Transmigrei Por Acidente Para Um Mundo De Cultivo.

Capítulo 9 - Conversas Sobre o Passado

Li Jiong estava pensativo durante o caminho de volta e Meng Fei preferiu não interromper seus pensamentos. Ele trouxe consigo o ramo de flor de ameixa e o colocou em um vaso na escrivaninha do escritório. Li Jiong havia acabado de sair do banho e vestia  roupas mais "soltas" que Meng Fei chamou de pijamas. Estas roupas eram bem mais confortáveis, ele realmente não entendia como as pessoas desse mundo aguentavam andar o dia inteiro  "amarrados" dessa forma.

Ou como eles não podiam deixar de consultar o celular a todo tempo. Agora ele entendia que alguém poderia trabalhar até morrer neste mundo. Li Jiong procurou Meng Fei e o encontrou no escritório ouvindo um áudio naquela língua estranha. Não querendo atrapalhar, Li Jiong parou para conhecer melhor esta parte da casa. Tinha uma estante de livros, estes pelo menos tinham uma escrita semelhante à que ele conhecia.

A maioria era sobre arquitetura e urbanismo, porém em uma prateleira mais abaixo, havia exemplares sobre a história da música, manutenção de instrumentos e um livro de partituras para piano. Ele olhou com atenção o instrumento na capa do livro e o reconheceu em dos cantos do cômodo.

Curioso, ele se aproximou e comparou o livro com o objeto real. Seus olhos então pousaram em um retrato sobre o piano. Era a única foto na casa inteira. Um senhor de aparência respeitável, completamente calvo, pousava para a foto em trajes formais. Sua mão repousava calorosamente sobre o ombro de um garoto, de talvez uns doze anos, também vestido de modo formal.

Ele segurava um ramalhete de magnólias e sorria para a câmera como se este fosse o momento mais especial de toda sua vida. Atrás de ambos estava um piano de cauda preto. Li Jiong reconheceu o jovem. Os mesmos olhos cinzentos brilhantes e o sorriso largo. Mas o senhor ao seu lado parecia muito velho para ser seu pai.

Talvez o avô? Li Jiong pensou.
Meng Fei então terminou de ouvir o áudio e batucou os dedos sobre a mesa, refletindo.  "Parece que os versos que você escreveu para matriz estão mais ou menos no caminho certo."

"Era o seu conhecido de outro lugar?"
"Sim. Eu não disse antes, o nome dele é Marcus Gray. Ele conseguiu alguns símbolos   semelhantes encontrados no período da Dinastia Tang. Embora isso não significa que tenha existido essa dinastia no seu mundo. Nesse aqui, a Dinastia Tang é conhecida pela popularização da escrita então é claro que ele encontraria mais textos antigos desta época."

Ele meneou a cabeça, pensativo. "Ainda bem que Peng Niu tinha os livros que eu pesquisei, eles datam de tempos mais antigos. Mas também pode haver alguma pista sobre os textos da Dinastia Tang. Nessa época o budismo era muito bem aceito e é possível que tradução da matriz indica uma abertura para uma das portas do Inferno." Li Jiong coçou a cabeça, confuso.

"Tem alguma seita budista no seu mundo?" Meng Fei perguntou.
"Sim. Tem uma crença budista e uma taoista. Os membros delas convivem bem entre si mas Meng Fei não pertence a nenhuma delas."

"Bom, mas  ele só precisaria conhecer os princípios, não é verdade? Acreditando ou não ele tentou literalmente te mandar para o inferno, haha, o problema é que ou aqui é o inferno ou ele cometeu algum erro de cálculo. Não vou nem considerar que o Inferno não existe já que eu estou vendo que existem outros mundos!"
Meng Fei parecia ter entrado em um monólogo de ideias.

"Também estive pensando em alterar a ordem dos versos, nós os escrevemos como se o sentido de leitura da matriz fosse de fora para dentro mas poderia ser o inverso, ou também se consideramos que cada anel da matriz fosse vista de um ponto de vista tridimensional... ah desculpe, eu me empolguei depois da visita ao parque, haha..."

Li Jiong estava pálido com tanta informação e sentiu sua cabeça rodar. Ele não estava conseguindo acompanhar todo o raciocínio de Meng Fei, mas apesar disso, uma onde de confiança surgiu em seu coração. Se havia alguém que poderia enviá-lo de volta, esta pessoa era esse homem à sua frente.