VI. "Lembranças..."

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TW: Violência verbal.

— E eu tenho culpa que isso aconteceu?
— Grito. — Que eu saiba, o adulto aqui é você não eu, você que deveria se responsabilizar pelo os seus erros.

— Eu não me importo! — Era ele, aquele mesmo homem que utilizava uma máscara de coelho dourado em seu rosto, ele estava gritando comigo. — Eu não me importo com o que ela pensa de mim, eu não me importo, se você é um doente mental que deveria estar em um hospício.

— Se pudesse voltar no tempo, eu nunca teria contado da Ny pra você, contar dela pra você foi a pior coisa que eu já fiz em minha vida. Agora tudo que acontece, você coloca a culpa nela. — Meus olhos lagrimejavam e minha garganta doía por conta que eu tentava esconder a vontade de chorar. — Ela é uma criança, ela não tem culpa se você é um pai horrível e que não gosta de mim. Ela só quer me proteger, por que você não entende isso!? — Gritei, meu corpo doía, mas o que ele falava pra mim, rodava meu cérebro e a todo segundo aquelas mesmas palavras voltavam a tona.

— Então pede para ela, pede pra ela fazer as coisas por você, vamos vê quem é bom então. — Ele revirou algumas coisas em uma mesa próxima a ele e pegou uma pedra roxa e tacou em minha direção.
— Aprenda a ser gente então, ou você sofrerá, você viu o que você passou ontem não viu? Então, trate de ser igual aos outros.

Por que isso dói tanto? A ametista é tóxica para mim, mas ela não dói quanto igual ao que ele diz para mim todos os dias...

Por que isso queima quando está em contato com minha pele? Por que os Wardens não me atacam? Por que eu não me sinto mal em questão daquela realidade? Por que eu sou tão diferente do Lg? Por que eu só dou desgosto para o meu pai? Por que eu nasci...? São tantas perguntas e eu só queria resposta para elas...

Eu tentei esquecer, eu cuidei dos meus machucados, e tentei ignorei a Ny por alguns dias. Estava mal, não queria ouvir ela falar comigo, não é culpa dela, mas não quero saber que ela existe por um tempo.

Depois de um certo tempo, alguém entra em meu quarto e começa a conversar comigo.

— Hein Norman, você sabe onde está o seu pai? Faz um tempo que estou procurando o Jazz para fazer uns projetos.
— Perguntou Lg, ele era como um irmão mais velho, já que basicamente meu pai o tinha adotado como filho.

— Deve estar no laboratório dele, também não sei onde ele está. — Respondo, mas logo penso em algo. — Hein Lg, vem aqui rapidinho.

— Ah claro, o que você quer?

Pego a ametista a qual meu pai havia jogado em mim, ela estava enrolada em um pano para que ela não pudesse me queimar, ainda me fazia mal, eu ainda passava mal só por estar perto, mas era menos pior.

— Poderia segurar isso aqui pra mim? É uma pedrinha que achei esses dias, queria que você visse. — Pergunto gentilmente para que ele não percebesse nada de estranho comigo.

— Ah claro, é uma ametista, ela é bem bonita. — Ele segurou, mas a mão dele não queimou... Por que foi só a minha que queimou? Ele não é tão diferente de mim, ele também teve contato com Dark Lichen, ele é igual a mim, por que não queima ele? Qual é a diferença?

— E então? É pra mim? — Perguntou Lg, o que me fez me sair dos meus pensamentos.

— Ah, se quiser, pode sim ficar com ela.

— Obrigado, eu gosto bastante de ametistas, vou guardar com bastante carinho.

Por que ao mesmo tempo que ele é tão parecido comigo, ele é tão diferente de mim?

...

Durante eu revivia todo esse momento novamente, Richas, Bobby e Leo perceberam minha inquietação e meu possível ataque de pânico e então Leo foi chamar seus pais para me ajudar e com isso. Eles viram que o número de Cellbit, o qual ainda estava na ligação tentando falar comigo. Então eles tentaram falar o que estava acontecendo comigo e no mesmo momento, Cellbit venho correndo para saber o que havia de errado comigo.

Minha visão tinha literalmente fechado, eu não enxergava nada na minha frente, tiveram que me carregar até um local mais confortável para mim. Eu não sabia o que eu estava fazendo e muito menos o que estava acontecendo comigo, tentaram me acalmar, mas nada adiantava, minha crise parecia que só piorava.

Meu corpo tremia tanto, eu não sei o que estava acontecendo comigo, eu estava com tanto medo. Não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo naquele exato momento.

— Norman? Você consegue me ouvir?
— Cellbit parecia estar bem preocupado comigo.

...

Eles tentaram me acalmar, me levando a um lugar silencioso que era mais confortável.

Eu demorei alguns minutos para me recuperar dessa crise, porém conseguir voltar ao "normal". Tentaram descobrir o que estava acontecendo comigo, mas ninguém entendeu muito bem, foi meio que do nada, então foi um pouco esquisito.

— Ele sempre tem isso? Não é normal para a idade dele isso acontecer, pelo menos, não desse jeito. — Roier estava conversando com o Cellbit. — Eu sou psicólogo, posso ajudar se quiserem.

— Bom, essa foi a segunda vez que aconteceu em menos de 24 horas, eu não o conheço a muito tempo, ele é só uma criança que eu tenho cuidado sabe, mas pelo o que ele disse, isso acontece com bastante frequência.

— Entendo, ele precisa de cuidados especiais, vai que isso fique pior, é perigoso para a idade dele. — Ele parou a frase no meio. — Ah, eu não me apresentei né, bom, então eu sou o Roier, sou o pai desse pequeno aqui. — Ele apontou para Bobby que estava agarrado a sua perna.

— Ah olá Bobby. — Ele se abaixou e acenou para ele, mas logo se levantou e voltou a falar com o Roier. — Eu sou o Cellbit, prazer em te conhecer.

— O prazer é todo meu, você é um dos visitantes da ilha né? O Quackity avisou que tinha, porém não nos apresentaram.

— Ah sim, eu sou sim. — Cellbit parecia estar bem a vontade em conversar com o Roier, como se fossem amigos de longa data. É estranho, eu reparo coisas que ninguém mais repara.

— É minha culpa você ter ficado daquela forma? — Perguntou Ny, parecia que ela estava chorando, mas o que é o mais estranho é que ela não tem corpo físico, então não tem como ela chorar.

— Não, não é sua culpa, nunca foi sua culpa, você sabe que é complicado as coisas que acontecem comigo...

— O seu pai é um desgraçado, ele não deveria te tratar igual ele tratava. — Ela parecia estar chateada, ou até com raiva de tudo que estava acontecendo. — Isso não faz sentido, nada faz sentido, se ele era seu pai por que ele agia daquela forma?

— Eu também não sei, talvez não era para ele ser pai, existe motivos para tudo, talvez eu só tenha sido um experimento que deu errado.

— Nossa a forma que você disse agora, até parece que você foi criado em laboratório.

Eu comecei a rir por conta do que a Ny tinha falado e Cellbit percebeu.

— Ah, você está melhor? Precisa de algo? Eu estava conversando com o Roier e ele é psicólogo, quer marcar algumas consultas para entender o que há com você?

— Eu nunca fui a um psicólogo, como que funciona?

— Ah, você só fala o que você sente ou o que você pensa, é bem de boas, não tem nada para se preocupar. — Respondeu Roier.

— Oh, parece legal. — Fiquei curioso em saber como que funcionava isso.

Nós ficarmos conversando algum tempo sobre psicologia e como funcionava o cérebro humano, principalmente na minha idade para tentar me tranquilizar que isso era algo bem de boas que eu não precisava me preocupar com nada.

"Is it ok that I like you?" QSMP's FanFictionOnde histórias criam vida. Descubra agora