Depois de apertarmos as mãos, Murilo me disse para almoçar aqui mesmo no hotel, enquanto eu esperava que ele adicionasse as coisas que me prometeu.
Sai de seu escritório retornando à sala onde aguardei ser chamada. Enquanto saia da sala em direção ao restaurante do hotel, eu percebi que eu era a última atriz a fazer o teste.
Todas as outras haviam recusado.
Será que eu sou a única dentre todas as candidatas com falta de decência suficiente para aceitar?
Será que ele havia oferecido pagamentos extras para as outras também? Ou foi apenas para a mulher que carregou a filha para entrevista parecendo precisar urgentemente do trabalho?
Os meus limites tinham então um preço?
— Senhora?
— Sim? Ah! Me desculpe. — A voz da recepcionista me tirava de meus devaneios. Eu sequer havia escutado a porta do elevador abrir, nem mesmo me lembrava de ter entrado nele.
Sai do elevador dando espaço para as pessoas que aguardavam entrassem. Ao contrário do que eu esperava, a recepcionista parecia querer falar comigo. E não estava ali apenas para me acordar.
— Senhora, o senhor Vianna me pediu para levá-la até o restaurante. Ele me pediu para lembrá-la de ficar à vontade e que assim que estiver disponível, eu virei chamá-la.
— Obrigada.
Ela me guiou até uma mesa próxima à janela. Com uma linda vista da cidade movimentada. Ela mal se afastou e um garçom já me cumprimentava com o cardápio.
O rapaz me deixou por um tempo para que eu fizesse a minha escolha, mas eu nem sabia por onde começar. Os pratos eram caríssimos para o meu bolso, ainda que não fosse eu a pagar, não conseguia me ver pedindo um prato de cento e quarenta e quatro reais. Mas depois de muito examinar o cardápio, essa me parecia uma das poucas opções onde eu sabia o que tinha no prato e que eu iria comer.
Fiz meu pedido ainda sem acreditar nos valores das coisas. Conforme os pratos chegavam para mim, eu entendi que os pratos valem cada centavo de seu preço. E que se não fosse uma situação como essa, eu jamais provaria algo do tipo. Já que o gasto com essa única refeição, pagaria tranquilamente a minha compra do mês inteiro.
Após saborear deliciosamente cada prato. Fui chamada pela recepcionista, era o aviso de que Murilo já me aguardava. A acompanhei até o elevador, onde iria ao seu encontro.
Entrei no elevador e apertei o botão para o décimo andar, a porta já estava quase se fechando quando vi uma mulher loira se aproximando. Apertei o botão para que as portas se abrissem novamente e ela entrou.
— Obrigada. — agradeceu ela com um leve sorriso no rosto.
— Por nada. — respondi.
Ela olhou para o painel e sorriu outra vez.
— Você também está indo para o decimo andar.
— Sim. — Não tinha sido uma pergunta, eu não fazia ideia do que dizer, achei que a única coisa a se fazer era confirmar.
— Meu namorado mora nesse andar, estou aqui para fazer uma surpresa para ele. Cheguei de viagem essa manhã.
— Que legal. Tomara que ele goste.
— E por que ele não gostaria? — ela questiona.
— Não faço ideia, tem algumas pessoas que não gostam de surpresa, enfim... VAi dar tudo certo.
— Hnm...
Minha nossa! Que coisa mais estranha!
A porta do elevador se abriu dando a mim a chance de escapar logo dessa situação confusa. Ela permitiu que eu saísse primeiro e eu não perdi a minha chance.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma família por contrato
RomanceMurilo, um playboy rico e solteiro, vê sua vida de luxo ameaçada quando sua avó finge estar à beira da morte. Para garantir sua herança, ele contrata Melissa, uma mãe solteira com um misterioso passado, para fingir ser sua noiva e esposa. Porém, à...