Cardigan

5° Capítulo

5° Capítulo — "De qualquer jeito, sobreviva!"

Desde pequeno Seokjin mostrava aptidão natural para a musicalidade, aprendendo a falar gostava de repetir sons que lhe soavam mais agradáveis, crescendo um pouco mais, os juntou aos batuques nas panelas velhas da mãe, vivia cantarolando suas melodias inventadas em um rudimentar beatbox, na adolescência se interessou pela banda da escola e aprendeu a tocar vários instrumentos até se apaixonar pelos de corda, a sensação do metal vibrando sob a pele de seus dedos, reverberando dentro da sua alma e ecoando em seu coração fora indescritível como se a própria guitarra velha e aos pedaços tivesse lhe escolhido. Participando dos eventos escolares competiu com os outros alunos e escreveu sua primeira música para vencer, ainda se lembrava da platéia minúscula de poucos pais, do sentimento quente em seu peito pelos aplausos e assobios, com o troféu pequeno e empoeirado na prateleira do quarto fez do hobby seu refúgio e de seu aparelho uma mesa de som, passava horas compondo sem parar, seus pais aflitos por negar arrumar um emprego e uma faculdade que fossem mais promissores, na juventude amava tocar nos bares a noite, das bebidas grátis, das gorjetas, dos garotos e garotas. Foi em uma dessas noites que transou com um olheiro falido que quase o convenceu a assinar um contrato, mas se era bom o suficiente para isso, poderia mesmo ser um artista. Investiu todo seu dinheiro em melhores equipamentos e instrumentos, enlouquecendo o pai ao transformar sua garagem em um estúdio, procurou por outros que como ele também tivessem algum talento, o primeiro fora Hoseok, o baixista era bom e partilhava da mesma paixão intensa por cordas metálicas e sobre elas, a amizade foi construída, o segundo, Jungkook, o baterista que já havia passado por outras bandas e tinha um estilo próprio e um pouco diferente, por isso não se encaixava ou parava quieto em um lugar por muito tempo e por último, mas não menos importante, Taehyung, a estrela grave que os fez chorar em uma noite de bebedeira e karaokê com sua voz angelical. E por mais de sete dias na semana, ensaiavam na garagem de seu pai, quase estourando as caixas de som e dando nos nervos dos vizinhos que reclamavam ameaçando chamar a polícia, quando não ensaiavam ficavam os quatro largados fumando maconha, rindo atoa, conversando coisas sem sentido, falando besteiras e fantasiando sobre a fama. Mais do que uma banda, haviam feito dela uma família, compartilhavam de medos, sonhos, emoções e conquistas. A primeira que conquistaram foram quando receberam uma boa proposta de uma gravadora, mas resistiram e continuaram tocando nos bares, gravando os ensaios para postar na internet até que o post de um cover viralizou e da noite pro dia suas vidas foram viradas do avesso e de cabeça para baixo, dando um sentido novo e inesperado.

A grande questão é, independente do tempo, do passado e do grande cuzão que era, seu talento permanecia imutável e inquestionável, era bom, bom pra caralho. Fora inteligente o suficiente para se aprimorar, somar a dádiva ao seus esforços, era o melhor. E disso, sentia e era orgulhoso, estufava o peito e sorria arrogante, era uma das suas muitas faces que perdurou vitalícia.

No entanto, para mídia os fatos eram distorcidos, depois do ocorrido no aeroporto, seu caráter podre estava sendo posto a prova e usavam qualquer coisa para lhe atribuir um novo traço de personalidade, levantando questões bobas sobre momentos entre a banda, dele com os fãs, com os funcionários e agora, a dúvida sobre ser, de fato, alguém brilhante ou só um jovem bonito que ficou famoso entre as adolescentes.

— Que se fodam, é óbvio que sou os dois, um puta de um gostoso e um gênio musical! — Declarou irritado afundando o dedo no botão vermelho no controle, desligando a tv.

Assustado deu um pulo no sofá com o estrondo da porta sendo batida com raiva e recuou se encolhendo no canto com os olhos arregalados por ter um Hoseok puto vindo em sua direção.