Capítulo XVIII

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- Quer saber? Me interessei pela sua proposta, ''papai'' – disse Ariel com um sorriso forçado depois de uns minutos e muitas respirações profundas – Mostre-me o que será meu.

- Esplêndido! – estagnou Lúcifer se levantando rapidamente de sua cadeira – Siga-me, criança – ordenou passando por Ariel e abrindo a porta de seu escritório dando de cara com vários demônios, agora, assustados – Vou contar até três e quem ainda estiver aqui será apagado eternamente do universo! – gritou fazendo todos os demônios ali desaparecerem em menos de um segundo.

Ariel sabia exatamente o que teria que fazer, sabia como seriam os próximos acontecimentos, assim como sabia o motivo de seu progenitor querer tanto que aceite o inferno como prêmio. Ambos seguiram todos os corredores existentes naquele lugar por horas sem fim, Ariel pensando nas incontáveis maneiras de conseguir matar Lúcifer sem a interferência de outros demônios, até que chegaram na única porta que ainda não tinham aberto. A porta da sala de julgamento.

- Ah, por fim, este lugar nojento – disse o demônio mais velho entrando na sala e olhando para as paredes com desgosto – Eu não gosto de vir frequentemente exatamente por causa desse cheiro e também por causa dessa iluminação horrível, sem contar... – Lúcifer reclamava (como um adolescente, aos olhos de Ariel) ainda de costas para o demônio mais novo que só conseguia pensar em como havia encontrado o lugar perfeito. Ambos estavam finalmente à sós e Ariel mal conseguia segurar o sorriso maníaco que insistia em aparecer.

"Respira, Ariel. A hora certa vai chegar. Keep cool!"

Lúcifer parou de falar e se virou assim que ouviu o barulho da porta sendo fechada com força seguido do som de uma tranca que não existia, pelo o que se lembrava. O demônio mais velho correu os olhos pelo local e apenas encontrou Ariel com uma adaga de tamanho considerável em sua mão. Soltou um riso desacreditado enquanto começava a escutar todos os demônios vagabundos que passavam pelo corredor baterem no vidro que os separava dos outros dois demônios dentro da sala.

- Tu, minha criança? – disse arrastado com uma tonalidade de tédio, bem como se passasse por isso todo os dias – Vais arriscar tudo que posso te dar, ou melhor, tudo o que podemos conquistar juntos por um simples...Como é o nome?...Assédio?

- O nome é filha da putisse, seu desgraçado – Ariel diz, já sentindo a raiva começar a crescer em si como nunca havia sentido. Sentou-se na cadeira alta que sempre ficava no centro da sala – Eu era uma criança, porra. Você como meu """pai""" deveria ter me protegido, ou se por acaso isso fosse complicado demais para você, era só ter tentado me proteger.

- Admita! Isso só lhe fez mais forte, criança – Lúcifer disse calmo andando lentamente em direção à parede, se encostando nela quando se aproximou.

- EU NÃO PRECISAVA SER FORTE! – gritou com exaltação ao se levantar da cadeira e apontar a adaga na direção do outro – Eu precisava de proteção. Eu só precisava disso, seu merda.

- Até parece que eu, O Lúcifer, iria me importar com um ser tão insignificante como você, criança – disse com desdém seguido de um riso descrente.

- Insignificante? – Ariel diz sentindo o ódio crescer ainda mais – Se eu sou tão insignificante como diz, você não irá se importar se por acaso eu... – pondera erguendo a mão que possuía a adaga lentamente em direção ao seu pescoço.

Assim que a lâmina encostou em sua pele, Ariel pôde notar claramente a feição que Lúcifer tentou custosamente esconder. No rosto do demônio mais velho, a ruga mais próxima de seu lobo pré-frontal se contraiu e a ínfima respiração levemente mais forte que o normal, subsequente de uma contração no abdômen se fez presente, mostrando que sim, ele se importava.

- Era tudo que eu precisava – soltou Ariel com um sorriso cretino nos lábios, antes de arrastar fortemente a lâmina afiada pela fina pele de seu pescoço.

- NÃO! – gritou Lúcifer quando já se era tarde demais. O demônio correu rápido o suficiente para pegar Ariel nos braços antes que seu corpo baqueasse contra o chão.

O sangue vermelho já escorria aos montes pelo suéter verde-musgo de Ariel e Lúcifer ouvia as batidas incessantes dos outros demônios que assistiram tudo ecoarem na sala de maneira abafada.

"Criança estúpida! Criança imbecil! Como pôde fazer isso com o próprio pai?!", pensava Lúcifer com a respiração pesada como nunca. Após alguns minutos e algumas dúzias de milagres terem falhados de trazer Ariel de volta, o demônio se levantou deixando o corpo no chão.

- Dagon! – gritou, logo vendo-a correr para dentro da sala apressada e fazer uma reverência exagerada.

- Sim, mestre?

- Recolha o corpo, agora me será inútil – disse seguindo pelo corredor e parando ao fim – E, Dagon?

- Sim, mestre?

- Encontre o culpado! – ordenou e sumiu.

Mas esse é realmente o fim de Ariel? Esse era o plano?

: flashback :

- Deu certo? É rápido assim mesmo? – questionou Ariel.

- Deu certo sim, pode ter certeza – Anathema avisa guardando suas coisas e uma bolsa.

- Me promete que esse corpo aqui que eu estou é só o reserva? – questionou novamente.

- Não fale assim, não é um corpo, Ariel. É um recipiente – explicou a bruxa – Eu só transportei sua consciência para o novo recipiente. Agora eu tenho uma pergunta.

- Pode falar – disse Ariel agora sentindo mais confiança em seu plano.

- Você tem certeza que quer passar o resto da sua vida sem seus poderes?

- Certeza é uma concepção muito forte, querida Anathema; o que eu tenho é esperança de que eu seja feliz e que eu tenha paz com a minha família. Mesmo que venham atrás de mim, o que eu acredito que vá acontecer, eu já não serei mais o que eles buscam, então acredito que ficarei em segurança.

- Entendi...e se seu pai perceber? Afinal, ele é o próprio Lúcifer – Anathema se preocupa cada vez mais com Ariel, mas confia no pequeno demônio.

- Ele não é meu pai e ele não é tão inteligente, acredite – disse rindo – Eu vou ficar bem. Agora lembre-se, nada de comentar disso com os meus pais.

- Combinado!


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E enfim chegamos ao fim dessa etapa, mas como eu já havia informado, o primeiro capítulo da próxima temporada será postado em alguns minutos.

Agradeço imensamente à todos que leram até aqui e espero vê-los na próxima etapa.

love you all <3

100 Bad DaysOnde histórias criam vida. Descubra agora