Capítulo 2

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Duas horas depois, junto com o barulho da chuva, dos trovões e dos coriscos que riscavam o céu, passos, vozes, flashes, gritos e murmúrios preenchiam o interior do quarto outrora silencioso. Rômulo tirava fotos do corpo na banheira quando Caetano entrou ainda sacudindo o cabelo molhado pela chuva:

- Caralho Rômulo, que bizarro! Parece cena de filme! Já tem a causa da morte da mulher?

- Olha, Delegado Caetano Sirqueira, ela morreu mesmo foi dos cortes, mas eu também encontrei escoriações pelo corpo todo. Mas... num sei... tudo parece meio que sem sentido. Ela tem escoriações pelo corpo, mas não tem nenhuma digital nela! Nada! O corpo tá limpo! Aliás, o quarto todo tá limpo! Não tem nada que indicasse que a vítima esteve aqui. Nem fio de cabelo, nem digital, muito menos da pessoa que provavelmente estaria com ela. Chefe, sei não, mas parece que alguém limpou o lugar todo...

- Tem certeza?

- Ou é isso, ou pode ser até que ela tenha sido morta em outro lugar e tenham trazido ela pra cá, mas por que desovar um corpo aqui e não num lugar mais fácil?

- E o dono do lugar?

- Chefe esse cara cheira a suspeito de longe. Primeiro, pouco depois da meia-noite ele mandou fechar o lugar por umas duas horas, sem explicação nenhuma. Depois, o cara da portaria diz que lá pelas três da manhã, cerca de meia hora antes da camareira encontrar o corpo, ele sai dizendo que tava cansado e não atende nenhuma das nossas ligações desde que a gente chegou e pedir pra avisar ele. Mas tem outra coisa ainda pior...

- Nossa... o que é?

- Os cortes foram produzidos por um objeto cortante de pequeno tamanho, talvez uma navalha, mas nós não encontramos nada até agora. Não tem nenhum objeto cortante com vestígios do sangue dela que possa ter sido usado pra cometer esse ato, nem aqui no banheiro, nem no quarto, nem em lugar nenhum!

- Porra! Pode ter sido a camareira que tirou quando encontrou o corpo.

- Sei não, ela tava muito nervosa, disse que tinha saído no exato instante que encontrou o corpo. Além disso, aqui já tava cheio quando a gente chegou, qualquer um pode ter pego alguma coisa do quarto antes da gente ter começado o trabalho pericial. Chefe, esse lugar tá todo comprometido!

- Merda! Isso aí vai me dar o maior trabalhão, escreve o que eu tô te dizendo... Ninguém sai daqui! Colhe o depoimento de todo mundo! Ninguém sai até eu achar a arma do crime!!! Merda! Caralho!

Pára olhando detidamente para o corpo da vítima sendo agora retirada da banheira pela equipe do Instituto Médico Legal.

- Que desperdício viu! – diz ao ver o corpo ser colocando no saco e posto na maca – Defunta mais gostosa da porra! Como é que alguém faz um negócio desses? Chega até ser pecado, moh mulherão! Já identificaram quem é a vítima?

- Ué? E precisa? O senhor não tá conhecendo não?

- Como assim?

- Delegado, essa é a Pastora Fernanda Ferreira Clifford, filha do fundador da Igreja dos Filhos de Deus!

- COMO É QUE É?

O GRANDE IRMÃO OU A VERDADE SOBRE FERNANDA CLIFFORDOnde histórias criam vida. Descubra agora