Capítulo XI

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Kiba balançou a cabeça negativamente antes de passar as duas mãos em seus cabelos em um gesto que expressava unicamente a frustração que sentia.

Deixou a sala do Uchiha e caminhou chegando rapidamente ao seu quarto. Trancou a porta antes de se dirigir a uma pequena área quadriculada de refrigeração acoplada à parede. Abriu a porta branca de metal e de lá retirou um pequeno vidro cheio de um líquido vinho junto a uma seringa. Sentou à cama, furou com a agulha a parte de cima do frasco e puxou o líquido para em seguida bater com a mesma agulha sobre a parte inferior de seu antebraço, fazendo a agulha penetrar imediatamente sua carne e o líquido vinho se extinguir da seringa.

Apesar desta substância não ser derivada de nenhum material orgânico, era como injetar uma grande quantidade de ópio, que foi imediatamente entorpecendo seus sentidos. Kiba repetiu a dosagem em seu outro antebraço e caiu para trás sobre a cama, gostando da ideia de não sentir nada, pois ao contrário de Sasuke que - apesar de não falar sobre - sofria por não sentir nada, Kiba sofria por sentir tudo.

Kiba não pela primeira vez nos últimos meses, começava a acreditar que estava na borda. E ao contrário de muitos dependentes químicos, ele admitia que já estava viciado naquelas substâncias e não conseguia parar. Não conseguia se afastar do que o fazia desligar por curtos momentos.

                             ~••~••~

O céu estava nublado o que não era nenhuma surpresa em Uchiha, mas nos últimos dias parecia haver alcançado o ponto alto.

Gaara que por tanto tempo nunca soube o que era o amor, depois de parcialmente aceitá-lo de seus irmãos, e totalmente e principalmente de Ino, sentiu seu coração falhar uma batida quando não encontrou a loira em nenhum lugar dentro daquela enorme mansão.

Mesmo conhecendo os possíveis lugares onde ela poderia estar, ainda levou uma hora procurando-a. Ino estava no alto de uma grande elevação de terra, com suas mãos tocando o chão rochoso enquanto suas pernas ficaram dobradas nos joelhos balançando à borda, olhando para frente; enquanto o vento fazia seus fios loiros baterem rebeldemente em suas bochechas.

- O que faz aqui? - Ele perguntou caminhando até ela. Parando a quatro metros de si, observando suas costas cobertas por uma jaqueta negra de couro.

- Ela não acredita. Ela não quer acreditar.

- Não era o momento certo para contar. Meter os pés pelas mãos nunca ajudou em nada.

Rapidamente Ino estava de pé, de frente para Gaara, ainda a mesma distância.

- Não é o momento certo? Já notou que estamos em guerra, Gaara? - Perguntou e Gaara não deixou de notar a grande nota de exasperação em sua voz.

- Já notei. Mas tudo está sob controle. Uchiha está com a vantagem. - Disse ele que estava com uma mão à cada bolso da calça.

- Essa vantagem não impediu que muitos Uchihas perdessem a vida, e como qualquer um também podemos perder as nossas. Isso me fez ver que temos a obrigação de lhe contar a verdade sobre nós. Mitsue e Hyoga Haruno provavelmente estão mortos, Sakura vai sofrer por suas perdas. Embora eu acredite que nutriam algum sentimento por ela, nunca foram realmente seus pais, enquanto ela se agarrou tão unicamente em laços familiar com um pai e uma mãe que não retribuiam da mesma forma, e isso é o inferno de injusto. - Ino olhou diretamente em seus olhos - Não sente nada por ela?

- É claro que sinto.- Respondeu ligeiramente ofendido. - Mas diante os acontecimentos era preferível lhe contar depois que tudo isso houvesse acabado, principalmente pela morte de seus supostos pais.

- Como deixamos as coisas chegarem esse ponto? E por que? A troco de quê? De repente cinquenta anos passaram-se num estalar de dedos e estávamos saindo em uma missão arriscado nossos pescoços. Não acho mais que valeu a pena.

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