não tivesse sido em vão, e tivesse contribuído para a construção de certa simpatia entre os membros daquela improvável equipe.

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