O filho do patrão

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Mais um dia miserável, como qualquer outro, nesse trabalho do inferno!

Terminei de dar um laço no avental branco do meu uniforme e me olhei no espelho do banheiro de serviço. Linda demais para viver assim. Soltei um longo suspiro, vendo no meu relógio de pulso falsificado que já eram quase sete da manhã, ou seja, minhas horas de trabalho escravo iriam começar. Como eu odeio o meu trabalho!

Bufando, baguncei a franja para tentar impedir que ela se repartisse e saí do banheiro. Como todos os dias de serviço, eu começaria pela sala, então fui até a despensa pegar o pequeno ser que já estava quase virando o meu melhor amigo: O robôzinho aspirador de pó. Abri a porta e meus olhos caíram sobre ele que estava justamente no lugar onde eu havia deixado da última vez.

- Preparado para mais um dia amaldiçoado, querido? - Me abaixei para pegá-lo e logo saí da área de serviço, atravessando o vasto jardim para poder entrar na casa pela porta dos fundos que dava para a cozinha. A intenção era passar direto e fazer logo o meu trabalho que, com sorte, eu terminaria antes do horário e poderia voltar mais cedo para casa, mas a senhora Park não parecia respeitar o meu luto.

Luto pela minha alma, minha alegria e jovialidade perdidos neste emprego, é claro.

- Bom dia, menina. - Ela me olhou e sorriu, para logo depois voltar a guardar as louças do café da manhã.

- Éé... - Resmunguei de má vontade, abraçando o robô aspirador contra o peito.

- Que ânimo!

- Como eu poderia ficar triste tendo o emprego dos sonhos? Limpar uma mansão inteira sozinha porque abomino pedir aos meus patrões podres de ricos gastarem dinheiro à toa contratando uma ajudante. - Tentei não fazer com que o sorriso que se esticou em meu rosto parecesse muito maníaco, mas a ironia não deve ter colaborado muito com isso. - Com sorte, aquele mané não traz os amigos baderneiros dele hoje. - Senti meus braços cansarem por causa do peso do robozinho, quase como se fosse um chamado para começar logo a limpeza. - É melhor eu ir andando... - Disse com um suspiro, torcendo para o dia acabar bem rápido.

Depois disso, me arrastei até a sala e liguei o robô no chão. Faça o seu trabalho, meu herói. Pensei, pegando o jornal que o patrão sempre deixava sobre a mesinha depois de ler. Deixe-me ver as tragédias dos outros para eu me sentir pelo menos um pouco melhor comigo mesma. Na maioria das vezes, isso funcionava. A não ser que a notícia fosse de um ganhador de loteria, o que me deixava de mau humor pelo resto do dia.

Estendi o jornal em minhas vistas e me aconcheguei na poltrona confortável do chefe, cruzando as pernas sobre a mesa de centro. Pobre sim, desatualizada jamais. Conversava internamente enquanto os meus olhos percorriam o título da matéria enfatizada na primeira página.

''Filho de banqueiro vai parar na delegacia após participar de briga de bar''

Huh, que grande surpresa. E eu nem precisei ver a foto enorme, estampada logo abaixo, para saber quem era o mauricinho que arruinava o nome da família. Esse garoto é mesmo uma criatura problemática... Era tudo o que se passava em minha cabeça ao ler os escritos.

- "Byun Baekhyun, filho mais novo do famigerado empresário Byun, acionista majoritário da rede de instituições financeiras mais conceituadas do país, se envolveu em mais um escândalo na noite desta sexta-feira..." Blá, blá, blá... "A grande pergunta que fica no ar é: Como o Sr. Byun administra seus negócios, se não consegue ao menos mandar em sua própria casa?". Ui, o jornalista pegou pesado dessa vez. - Chiei, com a manchete me divertindo mais do que deveria. Antes eu até me perguntava o porquê do patrão contratar guarda-costas para o filho, mas a resposta logo veio naturalmente. A cria do Byun era nada menos do que um encrenqueiro. O maior miserável, pestilento, sarnento, arruaceiro, gato polar.

Lótus (Imagine Byun Baekhyun)Onde histórias criam vida. Descubra agora