perguntas que não posso responder

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Rafa leu a carta algumas vezes "eu amo tanto ela" não saia da cabeça do rapaz. Ele sabia disso, nunca teve dúvidas, dês da primeira conversa com a mãe sobre Helena. Mas ele se lembrava das discussões das duas, do dia em que Helena foi embora por conta das manipulações do Theo. E se o relacionamento delas fosse aquilo?

Ele se deixava flutuar em pensamento que talvez esse relacionamento não fosse dar certo, mesmo sentindo que Helena iria voltar e que a sua mãe a amava, quem sabe não fosse o suficiente. O amor as vezes não era tudo, precisava de segurança.

— Rafael! Estou te chamando! — Kate passava a mão na frente da carta que o namorado segurava, para ver se chamava a atenção do mesmo. — Ei! — Estralou os dedos trazendo ele de volta.
O fotógrafo piscou algumas vezes e entregou a carta a namorada. Na sua cabeça só passava como a mãe lidaria com isso, Helena indo embora pela segunda vez, depois de tudo que estavam passando juntas.

— Ela... Ela ama minha mãe Kate, e a minha mãe ama ela. O que tá dando de errado? — Rafa perguntou em um sussurro.
Ele tinha ouvido o grito da mãe, sabia que ela deveria estar chorando sem parar, se culpando e se forçando a odiar Helena. E ele? Como ele agiria agora?
— Entre elas tem muita coisa. Talvez esse tempo as deixe-as pronta para amar. — Kate deu os ombros. — Vamos ver a sua mãe quindin?

Rafa assentiu, mesmo que não se sentisse preparado, mesmo sem palavras, mesmo se sentindo de certa forma culpado também.
O casal foi andando devagar para quarto da modelo, com cuidado como se o chão fosse partir ao meio, bateram na porta e esperaram, e ficaram do lado de fora, esperando qualquer sinal de que podiam entrar.

Clara estava deitada no chão, ela não chorava mais, as lágrimas saindo se força, sem barulho, na maior naturalidade, como se fosse aquele o estado que Clara Albuquerque deveria sempre estar. Ela soluçava algumas vezes para recuperar o ar, mas se quer fazia força ou menção de levantar. Se sentia incapaz, sozinha, um peso que Helena não podia carregar.

Tudo que ela lembrava de Helena, cada momento vinha a voz chata lhe colocar em outra realidade.
"Você é uma mulher maravilhosa" pessoas maravilhosas a gente não se fasta Clara.
"Você merece todo o amor do mundo" pessoas que merecem amor não são deixadas Clara, Helena merece mais, você não é o suficiente pra ela.
"Você é a mulher que eu amo" amor não vai embora Clara. Helena só se confundiu.
"Você é uma roubada" Helena sabia que você não era capaz de fazer ela feliz á tempo então ela divertiu com você e cansou.

Clara se sentia cansada só de deixar essa voz ganhar, só de pensar em uma nova rotina, se acostumar de novo com a ausência da personal, tudo aquilo de volta era cansativo demais. Amar havia se tornado cansativo demais.

Ela encarou a porta do chão, as batidas se fizeram presente novamente. Rafa não iria cansar, ele diferente dela, tinha a vida toda pela frente, era jovem e tinha um amor para contar.

—Eu tô bem. — Disse mais para si mesma do que para o filho. — Quer mesmo que eu abra a porta? — perguntou com um riso debochado. Aquele estado que se encontrava não parecia algo legal para mostrar ao filho. A modelo levantou, se forçando a se olhar no espelho.
'Como cheguei a isso?' Secou as lágrimas apesar do rosto vermelho, parecia inteira. Olhou como estava vestida, ainda de roupão com o cabelo já seco naturalmente.

—Mãe... — O universitário chamou. — Deixa eu ficar com você... Deixa a gente ficar com você.

Ela assentiu como se o filho pudesse lhe ver, lembrou que tinha separado uma roupa na cama antes de tomar banho e colocou a camisola beje que Helena tanto gostava, e colocou outro roupão que não fosse de banho, e mesmo as pressas se certificou que não era nenhum que Helena tinha usado.
Clara abriu a porta devagar, ela respirava fundo como se seu corpo ainda estivesse se acostumando com o oxigênio.

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