- Se me deixarem cair, eu dou um tabefe nas duas, suas pentelhas. – Vovó resmungou a contragosto, fazendo com que Wendy e eu lançássemos um sorriso cúmplice uma à outra enquanto descíamos as escadas a passos cuidadosos, uma apoiando cada lado da velha, que gira e mexe praguejava a nós ou a situação.
- Ora essa, não reclame. – Briguei, atenta nos degraus. - Sabia que não é nenhum pouco saudável ficar enclausurada dentro do quarto por tanto tempo?
- De vez em quando eu estico os ossos andando pelo corredor, não me amole.
Vai ser teimosa assim lá no inferno. Pensei, captando um ar de familiaridade na casmurrice que me trazia, quase que na mesma hora, um certo fedelho mimado à cabeça. Huh, ele é mesmo um Byun, não tem nem como negar as raízes.
- Vovó, você precisa de ar fresco. – Wendy disse, e acompanhei sua sentença com um assentir estoico de cabeça.
- Ah, me deixem! Como é que eu vou subir essa porcaria de novo com os meus joelhos ferrados?
- E já é tarde demais. – Interrompi antes que continuasse com as reclamações, dando graças a Deus ao descer o último degrau com esse trambolhão a tiracolo. – Não se preocupe, vovó. O seu filho e a minha sogrinha foram para um jantar de negócios, ou seja, estamos apenas nós três aqui.
- E por pouco tempo, porque já passou do meu horário. – A garota falou, fazendo um carinho no braço da velha Byun. – Estou feliz pela senhora ter descido.
Então, tenaz como só ela era, emburrou a cara e se afastou alguns passos capengas de nós.
- É porque não são os seus ossos que estão gritando de dor. – Eu sabia, e Wendy também, que isso não passava de capricho, afinal, ela tinha tomado o colágeno mais cedo, o que garantiria o mínimo de dor ou nenhuma. Além do mais, se eu olhasse bem, podia ver, bem pequenininho, um sorriso despontado no canto dos lábios.
Velha danada, gosta é de atenção, isso sim.
- Certo, certo, nos desculpe por termos sido tão ruins com a senhora. – Wendy piscou para mim, entrando no jogo. – Moças, agora eu preciso ir, caso contrário vou pegar o metrô lotado.
- Oh, mas o que é isso? – A matriarca a ignorou completamente depois de correr os olhos pela sala de estar, explorando o lugar com desconfiança. Com isso, eu estava prestes a me virar para minha amiga e me despedir quando, ao ver que a senhora se encontrava mais do que distraída, ela se esgueirou ao meu lado com a expressão um tanto séria, diferente de segundos atrás.
- Preciso falar com você. – Cochichou, dando uma olhadela final para a vovó como que para garantir que esta não nos ouvia.
Assenti com a cabeça, fazendo sinal para que me seguisse. Com isso, fomos em direção à cozinha agora escura, visto que a Sra. Park já tinha ido embora há um tempinho.
- Alexa, ligue a luz. – Pedi e, sem precisar de um segundo comando, a luz do lugar acendeu no instante seguinte. Enxergando com a devida clareza, fui em direção à ilha que ficava bem no centro da cozinha inteira planejada e me virei para a garota, encostando o quadril na borda do mármore. – Certo, acho que agora podemos conversar. O que houve, Wendy? Está me mandando olhares o dia inteiro.
- Eu só quero te alertar, amiga. – Começou com o tom baixo. – O senhor Byun está mancomunado com o chauffeur, eu tenho quase certeza.
- O Heechul? – De início, meu rosto acabou por se contorcer em confusão, isso até que as lembranças dos últimos dias foram se encaixando em minha mente. Coroa sem-vergonha... É por isso que esse motorista não sai mais do escritório dele. – Você descobriu o que eles estão aprontando?
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Lótus (Imagine Byun Baekhyun)
FanfictionMuitas pessoas dizem que o mundo dela não girava em torno do dinheiro, mas que era o próprio dinheiro. Muitos dizem que, por dinheiro, ela seria capaz de vender a própria mãe ao diabo. Ah, ela era ambiciosa sim, mas não tinha nada. De uma família co...