Capítulo 29

104 18 2
                                    

Rafe

— E então, quais são seus planos daqui para a frente? — Jesse perguntou depois de se reunir a mim perto da pista, de onde eu observava minha esposa dançar com Devlin.

Nunca fui um cara ciumento, sou da opinião de que ninguém é de ninguém, embora gostasse de pensar nela como minha mulher.  Minha, caralho.

Sempre achei que, se existe confiança, não há justificativas para ciúmes ou inseguranças. Talvez, precisamente por isso aquela mão enorme na cintura da minha esposa me irritasse feito um carrapato no traseiro. Confiança não era um termo que abundava em nossa relação. As palavras de ordem eram "dinheiro", "segredos", "mentiras" e, pelo menos de um lado, a paixão insana que eu nunca antes tinha sentido.

Na síntese de tudo isso, a falta de reciprocidade dos sentimentos era o que marcava a distância entre nós dois, distância que eu tinha pressa de aplacar. Estava literalmente viciado nela.

Merda, eu também estava meio alterado pelo álcool e talvez fosse essa a razão por trás da vontade que eu tinha de encher a cara daquele peão de porrada.

Tomei um gole do uísque e voltei a encher o copo com a garrafa que estava em minha outra mão antes de responder ao meu amigo.

— Pego um voo amanhã cedo com Beck e Annabeth para SD. Ela precisa resolver umas pendências por lá e eu também, já sabe.

— Tem a ver com aqueles problemas todos?

— Sim.

— Então ela finalmente se abriu com você.

— Não.

Meu amigo chiou entre os dentes e tomou um gole da sua cerveja.

— E a quantas anda tudo?

— Devagar, quase parando. A última vez que estive lá, o detetive que Boone contratou não tinha descoberto nada que eu já não soubesse... Mas, se dessa vez não tiver nada para mim, vou contratar outro.

Jesse assentiu.

— Não sei por que não acaba logo com isso, fale com ela sobre o assunto... Assim você entende logo de uma vez o que houve e resolve essas paradas todas.

— Porque eu tenho impressão de que nem ela saberia explicar e... porque eu preciso... — Não terminei a frase, meu amigo não precisava saber quão importante era para mim ouvir a verdade dos lábios de Beck.

— Fico pensando... Ouvi uns rumores lá em Hot Springs, mas não consigo imaginar a Beck fazendo nada disso de que a acusam.

— Nem eu. Do contrário, nem perderia meu tempo investigando. Mas minha boa-fé nela não serve de nada sem provas e, se eu não fizer algo rápido, vou ter que visitar minha esposa no presídio feminino muito em breve.

— Está pensando em matar essa garrafa apertando o gargalo com a mão? — Jesse mudou de assunto no preciso momento em que Devlin rodava com a minha esposa na pista, e Beck riu alto, visivelmente encantada com a habilidade daquele pé de valsa sem-vergonha.

Involuntariamente, dei um passo à frente, ignorando a indagação do meu amigo, os olhos ávidos nos dois. O ímpeto de tirar minha mulher dos braços daquele peão de rodeio era tão forte que nublava a razão. Mas uma mão forte me deteve segurando pelo ombro e me fazendo recuar o passo, fazendo as vezes do bom senso que eu tinha engolido junto com boa parte daquela garrafa de uísque.

— Ôa vaqueiro, aonde vai?

— Tirar minha mulher para dançar? — a interrogação era sinal de que a razão tentava abrir caminho em meu cérebro inebriado.

A esposa Comprada do Cowboy - Rocky Mountain StarsOnde histórias criam vida. Descubra agora