4- Homem solitário

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  6 meses se passaram desde que o sol desapareceu, a escola onde Jully estudava sofreu um acidente, pois uma criança derrubou uma vela na biblioteca começando um incêndio que devastou a escola inteira, isso aconteceu no horário onde todas as crianças estavam durmindo, por isso as poucas que sobreviveram morreram logo depois pela intoxicação. Jully poderia estar viva, não se sabe, seu corpo não foi encontrado.
 
  George estava vivendo em uma casa que ele tinha invadido, tudo estava derrubado, ele durmiu na cozinha, em cima de uma mochila que ele sempre carrega, lá estão fotos da sua filha tocando piano e também algumas com a mãe de Jully, nessas fotos o rosto dela estava riscado com caneta azul. A cozinha estava bagunçada, os armários estavam abertos, os copos estavam espatifados pelo chão, os pratos ainda estavam na pia esperando serem lavados, quem morava naquela casa fugiu para algum lugar.
 
  Entrando na sala de estar tinha uma "piscina" de areia para gatos, o cheiro estava insuportável. O sofá estava carregado com algumas sacolas, não se sabia ao certo o conteúdo. George abriu as sacolas e dentro delas estavam livros escolares, provavelmente esses pais queriam prezar pela educação dos filhos e não queriam abandonar isso.
 
  - Livros? Quem se importa com isso? Francamente, vai se foder! Escola de merda! Vocês me tiraram a única coisa que me importava!
 
  Ele chutou a sacola. Ao chutar a sacola, ele escutou o som de um vidro quebrando, revirando as sacolas para saber o que era encontrou um retrato, nela tinha um homem forte, com barba, sorrindo, rodeado por um garoto pequeno, com metade de sua altura, magro, com um cabelo loiro enrolado, parecia com os cachos de um anjo. Do outro lado uma garota negra, muito bonita por sinal, com um cabelo cacheado. Provavelmente as duas crianças eram adotadas, observando a imagem George se sentiu um tolo. Ele mal dava atenção para sua filha, talvez seus únicos momentos com ela era em seus ensaios ou apresentações. Ele não foi um bom pai.

  George se recompôs e tentou enxergar algo pelo buraco da porta, alguns postes ainda funcionavam. Para entrar em uma casa ele sempre se certificara que o poste da frente estava aceso, isso significava que talvez a casa ainda possuisse um resquício de energia, com isso ele podia entrar em casas e tomar banhos quentes, esquentar comidas ou algo do gênero. Repentinamente ele ouviu um som de algo cortando os céus, talvez fosse um jato, cresceu nele uma esperança de que, de alguma forma o exército ainda existisse.

  Essa casa possuía dois andares, então ele subiu para o segundo o mais rápido possível, abriu a janela e olhou para o céu, um jato sobrevoava a cidade, no horizonte prédios estavam em chamas, a cidade estava em chamas, não havia uma luz que se destacasse a não ser a do fogo. Olhando para o outro lado um ser assustador, baixo, com cabelos longos e o rosto coberto estava o observando, ele achou que fosse uma alucinação. Sua filha estava o observando? Impossível, fechou os olhos e coçou-os com a mão, depois abriu os olhos e aquela figura já não estava mais ali.

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