Capítulo 4

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Olá, queridas leitoras e leitores! Espero que esteja tudo maravilhoso com vocês!  Sei que ainda há poucas pessoas por aqui, mas já agradeço as estrelinhas e comentários! Publicar aqui nesta plataforma é uma experiência sem igual simplesmente pela oportunidade de interagir com vocês sobre nossas aventuras. Espero que a experiência de ler esta história seja tão prazerosa para vocês quanto tem sido para mim escrevê-la. Muito obrigada, um beijo grande no coração! <3

***

Rafe

Depois de me ouvir declarar que eu não confiava nos seres humanos da sua espécie, a feminina, Beck corou e tomou um gole do café. O que ela pensava que eu era, algum tipo de idiota para cair naquela sua conversa de casamento arranjado?

Colocou a xícara sobre a mesa e pigarreou, voltando a me olhar. Ajeitou a camisa sobre o torso, atraindo meu olhar para a região da sua cintura e então para a pele clara dos seios que se insinuava sob a lapela da camisa preta formando um contraste irresistível. Meus olhos queriam morar ali, minhas mãos coçavam para tocar aquela pele que parecia deliciosa e meu rifle estava pronto para atirar. Mas eu ainda tinha um cérebro.

— Nesse caso... — ela começou a dizer, e eu subi o rosto para olhá-la nos olhos — eu tenho a solução perfeita para você.

— Ah, tem? E qual é? — Tentei me concentrar no que ela dizia e largar a mão – ou melhor os olhos – daqueles peitos.

— Você pode se casar comigo — anunciou como se tivesse solucionado o problema de neve acumulada na Highway Beartooth* e eu já não soubesse que era isso o que iria propor.

Pelo visto não se incluía entre as meras mortais — pensei examinando a expressão imperturbável em seu rosto confiando que a minha fosse igualmente calma. Ela tinha ignorado completamente minha declaração de que eu não confiava em mulher nenhuma e sua desfaçatez empurrou uma das minhas sobrancelhas para o alto.

— Não ouviu o que eu falei? Não confio em mulher nenhuma. — Um canto dos meus lábios se elevou. — Isso inclui você — apontei.

— Mas isso é fácil de resolver — falou sem se fazer de ofendida.

Era direta e pelo menos esse crédito eu tinha que dar a ela.

Só que eu não era idiota, Beck me tratava como se eu fosse um asno qualquer, e decidi lhe dar corda só para ver até onde iria antes de sua cara cair no chão.

— Ah, é? E como?

— Com um contrato pré-nupcial. Se for um casamento arranjado, você não tem que se preocupar com nada além de resguardar seu patrimônio, e isso se resolve facilmente com um contrato.

Estreitei os olhos sobre ela.

— E o que você ganharia com isso? Porque é claro que não acredito que faria isso só pelo bem do meu querido tio, não é mesmo?

Ela ergueu o queixo com indignação.

— Para o seu governo, eu faria, sim, esse grande sacrifício pelo tio Jack.

Afundei o cenho ao ouvir a palavra "sacrifício" atrelada a mim, mas deixei passar essa. Por ora.

— Não sei se você sabe, mas ele nunca me abandonou — continuou ela. — Cuidou de mim mesmo de longe e mesmo que minha mãe não merecesse nem um pingo de consideração. Devo muito ao tio Jack.

— Mas você nunca apareceu por aqui — espetei.

Ela encolheu os ombros visivelmente constrangida.

— Vim pouco realmente... Você estava sempre em algum campeonato, por isso nunca nos encontramos. Queria ter vindo mais, mas meus avós não me deixavam viajar sozinha para tão longe e depois... o tempo foi passando... Vieram umas complicações... Mas antes daquele derrame que paralisou o lado esquerdo dele, o tio Jack me visitava com frequência. E saiba que mantenho contato com ele por telefone regularmente.

— Claro que sim... — Passei a língua no lábio inferior sentindo-o ressecado e recobrei, de propósito, a postura despreocupada de antes.

— Você não acredita, mas eu duvido que seus espiões saibam da cirurgia de catarata que ele fez dois anos atrás...

Minhas sobrancelhas se arquearam. De que merda ela estava falando?

— Também duvido que eles saibam daquela unha encravada que inflamou depois que ele tentou capinar a frente da casa sozinho... — Deu um sorriso vitorioso. — Surpreso? Para você ver, é para mim que ele liga para desabafar, para se queixar, para...

— Está certo, está certo... — resmunguei aborrecido. — Fiquei muito tempo ausente por conta dos rodeios e outros negócios... — confessei e ela inclinou a cabeça com um ar superior. — Mas, voltando ao nosso assunto, você ainda não disse o que ganha com isso.

— Ahn... — hesitou por um instante e pigarreou, limpando uma poeira imaginária da camisa e atraindo meus olhos novamente para seu decote. Arre, parecia até de propósito... Como se eu fosse entregar meu pescoço por um par de peitos. Mas nem que a vaca tussa! — Por uma pequena remuneração mensal... — continuou, chamando minha atenção de volta ao seu rosto — pelo tempo que durar o trato... eu faria esse grande favor a você.

Ah, então os peitos estavam fora de questão. Não sabia se isso era bom ou ruim... Era ruim, muito ruim...

— Uma pequena remuneração... Sei... — Outra golpista no meu encalço, pelas penas do Cavalo Louco, eu mereço. Contive a vontade de revirar os olhos e ergui uma sobrancelha, enquanto tentava fulminar a mulher a minha frente com o olhar. Queria que ela se esturricasse e desaparecesse dentro daquelas botas chiques, a última coisa que eu precisava era de mais uma pistoleira seguindo meu rastro. — E... de quanto seria essa "pequena remuneração"? — perguntei e esperei o coice, mas quando ela pronunciou a importância eu me surpreendi.

Não que fosse pouca grana, mas, para um "sacrifício" tão grande assim, era bem menos do que eu esperava, o que só aumentou minha desconfiança. Nesse mato tem coelho, pensei.

— Escuta aqui, Beck, foi só atrás de dinheiro que você despencou aqui? — joguei esperando lhe arrancar aos poucos a verdade.

— Até seu rancho? — Pareceu genuinamente surpresa. — Não! Nossa, eu queria mesmo te ver, Rafe! Não me julgue mal, por favor, eu só estou juntando a fome com a vontade comer, como dizem. — Ela também era prática, pelo visto. — Eu preciso dessa grana, o tio Jack precisa de você, que precisa de uma esposa. Eu posso fazer perfeitamente esse papel.

Mas nem por um segundo eu acreditei nisso.

— Entendo... — menti. — Olha só... Agradeço muito a sua disposição em se "sacrificar" pelo bem da minha família, mas tenho que declinar...

— Tem?

— Sim. Casamento é coisa séria, e eu não costumo resolver meus problemas assim... Ludibriando as pessoas. — Vi que ela assentia com a cabeça, embora corasse feito um pimentão. — Além do mais... acho que tenho capacidade para encontrar uma noiva sozinho, se decidir que casamento é a solução para o meu problema.

— Bom — ela encolheu os ombros —, sendo assim, boa sorte! — concordou rápido demais, e isso me confundiu, o que passava pela cabeça dessa interesseira?

Alisei a barba de dois dias enquanto a observava, ela não parecia nem um pouco afetada pela minha negativa, embora balançasse um pé freneticamente, denotando ansiedade.

— Então... eu tenho que ir... — anunciou. — Volto hoje mesmo para casa e não quero pegar estrada tarde. — Ficou de pé e eu me ergui também. — Foi muito bom ver você, Rafe... De verdade.

Meneei a cabeça concordando.

— Idem. — Inclinei a cabeçaem direção à porta. — Eu te acompanho até o carro.


* Highway localizada na divisa entre o estado de Montana e o Wyoming. Dela é possível ver uma montanha que tem o formato de um dente de urso, mas no inverno ela fica interditada devido ao acúmulo de neve.

A esposa Comprada do Cowboy - Rocky Mountain StarsOnde histórias criam vida. Descubra agora