Parceria

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Uma palavra, apenas a droga de uma palavra... Basta dizer obrigado, dar as costas e ir embora, Baekhyun. Nada mais do que isso. Nem precisa explicar pelo que está agradecendo.

Ergui a mão, pronto para bater na porta, o que não foi preciso. Como que combinado, a porta se abriu dando espaço para uma ex-faxineira que resolveu sair no mesmo minuto. Nós dois nos sobressaltamos ao dar de cara um com o outro, minha mão abaixando devagar. Queria escondê-la atrás das costas, mas já estava mais do que óbvio de que eu ia bater na porta.

- Você aqui e tão cedo? - Olhou-me esquiva. Eu também estranharia se fosse o contrário. - O que quer, ein? Ugh, o inchaço sumiu, mas teu olho ta roxo meio verde. Que nojo... - Fez uma careta e eu só não copiei o gesto porque meu rosto estava dormente e com algumas fisgadas aleatórias nos cantos machucados. Nem o meu nariz escapou das manchas escuras o contornando.

Posso ter apanhado, mas o Jongdae também não saiu ileso. Isso era o que me consolava.

Grunhi, pensando no porquê que, para mim, era tão difícil agradecê-la.

- Pois é... – Pigarreei, e nenhuma desculpa me veio à mente. - Eu pensei ter ouvido minha mãe te chamar. – Que desculpa mais esfarrapada, fingi que isso não foi mais estranho do que simplesmente agradecer. – Você devia conferir, porque ela não gosta de ficar esperando.

Maldito orgulho. Eu nem consegui dormir direito, incomodado porque, de alguma forma, o seu gesto gentil me fez entrar em pane. Ela percebeu o meu problema e tentou fazer com que eu me sentisse melhor, e isso me deixou apoquentado. Por que S/n fez isso? Ela podia só ter ignorado, fingido não ter visto, mas não... Inferno! Coisas assim me fazem me sentir culpado até por tê-la xingado tanto, embora merecesse cada palavra.

- Obrigada, amorzinho, vou lá ver. - Passou por mim, me deixando ali plantado como um idiota. De qualquer forma, como eu já estava acordado mesmo, acabei por descer também. O que me restava além de comer alguma coisa? Descendo os degraus, comecei a ouvir a voz de minha mãe.

- Vamos, vamos, querida! Comemos no caminho. – Apressou. - Eu marquei hora para ver a costureira e ela só tinha horário livre agora de manhã, imagina. - As vi na sala das refeições, S/n tateando os bolsos da própria roupa.

- Droga, esqueci o celular lá em cima de novo.

- Vá buscar rápido! – Mamãe disse na mesma hora em que a outra se virou para sair dali, e foi nesse momento que minha presença foi notada. – Oh, bom dia, filho. De pé tão cedo? – Bateu palminhas e veio até mim, fazendo menção de me dar um beijo no rosto, mas parou bem perto, franzindo as sobrancelhas. - Nossa, você está horrível! - Concluiu antes de estalar os lábios na minha bochecha. Pronto, já vi que vou ouvir isso o dia inteiro. Passei os olhos pelo local, vendo que meu pai também estava ali, encarando a vigarista com um ar pensativo. - Não vai dar bom dia para a sua noiva?

- Nós já nos falamos no meu quarto. – S/n respondeu e, provavelmente interpretando errado, minha mãe puxou a respiração quase em êxtase. – Só mais um beijinho, amorzinho, porque eu e sua mãe estamos morrendo de pressa. – Se aproximou com aquele olhar ferino, me dando um selinho no canto dos lábios antes de se afastar com pressa.

Peçonhenta...

- Isso mesmo, morrendo de pressa! – Mamãe concordou. – Tchau, meus amores, até depois. – Lançou beijinhos no ar e saiu atrás de S/n, deixando apenas eu e meu pai no recinto, ele que me encarava por cima da bebericada em sua xícara de café.

Suspirei, já imaginando o falatório, e logo a ideia de voltar para o meu quarto me pareceu tentadora mesmo que eu tenha resistido ao impulso de subir e ido sentar-me. O energia estava ruim como sempre e, mesmo com as variedades postas à mesa, isso me fez perder o apetite.

Lótus (Imagine Byun Baekhyun)Onde histórias criam vida. Descubra agora