Xadrez

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Eu estava no meu quarto conversando com a sogrinha sobre detalhes do casamento quando o Baekhyun bateu na porta e entrou. Ontem passei o resto do dia ignorando ele, constrangida, e eu sabia que não podia continuar assim.

- Filho! – A mulher bateu palmas, animada. – Já está pronto?

Ele resmungou alguma coisa que acho que era um sim, e foi aí que eu desviei os olhos da mãe dele para olhá-lo. Tudo magnífico, eu sempre fui excepcional em fazer a egípcia, afinal, eu que inventei essa tática.

- Baekhyun... – Dei um daqueles meus sorrisinhos cínicos, ignorando por completo o formigamento que começou no meu rosto.

Que inferno, eu estaria mentindo se dissesse que não fiquei bolada com o que ele fez, e eu detesto ficar encurralada. Puxei o ar discretamente e soltei, me inclinando para trás e apoiando os cotovelos no colchão onde eu estava sentada.

- Bom... – Uma exclamação veio da Byun. – Vocês devem estar querendo dar uns beijinhos, então eu vou sair daqui. – Riu divertida, levando a visão para o delicado relógio de ouro em seu pulso direito. – Às 10h a gente sai, então vocês têm 30 minutinhos, queridos. Eu marquei 10h30 com o padre. – Se levantou, passou a mão no meu joelho para se despedir e sorriu, indo até o filho, então acariciou o rosto dele e beijou-lhe a bochecha antes de sair do quarto.

Baekhyun olhava para o chão e ficamos em silêncio por um tempo, até que eu o quebrei com um suspiro.

- Acho que não veio me dar os beijinhos de que a sua mãe falou, não é? – Debochei, cruzando as pernas.

Bufou, revirando os olhos para mim.

- Eu só vim chamar vocês, mas a mamãe é muito emocionada.

Deslizei os dentes sobre o lábio inferior, abrindo um sorriso.

- Mas até que um beijinho viria a calhar. – Lancei um beijo no ar, vendo o seu rosto retorcendo em uma careta.

- Não tenho saco para brincadeira, vou esperar lá embaixo. – Então ele deu as costas e voltou os passos até a porta. Quando sua mão ia encostando na maçaneta, eu dei de ombros e resmunguei com um ar implicante:

- Huh, frutinha...

Ele parou de se mexer na mesma hora, e demorou cinco segundos para me encarar por sobre o ombro com os olhos estreitos. Por dentro eu sorri realizada, por fora eu continuei com o nariz em pé.

- Como é? – Praticamente cuspiu. - Repete.

- Você. – Olhei de canto. – É um frutinha.

Os olhos estreitaram mais ainda, e ele se virou para mim.

- Está delirando?! – Exclamou ofendido. – Esqueceu do trato que eu te dei? Porque eu lembro muito bem de você gemendo no meu ouvido igual cadela no cio. – Alfinetou e apontou. – Aí mesmo nessa cama.

Não foi uma tarefa muito fácil ignorar o meu rosto que começou a arder de novo ao ouvir isso, mas não perdi a pose.

- E eu lembro muito bem que você não conseguiu terminar o serviço. – Retruquei. – Seu frutinha.

Abriu a boca ultrajado, e mesmo com as sobrancelhas franzindo, eu tive a impressão de que os olhos dele brilhavam de uma forma nova. Por um segundo não parecia raiva, mas angústia.

- Não é que eu não consegui! É que eu não quis! – Exclamou apontando para a minha cara, avançando alguns passos. – Foi uma espécie de vingança! Ah-eh-eu não vou me explicar para você, sua tansa! – Se embolou.

- Frutinha! – Bati na mesma tecla, satisfeita em vê-lo se sentir atacado. Eu já estava até me sentindo melhor.

Baekhyun abriu a boca para reclamar mais um pouco, mas então desistiu na mesma hora, mordendo o lábio e inflando as bochechas. Fiquei até um pouco desapontada quando o ouvi resmungar alguma coisa incompreensível e sair batendo a porta.

Lótus (Imagine Byun Baekhyun)Onde histórias criam vida. Descubra agora