CAP V - Perda

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Olho Rindou que me observava sério, colocando o punho no queixo.

— É... Eu fiz algo? Você e Ran estão estranhos.

— Estranhos? Que porra você tá falando? Não temos que ser legais com você.

— É disso que estou falando! — Grito me levantando da mesa.

— É desculpa... Eu não queria... — Me retratei.

— Me responde S/n... — Rindou se levanta e vem na minha direção.

— Que merda você quer comigo e com meu irmão? Parece que quem está fazendo eu e ele de refém é você! Acha que não noto que está dando mole para mim e para ele.

— Rindou não é isso!

— É oque então!? Me explica.

Fico quieta mas logo vou na direção dele.

— O Ran me puxou para o colo dele sem eu querer.... Ele me pressiona e vem com papos esquisitos as vezes, não vou mentir que ele não dá em cima de mim... Por que isso está na cara.

— Está, mas você deixa...

— Quer que eu faça oque Rindou? Está falando como se fosse meu namorado!

Rapidamente a porta da frente se abre e Ran entra correndo ofegante.

— Ran tá tudo bem? Você mal saiu...

— Escutem, arrumem as coisas necessárias que vocês tem e vamos dar no pé daqui... Eles nos acharam. — Disse Ran se apoiando na porta.

— Vai logo S/n. — Rindou grita e eles ficam na cozinha.

Paro e fico na porta ouvindo.

— Oque aconteceu? — Rindou pergunta.

— Mataram a velha da portaria.

— Tá zoando, como assim?

— Não sei caralho, eu ia sair e vi sangue por tudo, segui e vi mais alguns apartamentos com pessoas massacradas, certeza que a polícia vai vir aqui, e você sabe quem fez isso.

Eu coloco a mão na boca ouvindo eles conversarem, corro até o quarto e pego uma bolsa colocando os remédios as coisas importantes, meu celular e então algumas roupas em uma mochila.

— Vamos S/n, vamos logo!— Ran diz vindo e me puxando pelo braço.

Última coisa que vi foi meus quadros e meu quarto, aquilo foi uma despedida da qual nem tive tempo de pensar direito.

Corremos para fora, de duas direções policiais vinham correndo, Ran me puxou pelo braço e logo atrás de nós Rindou vinha tirando uma arma da cintura.

— Desde quando você...

— Não é hora disso S/n, Ran tira ela daqui.

— Mas nós dois separados... — Ran para o observa.

— Vai logo Ran Haitani! — Rindou grita.

Continuamos correndo e acabamos dando a volta pelo prédio, alguns sons de tiros vinham do lado de Rindou, meu coração por algum motivo estava apertado, talvez por que a senhora que me ajudou morreu, pessoas inocentes morreram, Rin está lá, e eu nem sei se está bem, tudo por minha causa? Não pode ser coincidência algo assim.

— Minha moto tá aqui em baixo. — Ran corre até a frente levantando um grande toldo.

— Como isso veio parar aqui?

— Longa história, agora vamos.

Ele sobe e logo atrás eu em sua garupa, Ran acelerava a moto, fazia muito barulho, quando notamos os policiais entrando ele acelerou com tudo oque podia, logo estávamos na rua, carros de polícia vinham, mas por sorte conseguimos desviar, o sentimento de medo, de dor, de agonia continuava em mim, e só consegui me acalmar quando não vi ninguém a nos perseguir, nesse momento Ran desacelerou, eu olhei para trás e depois apoiei a cabeça nas costas do garoto, que suspirou forte.

— Sinto muito... — Diz ele.

— Pelo oque? — Digo com a voz baixa.

— Pela velhota, ela era legal.

De alguma forma ele notou que fiquei triste, mesmo que não esboçasse nenhuma expressão, eu senti algo pontar no meu peito. Como pintora eu consigo ver cores em muitas coisas, até em coisas que não são visíveis ou sentidas, sim é estranho, mas, vejo cores em sentimentos, oque sinto por Ran é algo roxo, uma mistura de inúmeros tons de roxo, as vezes ficam rosados, outras vezes mais azulados, mas todos ainda são cores lindas, e por que ele me causa isso? Não sei se vou descobrir tão cedo.

— Obrigada.

— Me agradecendo por que tem educação?

— Não, por que você notou que eu não fiquei bem.— Falei suspirando.

— Na verdade deu pra ver seu pé enquanto estava escorada na parede ouvindo.

— Deu?

— Quer dizer que estava atrás da parede então? — Ele ri e acelera um pouco.

Logo estávamos em um local rural, saímos de Tokyo, inúmeras plantações de arroz cercam tudo a nossa volta, uma brisa fresca me fazia sentir a vida que de certa forma eu havia esquecido que tinha.

Não demorou para que logo chegassemos a um lugar.

Por perto vi que era um pequeno prédio residencial abandonado, possuía rachaduras das quais eu passei meus dedos, tinha lembranças de um lugar assim, afinal me lembrava de casa.

— Então, vou mandar mensagem para o Rindou, se ele não responder... Vou ter que ir lá.

Eu o observo com atenção e balanço a cabeça afirmando, assim que ele sai para fora ligando no celular eu entro, observei as janelas abertas, o chão, alguns quadros, subi as curtas escadas até um ponto onde me deparei com muitas portas abertas, a medida que andava pelo corredor, era perceptível camas, brinquedos, armários, roupas, muitas coisas no chão, o local era bem fechado, e com certeza de difícil acesso, percebi isso ao chegar no final e ver um mapa desse prédio, a única cidadezinha que tinha era Kamabuco, uma vila, a 28 km, e Tokyo de onde viemos que era a 17km, mas mesmo assim para lá não poderíamos voltar.

— Ele não responde... Acho que vou voltar. — Ran aparece na beirada da escada vindo em minha direção, era como se conhecesse o lugar.

Eu não queria ficar sozinha, não conhecia aquilo, não sabia se havíamos sido seguidos, ou se qualquer pessoa maníaca iria entrar naquela casa.

— Ran... Não vai...— "Oque estou dizendo?! Merda é como se eu falasse que ele não pode salvar o irmão! E é do rindou que estávamos falando" Pensei isso com uma expressão de desespero.

— Ahn? Está me pedindo para abandonar meu irmão que eu nem sei se está vivo? Que foi S/n? Medo do escuro.

Ele sorriu para mim e desceu as escadas, fui atrás dele o mais rápido que podia e segurei em seu braço.

— Ran, pra começo de conversa vocês me enfiaram aqui! Eu não tenho que saber oque acontece na vida de vocês! Afinal vocês são os sequestradores / Seguranças!

— Garota... Você consegue ser mais cruel demais quando quer. — Ele puxa o braço indo para a porta de entrada.

— Feche as janelas, tem uma chave que fecha todas, e outra que fecha a porta, se eu não voltar... Você estará livre.

— Voltar!? Ran!

Ele fecha a porta na minha cara e eu começo a bater.

— Ran! Por favor, o Rindou não está aqui... Não... Me deixe também.

Fico olhando a porta triste, e então ele a abre.

— Droga! Por que você é assim? Merda!... Eu nunca fiquei tanto longe dele... Entende isso? — A forma que ele falou isso soou dolorosa.

— Ran...

Corro na direção dele e na ponta dos pés o beijo, eu imaginava que ele fosse me afastar, mas pelo contrário ele segurou minha cintura de forma firme.

— Você é uma desgraçada.

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