Pode ser que esteja me apaixonando

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«Um já foi, faltam vinte.» Becky puxou o lençol branco até seu pescoço, deitando-se de volta na escuridão do quarto de hotel das garotas.

«Não fique tão entusiasmada.» Freen murmurou. A mais nova sabia que a garota estava sorrindo mesmo o sono sendo claro em sua voz.

«Obrigada por hoje.» Ela sussurrou de volta enquanto se virava para encará-la, a luz da lua vindo da janela iluminando seu rosto. «Eu me diverti.»

Um longo silêncio fez-se presente antes de Freen responder, Becky escutando a respiração serena da cama ao seu lado.

«Boa noite.»

A loira virou de volta e encarou a parede, tentando ficar confortável. Segundos se tornaram minutos, e minutos se tornaram horas, mas ela não conseguia desligar sua mente. Conseguia escutar Freen roncar suavemente perto dela, seu coração apertando com o calmante som. Como foi possível ter se apaixonado por essa garota em menos de dois dias; a premissa desafiava a lógica, o que não era algo que Becky gostava muito. E sabia que quanto mais tempo passasse com Freen pior ficaria.

Era tudo.

Seu cabelo.

Seus olhos.

Sua voz.

Sua paixão.

O jeito que seu rosto se iluminava quando sabia que estava compartilhando algo especial com Becky, abrindo seus olhos para algo que era antes desconhecido.

O jeito que sorria quando a loira estava fora da sua zona de conforto ou dizia algo carinhoso.

Ou o jeito que era tão confiante quando se tratava dos outros, mas tímida quando era elogiada, quase surpresa de ouvir isto diretamente à ela.

Tudo isso e tinham se passado apenas quarenta e três horas.

E a pior parte era que depois que essas três semanas acabassem, não tinha certeza de que a veria novamente.

Nada bom viria disso.

Nada.

O sol refletia no imenso chão de concreto que estava na sua frente. O calor que subia dele fazia com que suor se formasse na sua testa e que sua regata grudasse em seu corpo desconfortavelmente. Não tinha como escapar.

«Está tão quente.» Becky reclamou em desespero.

«É para isso que o gelato serve.» Freen disse sem ajudar muito, passando a ela o pequeno copo de sorvete gelado, antes de voltar para a moça do caixa e pagar a mulher.

Becky tinha descido do barco que as levou até a terra para ser confrontada com a esmagadora visão de Piazza San Marco. Não tinham palavras para descrever o tamanho e a riqueza da praça de Veneza, com seus intermináveis arcos feitos de pedra e milhares de janelas de vidro que rodeavam a grandeza da área aberta cheia de turistas, e restaurantes, e barracas de mercadorias.

Era realmente inspirador.

Becky atacou seu gelato, que estava começando a derreter, com a pequena colher de plástico, sentindo o efeito refrescante em sua língua e garganta. O suave sabor dos morangos era como o paraíso em sua boca.

Meu Deus.

Porque tudo tem que ser tão melhor na Europa?

Ela virou para Freen, vendo como a garota cuidadosamente colocava a primeira colher na boca, um sorriso inocente aparecendo em seus lábios. Sua língua foi para fora para limpar um dos cantos de sua boca. Becky desviou o olhar, pensando em qualquer coisa menos no sabor que aquela língua deve ter. Olhou para as centenas de turistas passando pela frente da gelateria, tentando não ser pega novamente encarando a perfeição surreal da garota à sua frente.

Como se nunca tivessemos dito adeus [Versão FB]Onde histórias criam vida. Descubra agora