02-hogworts (R)

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— Sei que vai ser difícil para você, Percy, mas tente se socializar — disse ela, o que fez meu estômago revirar. Ela vai continuar insistindo para que eu faça amigos, mesmo depois de ter julgado todos aqueles que apresentei.

Rony se despediu de Bill, Charlie e de mim. Ele parecia triste com a nossa partida, mas também ansioso. Ginny, por outro lado, nos segurava como se não quisesse nos deixar ir. Era estranho vê-la tão pequena, fazendo birra, já que a última imagem que eu tinha dela era como uma mulher madura e rebelde.

Assenti com a cabeça e entrei no trem. Sentei-me com Bill e Charlie, mas Bill logo ficou entediado e foi procurar algum amigo. Agora, eu estava sozinho com Charlie. Como puxar assunto com ele? Fazia tanto tempo que eu não conversava com Charlie... mas resolvi tentar.

— Você está pensando em se tornar um treinador de dragões? — Perguntei, jogando o assunto no ar. Ele pareceu um pouco surpreso. O Percy do passado provavelmente estaria lendo um livro naquele momento, já que ninguém tinha ideia de como seria a seleção.

— Talvez... não sei. Quero trabalhar com isso... — respondeu Charlie.

— Mas você também quer sair de casa, seguir sua vida e ir atrás dos seus objetivos — completei.

Lembrei-me da discussão que tivemos em casa quando Charlie anunciou que iria embora, assim como a briga que tive com Bill quando ele decidiu ir para o Egito.

— Como você sabe? — perguntou Charlie, desconfiado.

— Está estampado na sua cara. Mas você deveria continuar perseguindo seus objetivos, Charlie. A mamãe vai entender, ela pode ficar um pouco triste, mas não pode te prender para sempre.

Charlie parecia envergonhado.

— Está tão óbvio assim que eu gosto de dragões e quero sair de casa? — Sua voz saiu um pouco insegura.

— Só um pouquinho — sorri. — Mas não se preocupe, eu só percebi porque presto muita atenção.

Charlie riu levemente.

— Você fala como um velho — disse ele, e eu quase mordi a língua.

Charlie começou a falar com entusiasmo sobre dragões, sobre como ele queria viajar o mundo montado em um. A mente de uma criança às vezes era engraçada, pensou Percy.

Foi divertido conversar com meu irmão. Eu tinha certeza de que essa foi a conversa mais longa que já tivemos. Eu e Charlie nunca fomos tão próximos; ele sempre esteve mais ligado a Bill, pelo que me lembro.

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Finalmente chegamos a Hogwarts. Uma onda de nostalgia me invadiu ao ver o castelo novamente, depois de tanto tempo.

Quando desembarcamos, vi rostos que reconheci. Pessoas que eu sabia que morreriam no futuro. Preferi não olhar muito para elas; isso estava me deixando para baixo.

Agora era hora da seleção. Muitas crianças ficaram surpresas ao ver o Chapéu Seletor. Depois de um tempo, chamaram meu nome, e eu caminhei até o banquinho. A professora McGonagall colocou o chapéu em minha cabeça, e eu percebi que ela parecia um pouco surpresa. Achei que, antes mesmo de o chapéu tocar meu cabelo, ele já diria: "Grifinória".

— Ora, ora... O que temos aqui? Um Weasley viajante no tempo — disse o chapéu.

Porra... ele sabe, pensou Percy.

— Não precisa se preocupar — continuou o chapéu. — Não vou contar a ninguém sobre isso. Tenho coisas mais importantes para me preocupar.

Percy refletiu sobre o que poderia ser mais importante para um chapéu falante.

— Me sinto um pouco ofendido por isso — disse o chapéu, com um tom brincalhão. — Mas vamos ver essa sua mente. Mudou muito pouco... Lufa-lufa? Não... você não tem ambição suficiente para a Sonserina. Agora resta Corvinal ou Grifinória.

Percy estava ansioso e nervoso. Enquanto isso, algumas pessoas já pareciam impacientes com a demora do chapéu para decidir.


TRAIDOR-PERCY WEASLEY Onde histórias criam vida. Descubra agora