Capítulo VI

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Crowley jogou todos os pensamentos no canto da sala e começou a se aproximar do anjo de olhos de oceano.

"Mano o que você tá fazendo, Crowley? Você vai mesmo beijar ele sem nem antes perguntar se ele quer?", pensava o demônio.

- Pai? - Ariel perguntou com um sorriso tombando levemente a cabeça.

- A-ah Ariel - Azi se levantou rapidamente, desviando do demônio mais velho e indo até Ari.

- Foi mal! Não queria ter atrapalhado. Podem continuar. Eu vou levar os doces para a cozinha - Ariel falou rapidamente, alargou o sorriso e deu as costas para seu pai, indo correndo guardar as compras Aziraphale se virou para Crowley, que se encontrava imóvel e olhava para um ponto fixo do chão.

- Olhe... Crowley... Eu não... - ele não sabia o que falar.

- Não, está tudo bem o demônio disse saindo de seu transe - Não precisa se explicar - e assim, seguiu o caminho para a porta da livraria.

Quando Aziraphale ouviu o som do motor do Bentley se afastando, foi até a cozinha para ajudar Ariel. É claro que os dois queriam aquilo mais que tudo. Só que o medo ainda predominava, mesmo que não por muito tempo.

[...] 4 anos depois [...]

Ariel estava lendo algum livro no segundo andar da livraria, esparramade no chão enquanto Crowley e Aziraphale arrumavam algumas coisas no andar de baixo. Estavam com pressa para fechar o estabelecimento e ir para casa. O serzinho, no auge de seus 14 anos, era apaixonado pelos livros. Os considerava seu refúgio (logo depois de seus pais, é claro) e sua fonte de imaginação.

- Ariel, meu amor. Vamos! - o anjo chamou enquanto vestia o sobretudo bege - Guarde o livro no lugar certo e desça.

- Estou indo, pai! - Ari marcou a página do livro e se levantou, correu os olhos pela estante ao seu lado para encontrar o lugar do livro, logo descendo as escadas e pegando seu casaco.

-- Hoje vamos cantar bastante no caminho, jovem demônio! - Crowley disse feliz, sorrindo como nunca e chamando a criança pelo apelido dado pelo mesmo. Os três saíram da livraria, entrando no querido Bentley e foram em direção a casa cantando Queen.

Assim que chegaram, o serzinho correu para seu quarto, deixando Aziraphale e Crowley sozinhos na sala.

"Ok, eu não aguento mais guardar isso", Crowley pensou e foi se aproximando de Azi, que estava de costas para o demônio, arrumando as fotos que ficavam em cima da clareira.

- Aziraphale? - ele chamou.

- Sim, querido? - o anjo falou ainda sem se virar, mas quando o fez, corou violentamente ao notar a proximidade absurda que se encontravam.

- Sabe... Eu ando ansioso por algo que eu desconheço - o ruivo estava usando todas as suas táticas de sedução e estava abusando de suas forças para não corar ou acabar desistindo do que havia começado. Crowley usava a maior parte de sua concentração para evitar encarar demais a boca do anjo à sua frente.

-V-você não t-tem nem ideia... Do que... Possa ser, querido? - Azi não conseguiria desviar os olhos dos amarelados do demônio nem se quisesse.

E ele não queria.

Na verdade, ele estava adorando aquela proximidade e aproveitou-a para jogar toda a sua vergonha para outro lugar. Ele queria mais e ele teria mais.

- Acho que penso em certas possibilidades - Crowley disse quase num sussurro, se aproximando levemente. Ele sabia que Aziraphale se derretia quando o mesmo falava mais formalmente.

- Pode me dizer quais são? - o loiro soltou com uma voz grave, tentando seduzir o outro, e começou a alternar o olhar entre os lábios finos do maior e seus olhos.

Estava tudo indo bem. la acontecer e Azirahale estava pronto e ansioso para ter os lábios do maior colados aos seus. Mas Crowley se impressionou demais ao ouvir o anjo falar daquela maneira, ato que o fez corar e ficar com vergonha. O demônio recuou o suficiente para o anjo sentir falta do aroma que ele tanto amava.

- Eu... Ahn... o mais alto coçou a nuca com uma expressão de "desculpa".

Mas Aziraphale não era um anjo qualquer. Era O Aziraphale. Ele abriu mão de sua vergonha por querer aquele momento e se o demônio não iria tomar a iniciativa, ele iria.

Tratou de logo se aproximar de Crowley( que encarava o chão), ficando colado nele. O anjo pousou uma mão na nuca e outra no ombro do demônio, que rapidamente levantou o olhar indignado. Lentamente, Aziraphale se aproximou, acabando com o espaço entre os lábios alheios e os seus. Acabando com a ansiedade. Acabando com as dúvidas. E claro, acabando com o medo de não serem correspondidos. Os dois estavam em um dos momentos mais felizes de suas vidas. Sem perceber, as asas dos seres se abriram graciosamente, por causa da felicidade existente em ambos os corpos.
Quando o longo beijo se encerrou, se olharam sorrindo brilhosamente. Logo notaram as asas abertas e sorriram ainda mais; se abraçaram e tocaram levemente as penas da asa alheia. Do fim da escada, Ariel assistia tudo com um grande sorriso satisfeito.

100 Bad DaysOnde histórias criam vida. Descubra agora