Capitulo 2

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Depois de uma péssima noite de sono, levantei-me antes do nascer do sol.
Lavei meu rosto na água gelada, o que me fez despertar ainda mais, refiz a trança que costumava usar todos os dias, calcei minhas botas, peguei meu arco e desci.
A única que ainda dormia era Anne. Mamãe preparava o café, Taylor estava à espera encostado na mesa da cozinha e Brian calçava suas botas para trabalhar.

- Bom dia! - disse, passando por todos indo em direção à porta

- Não vai tomar café, querida? - Minha mãe pergunta.

- Não estou com fome, preciso caçar! O inverno está chegando e preciso aproveitar os últimos dias de outono para isso. - Saio, fechando a porta.

- Emilly, espere! - Brian gritou, mas eu o ignorei

Na verdade, eu precisava distrair minha cabeça. Não queria conversar, não agora. Eu precisava sair!

- Eu vou contar para ela hoje. - Paro imediatamente ao ouvir o que ele diz. - Assim que chegar do trabalho. E gostaria que estivesse aqui...

- Estarei. - Digo, continuando meu caminho.

Vou até o celeiro atrás de Atlas, ele era meu companheiro, ganhei de presente do meu pai. Atlas tinha o pelo todo preto, reluzente, um cavalo digno de guarda real.

- Ei, menino! – digo, enquanto acaricio seu focinho e ele me retribui, balançando a cabeça. – Vamos para mais uma aventura?

Coloco a cela em Atlas e ponho-me a cavalgar. Cavalguei depressa sentindo o vento em meu rosto, e essa adrenalina de certa forma me acalmava. A manhã estava ainda mais gelada, a cada dia que se passava mais sinais do inverno apareciam.

A floresta não era tão densa a ponto de ser escura, mas era grande e até assustadora para algumas pessoas. Pinheiros altos e cheios de galhos tomavam todos os lugares, arbustos de ervas, frutas silvestres e troncos caídos serviam de toca para muitos animaizinhos como esquilos, coelhos...

Desmontei do cavalo às margens do rio, amarrei a corda num tronco de árvore de forma que Atlas ficava livre para beber e comer.
Comecei a caminhar mais para dentro da floresta, que ficava mais silenciosa a cada passo. Caminhei por quase que uma hora e nem ao menos um coelho desta vez...

Quando estava decidida a voltar, vi de relance um cervo por detrás de um arbusto. Um cervo!!!
Ele estava concentrado em pegar as últimas folhas que ainda restavam num arbusto e quase não me ouviu.
Caminhei devagar até me encostar num Pinheiro e ficar quase que de frente para o animal.
Armei o meu arco, posicionei à frente do corpo, semirrecando o olho, puxando o braço para traz, fixando-me bem.

Respira... só mais um pouco... com calma... e

De repente, ouço o barulho de uma flecha cortando o ar, que acertou o cervo em cheio.

E não, não era a minha flecha!

Eu não estava sozinha!

Meu coração começou a bater mais forte, abaixei meu arco e procurei ficar quieta. Coloquei o capuz e comecei a olhar em volta, mas não via ninguém! O único barulho que se escutava era a brisa no topo das árvores. Continuei encostada no tronco sem nem ao menos me mexer. Procurava controlar ao máximo a minha respiração.

Em algum momento o dono da flecha iria até sua presa e eu descobriria quem era.

Atlas! Meu cavalo estava sozinho e talvez em perigo também!

Eu olhava fixamente para o arbusto onde o cervo havia caído, meus batimentos ainda estavam descompassados.
De repente, ouço pequenos gravetos se quebrando no chão atrás de mim, era sinal de passos! Agarrei com força a adaga na minha cintura e resolvi contornar o tronco, me virando de uma vez e empunhando minha adaga, de modo que ficasse de frente para o caçador.

Reinado de EspinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora