Capítulo 5

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— Isabela! — exclamei em surpresa, quase gritando.

Eu esperava que fosse o Filippo, pois minha irmã só chegaria semana que vem. Assim, logo ouvi papai vindo atrás para ver o motivo do meu grito.

— Ah! É minha querida Isabela. Vamos, entrem! — papai os chamou contente para entrar, e então eu me dei conta que ainda estava barrando a passagem.

Minha irmã, seu marido e seus dois filhos, Joaquim e Ana, de 8 e 6 anos, respectivamente, entraram. A festa foi grande ao vê-los, já que fazia mais de um ano desde sua última visita e nós não aguentávamos mais de saudade. Todos os abraços, beijos e aquele alvoroço de boas-vindas foi feito até finalmente nos sentarmos para conversar.

— Nós viemos antes porque queríamos fazer surpresa. Como você está, papai? — Isa perguntou enquanto alisava sua barriga avantajada, com o mais novo caçula da família a caminho, depois de ter se aconchegado em uma poltrona perto do nosso genitor.

— Ah, filhinha! Estou como sempre, sabe. Mas o Senhor tem cuidado de nós — ele respondeu tocando suavemente na barriga de Isa, logo subindo a mão para acariciar seus belos cabelos ondulados e castanhos. — Você soube da senhora Dulce, não é? Coitada da senhora Dulce! — suspirou.

Titia sempre seria um assunto digno de pena para papai, já que ele não estava acostumado com mudanças e tinha se apegado a minha babá como uma terceira filha mais velha. Para ele, embora estivesse em um ótimo casamento, ela ainda estaria bem melhor conosco.

— Eu soube que ela está muito bem, sogro! — meu cunhado disse enquanto ajeitava Ana em seu colo, ela chegou dormindo.

— Bem não é excelente como ela estava aqui, João. Mas é a vida! — papai professou, resignado. — Vocês já jantaram? Penso que não. Emma, peça a senhora Taty para preparar o mingau. A essa hora é o mais saudável de se comer, ainda mais com o tempo frio que está fazendo.

Papai e seu mingau. Instantaneamente todos, menos Isabela, fizeram uma careta. Viajar horas para comer mingau não era muito animador, não é? Principalmente para as crianças. Minha irmã era a única que não se incomodava, já que também era um pouco fissurada em relação a saúde.

— Tia! — chamou meu sobrinho, logo vindo para o meu colo para sussurrar no meu ouvido: — Eu quero pizza, titia. Avisa o vovô que ninguém quer mingau, por favor! Eu até falaria, mas não quero ferir seus sentimentos comigo, senão não ganho brinquedos — terminou de falar com sua carinha sapeca e se aconchegou em meu colo feito um anjinho resiliente, uma vez que eu só tentava não rir. Ah, criança virada!

Joaquim era muito sensível. Apesar de ser uma criança arteira, se posso colocar assim, sempre foi um serzinho de coração puro e generoso. Tinha muito orgulho do homem que ele ia se tornar, principalmente tendo o Filippo de inspiração, pois parecia admirar mais o tio que o próprio pai. Mas, voltando ao plano do pequeno, tive uma ideia que todos iam gostar.

— Gente, que tal eu ligar para o Filippo e ele trazer pizza pro jantar? Assim a gente matava a saudade de vocês de uma vez — contei minha ideia e todos receberam contentes e aliviados, menos papai que preferia seu mingau, mas aceitou mesmo assim.

Eu liguei para meu amigo, escutando sua rápida disposição em vir. Filippo era muito próximo ao irmão, e principalmente aos sobrinhos, que o tinham como quase um herói. Passado alguns minutos, a campainha tocou e ele entrou com a comida, sendo quase atropelado por duas ferinhas famintas e saudosas do tio. E foi só falarmos em pizza que Ana acordou faminta, esperando ansiosamente a chegada do lanche. Enquanto as duas crianças voaram para seu colo, ele as pegou de uma só vez, fazendo aquelas gracinhas perigosas que todo homem ama fazer, toda mãe tem um infarto e toda criança se diverte.

Até Te Encontrar (Uma releitura de Emma)Onde histórias criam vida. Descubra agora