Capítulo 6 - Propostas

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Mandacaru, Maranhão

Cinco anos haviam passado desde que Ari deixou Brisa. Sozinha, Brisa assumira a responsabilidade de criar o filho deles, o pequeno Tonho. Desde o nascimento do menino, ela empenhava-se incansavelmente em proporcionar-lhe a melhor vida possível, mesmo sem a presença paterna.

A luz dourada do entardecer inundava a modesta sala de estar, onde Brisa e Tininha compartilhavam um momento de cumplicidade. Tininha, olhos cheios de preocupação, dirigiu-se à amiga que tinha acabado de chegar em casa depois de ter saído à procura de emprego em outra cidade.

— Como foi lá em São Luís? Conseguiu algum trabalho? — perguntou Tininha.

— Infelizmente não. — Brisa baixou o olhar, sua expressão carregada de desânimo. — Andei tanto, fui em vários lugares e nada. — Ela suspirou. — Preciso arrumar um trabalho com salário fixo. Só o tambor não tá dando. Tonho tem muitos gastos, eu não tô dando conta. Alias, depois de amanhã tem uma roda de tambor.

— Tu sabe que eu ajudo como posso...

— Tu já faz muito por nós. — Brisa olhou para Tininha com gratidão. — Se mudou para essa casa depois que Tonho nasceu para me ajudar com as despesas, me ajuda a cuidar dele quando eu preciso... Tu é uma ótima amiga e madrinha. — Ela sorriu, reconhecendo o apoio de Tininha. — Não se preocupe não porque eu vou dar um jeito. Uma hora aparece trabalho.

— Se tu aceitasse a voltar cantar na banda junto com Tadeu dava para ganhar um dinheirinho a mais...

— Iiihh... essa história outra vez? — Ela deixou escapar um leve suspiro. — Tu sabe bem que eu não tenho contado com ele há anos e nem quero ter. — As palavras dela evocaram memórias amargas do passado. — O rapaz até tentou se reaproximar por diversas vezes, mas Brisa nunca aceitou suas desculpas.

 — E se tu fosse atrás de Ari outra vez? Eu sei que tu não gosta que eu fale disso...

— Se tu sabe que eu não gosto então por que fala? — Brisa reagiu com um toque de irritação. 

— Oh Brisa, é direito de Tonho. Pensão, sobrenome na certidão...

— Eu sei disso. — Ela olhou para Tininha com tristeza. — Tu é testemunha que eu procurei Ari para obrigá-lo a assumir as responsabilidades com Tonho, mas ele sumiu da face da terra. Ninguém sabe para onde ele foi. Nem aquele professor que tinha ele como filho sabe de Ari. Eu procurei por ele em todos os lugares...

 — Será que Ari ta vivo, mulher?

 — Não sei e não me interessa.  — Brisa respondeu com um misto de indiferença. — Mudando de assunto, venha ver as coisas que eu comprei para o aniversário de Tonho.

—  E tu comprou tudo lá em São Luís?  — perguntou Tininha.

 — Sim, não faltou nada. Venha ver...

— Oxe, por que tu não comprou as coisas lá no armazém de Adalgisa?

— Porque eu não piso naquele lugar... Sei que tu trabalha lá, mas prefiro manter distância. Adalgisa era unha e carne com dona Núbia e nada me tira da cabeça que ela tem um dedo naquela história da foto. Fora que ela nunca perde a oportunidade de falar mal de mim por aí... Tu acha mesmo que eu vou comprar alguma coisa naquele armazém? Vou é nada.  — respondeu Brisa. 

— Falando em Dona Núbia... Tu viste que reabriram a tal licitação para derrubar os casarões. Ari lutou tanto com aquele professor para isso não acontecer. — observou Tininha. 

Como será o amanhã? | BRISOTOOnde histórias criam vida. Descubra agora