Capítulo 13

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Não sei se haviam passado horas, minutos ou segundos, mas eu me encontrava na mesma posição desde que o Elck saiu. Ao longe ouvi os passos de alguém se aproximando e reconheci a voz da senhora Taty, me perguntando o que havia acontecido pois ouviu gritos da cozinha. Sem cabeça para explicações, dei qualquer desculpa e subi em direção ao quarto.

Ainda no corredor dos aposentos, ao invés de me dirigir ao qual eu poderia me esconder, meus pés me levaram ao de Isabela.

— Emma! — ela exclamou alarmada ao ver minha expressão distante e rosto vermelho, quando bati em sua porta. — Aconteceu alguma coisa?

— Posso entrar, Isa? — perguntei, apenas querendo ser acolhida.

Ela me deu abertura e vi Ana dormindo serena na cama. Isa segurou em meu braço ao levar-me até a varanda do quarto, explicando que João e Joaquim tinham ido visitar Filippo na fazenda já que meu cunhado queria discutir sobre assuntos burocráticos do local, porém, ela teve que ficar com Ana pois estava molinha por uma crise de rinite. Após isso, logo pediu que contasse o motivo da minha tristeza.

— Eu acho que cometi um erro enorme, irmã. Algo que me magoou e vai magoar a única amiga que tenho! — expressei com a voz embargada, abaixando a fronte entre as mãos.

Tentava a todo custo segurar o choro que queria se libertar. Porém, eu não o deixaria ganhar lugar, ao menos naquele momento.

— O Filippo me alertou mas eu não quis ouvir — contei erguendo meu rosto ao seu, que se encontrava confuso.

— De quem fala, minha irmã?

— Sobre a Hanna! Melhor contar do início. 

Funguei e tomei ar antes de iniciar a falar tudo o que aconteceu para a Isa, enquanto ela ouvia sem interromper. Sua expressão neutra não me preparou para sua resposta.

— Eu já havia percebido, Emma! Aliás, estava desconfiando. Por isso mandei você ter cuidado com esse rapaz e a Hanna — emitiu, franzindo os lábios em linha reta. — A única coisa que você pode fazer agora é encarar o que seus erros causaram e buscar os remediar de algum modo.

— Como eu faço isso? — Não conseguia pensar em nada que o final não fosse a Hanna brigando comigo e se afastando.

— Primeiro, peça perdão a Quem você deveria ter consultado antes de tudo. Irmã, não devemos nos dirigir ao Senhor apenas para assuntos sobrenaturais ou até mesmo nos extraordinários demais pra nós. Deus é um Pai muito cuidadoso para não se importar com cada detalhe da vida ordinária de seus filhos. Ele nos quer aos Seus pés em qualquer decisão, por mais banal que ela seja. — Isabela segurou minhas mãos e, com sensibilidade, prosseguiu: — Alguma vez você lembrou de aconselhar a Hanna na Palavra? Disse a ela para guardar o coração e não focar somente no que agrada aos olhos? Ao menos a orar sobre o Elck, Emma! Você fez isso?

Estava muito ocupada repassando todas minhas atitudes para falar algo, por isso apenas neguei cabisbaixa.

— Você estava tão ocupada nas qualidades aparentes do Elck que nem foi até ao Senhor para saber se Ele via o mesmo que você. O Elck te deixou ver o que você queria enxergar, Emmanuele — disse, levantando meu rosto para si.

— Mas, ele é o filho do pastor Tito, Isa. Como poderia imaginar que ele fosse tão... tão... — Respirei fundo para não falar o que não deveria — ... tão egocêntrico.

— Você poderia ter procurado saber sobre ele. Como acha que eu casei com o João? — Isa perguntou, arqueando as sobrancelhas.

— O João é um homem educado, irmã. De boa família, então isso não é difícil perceber — proferi o óbvio.

Até Te Encontrar (Uma releitura de Emma)Onde histórias criam vida. Descubra agora