5- Bike Runners

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  Sobreviver em grupo era muito mais vantajoso e inteligente, grupos que eram radicais e violentos eram chamados de "Faihreits", eles assaltavam pessoas inocentes em busca de alimentos ou de mão de trabalho.

  Esse grupo em específico possuía um tipo de base, fora da cidade aos arredores de Manhattam, longe de qualquer ameaça ou exército, esse grupo foi formado por ex-militares e possuiam em suas mãos mais de 30.000 pessoas.

  Eles obrigavam essas pessoas escravizadas a pedalarem forçadamente
para gerar energia elétrica, através de bicicletas, essas pessoas eram chamadas de "Bike Runners". Através da energia gerada eles praticam agricultura. Neste lugar se encontra o ponto de partida da história dos gêmeos Johann e Anna, alemães que vieram para os Estados Unidos em busca de trabalho.

  - Ei, a gente tem que fugir dessa merda! Eu como pior que um porco, quem sabe até um porco come melhor que eu!

  Espantada com a altura da voz de seu irmão ela o corrige:

  - Fala mais baixo, você esqueceu do que eles fazem com os rebeldes? Dependendo do crime eles até matam.

  Chegara a hora do descanso, é nessa hora em que os Bike Runners recebem a 2° refeição do dia. Uma refeição minúscula, grande parte das vezes era uma fruta, se fosse um pão seria um dia de sorte. Por fim durmiram, antes disso discutiram sobre alguma possibilidade de fuga porém todo o lugar era coberto e vigiado por homens armados.

  Um aviso ecoava por todo o campo, era o dia do ódio, nesse dia sempre levavam um rebelde para ser executado em frente a todos os homens livres e os Bike Runners. Quando a hora chegou, na praça pública com uma luz fraca, apareceu um rosto, aparentemente já deformado, em seguida surge um soldado e então começa seu discurso:

  - Todos sabemos porque ele está aqui! Esse homem foi pego tentando fugir do campo, tentando nos trair, tentando matar um dos nossos! Esse homem traiu esse lugar! E merece a morte!

  No meio da gritaria os dois irmãos conversavam, sem tirar os olhos do condenado, pois quem tirasse seria morto, o Faihreit possuía olhos em todos os lugares, se alguém colaborasse com a fuga do outro, esse alguém seria torturado e morto, ninguém queria isso, então sempre denunciavam, não importava quem fosse.

  - Eu não tolero esse ato, como alguém pode fazer isso com um ser humano! Isso é desumano, pessoas como essas merecem morrer! Johann falava isso quase sem gesticular a boca, coisa que ele sabia muito bem.

  - Você já foi chicoteado tantas vezes, por que ainda insiste em tentar fugir? Te machucaram só por olhar com cara feia, imagina se tentar fugir! Por favor irmão, não faça isso.

  Johann sabia que poderia morrer, mas prefereria morrer do que continuar vivendo daquele jeito, ele só estava esperando uma brecha para fugir, só bastava uma brecha. Depois disso o homem voltou com seu discurso:

  - Libertação ou Morte? Escolham!

  - Morte! A praça inteira gritou ao mesmo tempo, ninguém queria que ele morresse, na verdade todos gritavam isso somente pelo medo da morte, que o assolavam.

  - Então o povo escolheu, atirem nele! - Quando o soldado segurou a arma e apontou para ele, um ser caiu do céu. Ele tinha um tronco cilíndrico e vários braços, seus olhos estavam nos lugares da boca, suas bocas estavam nas suas costas, seu ruído parecia com a de uma baleia azul, era um ser inexplicável.

  - Anna! Corre, Anna! - Johann gritou. Anna estava paralisada, ela sentiu que a morte estendia a sua mão para ela. Um dos braços do monstro estava indo em direção a ela, porém ela estava paralisada, seus olhos estavam arregalados, sua boca não se fechava e o medo a consumia.

  - Anna! - Johann pulou e a derrubou. Segurando a pelo braço correu e encontrou um carro que o grupo tinha roubado, os sons de tiros não acabavam.

  Quando estavam chegando na saída uma mulher gritou e Johann parou o carro.

  - Levem essa criança, se quiserem não me levem mas levem ela, por favor!

  A mãe da criança era magra, já possuia rugas no rosto e mal conseguia se manter de pé, a criança por sua vez estava de mão dada com a mãe, olhava fixamente para os olhos de Johann, com a expressão semelhante a um cachorro recém nascido, em sua outra mão segurava um urso de pelúcia sem um olho e braço, aparentemente era o único brinquedo que ela tinha.

  - Eu não quero morrer! Se levarmos uma criança e uma senhora só vamos ter mais dificuldades ainda! Vamos embora irmão! - Johann logo a interrompeu:

  - Mas que merda você está falando? Você não quer viver? Mesmo num mundo como esse? Você não sente o que essa mãe está sentindo? Deixe de ser egoísta, pense no que ela está sentindo! - Logo Anna se calou.

  Quando a senhora estava prestes a entrar no carro uma bala perfurou seu estômago, era um caso perdido, não havia médicos nesse mundo, ela estava condenada a morrer. Com um sorriso no rosto e olhos fechados para esconder suas lágrimas, segurou forte as duas mãos da garota e disse:

  - Você tem que ir com esse homem, ele vai cuidar de você, pode fazer esse último favor para a mamãe? - A criança não entendia o que estava acontecendo.

  Johann logo desceu do carro e disse:

  - Vem, a mamãe precisa descansar, escuta ela, quem sabe eu posso até te dar uma boneca, que tal? Vamos. Logo a garota entrou no carro.

  Colocando a cabeça na janela a garota disse:

  - Eu te amo mamãe!

  E a mãe respondeu, com um sorriso no rosto quase se acabando em lágrimas:

  - Eu te amo minha garotinha.

Onde Está O Sol?Onde histórias criam vida. Descubra agora