Capítulo - 25 - Diagnóstico

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Dois dias depois...

No quarto do hospital, Brisa estava sentada no pequeno sofá, envolta por um silêncio pesado, apenas quebrado pelo som dos equipamentos médicos e a respiração fraca de Tonho, que dormia na cama ao lado. Seus olhos, cansados e marcados pelas noites e dias intermináveis que havia passado naquele ambiente, não conseguiam desviar a atenção do garoto. Quatro longos dias haviam se passado desde que chegaram àquele hospital. Desde que deixou o apartamento de Oto, Brisa estava praticamente morando naquele espaço hospitalar, já que não quis voltar para a casa de Helô, onde teria que enfrentar as perguntas incisivas da delegada. O hospital tinha tornado seu lar temporário.

Angustiada e entediada, Brisa se levantou e caminhou até a janela. Perdida em seus próprios pensamentos, observava o movimento da rua lá embaixo através da persiana semiaberta. Foi então que seu olhar desviou para a mala sobre a cadeira ao lado, e notou em meio às suas roupas, a camiseta que Oto havia lhe emprestado. Brisa estendeu a mão para pegá-la, e assim que a segurou, um suspiro escapou de seus lábios. Ela aproximou a camiseta de seu rosto e a cheirou, fechando os olhos por um instante. Apesar de ela ter sido a última pessoa a usá-la, o cheiro de Oto ainda estava lá, mesmo que levemente, e com ele, uma avalanche de lembranças veio à cabeça de Brisa: os olhares cúmplices, os beijos trocados, os momentos compartilhados...

No entanto, ela também se lembrou da discussão que haviam tido dias antes no apartamento de Oto. As palavras dele ecoavam na mente de Brisa: "Se você não consegue confiar em mim... segue sua vida, pode ir embora". O impacto daquelas frases ainda estava fresco em sua memória, fazendo com que sua expressão mudasse instantaneamente, e uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha. Desde aquele fatídico dia, Brisa e Oto não se falaram mais. Ela sentia falta dele, afinal tinha se acostumado a tê-lo por perto, mas não estava disposta a relevar nada do que tinha acontecido. Brisa tinha cogitado inúmeras vezes a ideia de ligar para Oto, mas as dúvidas que Leonor havia semeado continuavam a pesar sobre seu coração.

De repente, uma batida suave na porta a tirou de seus pensamentos. Ela se virou na direção da entrada do quarto e viu o enfermeiro Wesley adentrando com seu uniforme branco e um sorriso gentil no rosto.

 — Bom dia. — Cumprimentou Wesley. 

Brisa, ao perceber a presença dele, rapidamente enrolou a camiseta que ainda segurava e a guardou de volta na mala. Em seguida, ela respondeu ao cumprimento do enfermeiro: 

— Bom dia. 

— Como você está, minha querida? — Perguntou Wesley. 

Brisa suspirou profundamente e respondeu: 

— Apesar das circunstâncias, tô bem...

O cansaço tinha voltado a se refletir no rosto de Brisa. A preocupação constante e as noites mal dormidas estavam começando a deixar marcas em sua expressão novamente. 

Percebendo o desgaste evidente em seu rosto, Wesley comentou:

— Está difícil ficar aqui todos esse dias, né? 

— Ta sim, mas fazer o quê? Tonho precisa de mim... — Brisa explicou olhando em direção à cama onde o garoto dormia. 

— Mas não se esqueça de cuidar de si mesma também. Você precisa descansar adequadamente. — recomendou o enfermeiro. 

— Eu tento descansar, mas dormir nesse sofá não é a mesma coisa que dormir em uma cama. 

Enquanto ministrava a medicação no soro de Tonho, Wesley continuou a conversa, demonstrando interesse genuíno pela situação de Brisa. 

— Achei que você fosse ficar na casa daquele rapaz que estava aqui com você. Falando nisso, onde ele está? Nunca mais vi ele aqui por aqui. 

— Não deu certo ficar lá, e acabei voltando. E ele não vai mais vir aqui não. — Brisa respondeu, desviando o olhar. 

Como será o amanhã? | BRISOTOOnde histórias criam vida. Descubra agora