Capítulo 63 - Sob a Terra

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Meng Fei estava em choque. A última lembrança dele era que Li Jiong estava vigiando para ver se ele iria mesmo descansar, deitado a uma boa distância. Ele não se lembrava em que momento ele adormeceu e nem como o outro veio parar ao seu lado. A mão de Li Jiong não o segurava com força, mas estava bem presa, como se quisesse garantir a posse daquela pessoa para si.

Meng Fei chutou estes pensamentos para longe. Obviamente que Li Jiong era uma pessoa dedicada ao cultivo, sem tempo para ter tais ideias mundanas. Agora ele... A face de Meng Fei estava corada, ele podia sentir a mão calosa sob a tecido fino do qual era feito seu roupão. Ela era quente, grande e com dedos longos e também calejados de tanto treinar e empunhar uma espada.

Ele labeu os lábios secos, ele não queria acordá-lo. Vendo o dormir assim, ele parecia tão tranquilo e confortável, algo difícil de ser ver recentemente. Meng Fei quase ficou com torcicolo de tanto admirar aquela pessoa com as sobrancelhas relaxadas e seu perfil de rosto elegante. Ele se lembrou do antigo namorado e fez uma careta. Não que ele não fosse bonito, mas que sorte ele teve de arranjar alguém tão interesseiro!

Li Jiong era tão amável, atencioso, sincero... seria bom encontrar alguém como ele... Meng Fei voltou a se deitar e aos poucos voltou a dormir, dessa vez serenamente, sem o calor da febre ou de pensamentos que não seria correspondidos. Pouco tempo depois, Li Jiong começou a despertar. Ele sentiu o calor do corpo do outro e a fragrância que vinha de seus cabelos.

Ainda sonolento e semi-consciente, ele se aconchegou para mais perto de Meng Fei, de forma que ele podia aspirar o perfume suave do pescoço. A mão dele estava repousando firme sobre a cintura macia e ele a acariciou de leve inconscientemente. Então ele abriu os olhos assustado. O que Meng Fei iria pensar se acordasse e visse isso? Ele perdeu o juízo???

Apesar do tumulto interno, Li Jiong retirou a mão devagar, com a respiração retida, como se o menor sopro de ar fosse despertar a pessoa ao seu lado. Felizmente Meng Fei estava mesmo muito cansado e suas bochechas estavam ligeiramente avermelhadas como as de uma criança quando dorme demais.

Li Jiong o observou, vendo que ele não parecia nem perto de acordar, ele tocou a face quente com suavidade, deslizando o dedo até traçar o contorno dos lábios finos. Ele nunca imaginou que um dia isso fosse acontecer, mas ele percebeu que o achava indescritivelmente belo! Por tanto tempo, as vezes em que ele e Meng Fei do mal se encararam frente a frente, tudo o que ele sentiu foi raiva e asco.

E agora, ele podia jurar que não havia ninguém mais atraente do que essa pessoa no mundo! A pele era tão branca quanto jade polido, os cabelos pretos, macios e perfumados, e os olhos, grandes e acinzentos como um céu nublado refletido sobre a água congelada. Ele se levantou com cuidado e sem ruído. Ele queria que poder admirar por mais tempo essa pessoa dessa forma. Ele parecia tão indefeso.

Li Jiong considerou o que ele sabia de Meng Fei até agora. A vida dele foi tão dura e sofrida. Ele gostaria de poder oferecer estabilidade a ele, mas em tempos de guerra isso parecia impossível. Ele decidiu procurar Feng e Huang e conversar com eles sobre isso. Ele precisava garantir a todo custo que Meng Fei não seria prejudicado de forma alguma nesse conflito.

Quando Meng Fei acordou já era de manhã novamente. Ele ficou perplexo por ter dormido tanto.
"O que você pos no meu chá?" Ele brincou cuticando o braço forte de Li Jiong. O outro riu, sentindo-se revigorado naquele começo de dia.
"Acredito que um chá medicinal de vez em quando não lhe fará mal."

Eles estavam terminando de tomar o café da manhã quando Wang Hui pediu para falar com Li Jiong com urgência. Foram encontrados indícios de uma movimentação estranha próxima à vila, com rastros deixados sob o solo. Li Jiong sentiu um peso sob o peito. Era possível que Meng Fei tivesse acertado e que o exército inimigo tentou a noite invadir a vila.

"Vamos verificar isso." Ele disse em voz baixa, embora Meng Fei tivesse ouvido e insistiu em acompanhá-lo. Quando chegaram a vila, Shi Hung já se encontrava lá. Havia vários cultivadores inspecionando os arredores. Sob o solo estendiam-se rastros circulates, como se algo pontudo fosse fincado sob a areia, formando pequenos buracos arredondados não muito profundos.

Meng Fei começou a caminhar por perto, analisando.
"Não encontramos nenhum demônio, mas as pegadas apontam para a direção oeste. Tem um complexo de cavernas nesta área, onde eles poderiam muito bem se esconder." Shi Hung disse. Ele e Li Jiong concordaram em investigar por hora esta região.

Os gêmeos sobrevoaram o vale e vendo ausência de vida, garantiram a segurança deles. O cultivadores desceram a encosta, decidindo formar grupos para verificar as cavernas.
Meng Fei tinha suas dúvidas. Por que um exército poderoso se esconderia em cavernas? Além disso, lutar em um ambiente fechado não seria desvantajoso? Ou que tipo de oponente poderia se aproveitar de uma situação nessas condições?

Ele estava cabisbaixo, pensativo. Sobre o solo ele percebeu o mesmo brilho translúcido que a teia das aranhas-formiga haviam deixado perto da vila. A mente descansada agora trabalhava de forma incessante. Esses rastros os trouxeram até aqui... foi de propósito ou eles pensavam que o vento forte da montanha os encobriria? Meng Fei observou o vale. Tão extenso...

He Nan Qun apareceu ao seu lado, ele estava atrasado desde manhã.
"Olá! O que foi que eu perdi?" Ele cantarolou dando alguns passos a frente. A areia tremeu levemente com os saltos dele. Meng Fei de repente empalideceu e murmurou em voz baixa "He Nan Qun! Venha para cá devagar!"
"Hã? O que há de errado?" Ele perguntou, voltando. Meng Fei estava segurando a respiração, um dos cultivadores também estava vindo naquela direção.

"Ei! Você! Não prossiga!" Ele disse entre dentes. O cultivador o encarou aborrecido. "Por que não?" E continuou a andar. Dessa vez Meng Fei não teve tempo de falar, antes que o homem desse mais um passo, uma fenda se abriu sob o solo e a cabeça preta e brilhante de uma enorme aranha-formiga se estendeu para a frente com as pinças prontas para pegá-lo. O cultivador gritou apavorado, caindo para trás, mas uma bola de fogo explodiu entre ele e o predador.

"Anda!" Meng Fei o arrastou pelo braço. O cultivador ergue-se em um sobressalto, correndo tão rápido que Meng Fei o perdeu de vista. Infelizmente, o alarme já havia sido dado e um exército de aranhas-formigas surgiu do chão. He Nan Qun estava paralisado diante desta situação, branco como uma folha de papel. Meng Fei riu consigo mesmo, agarrando-o também pelo braço e correndo em disparada enquanto arrastava estas duas almofadas bordadas.

Nota da Autora:

Ugh! Dá uma agonia mesmo ver formigueiros, não que eu esteja mantando formigas. Deixo elas em paz e pronto kkkkkk.
Quem mais tem tripofobia?

Transmigrei Por Acidente Para Um Mundo De Cultivo.Onde histórias criam vida. Descubra agora