Capítulo 8

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Dério

– Ele tem ligado para mim todas as manhãs e noites. – Soa perdidamente apaixonada, está derretida mesmo mas não estou prestando muita atenção no que fala, estou há duas semanas tentando arranjar formas de falar com Edna, as aulas de matemática foram uma ideia boba, não consigo acatar as explicações dela só por simples facto de ser ela a explicadora.

– E no fim-de-semana saímos. – Se inclina para trás do assento, estamos nas arquibancadas do ginásio vendo uma outra turma sendo castigada pelo professor.

– Acho que ele está afim de mim. – Conclui respirando com gosto o ar doce e agradável, as manhãs são maravilhosas.

– Sim. – Concordo abnegado.

– Está distante hoje, o que há com você? – Interroga.

Direcciono a atenção para ela, estava cruzando na minha cabeça o dia que fui com Edna até Andrômeda, por vezes penso que levá-la para lá seria uma boa ideia, contudo, dessa vez seria planejado, não nos encontraríamos por uma mera coincidência, embora nada aconteça de tal forma.

– Só estou refletindo nas coisas.

– Nas coisas? – Se entusiasma. – Conta mais. – Ela bate no meu ombro, nasceu uma grande proximidade entre eu e a Vânia.

– Estava pensando em me livrar de alguns pesos. – Encho os pulmões e esvazio-os de seguida.

– Está falando da Edna? – Tenta.

– Sim. Transpareço tanto? –Você está tentando controlar a respiração como ela não daria conta?

– Hum rhum... – Murmura. – Mas por quê "se livrar"? – Ouvir dessa forma em voz alta me faz querer trocar essas palavras, mas isso é um monte que estou sentindo e o meu peito aparenta ser pequeno para suportar, é estranho.

– É que não sei... – Tento organizar a fala. – Teve uma vez que nós tecnicamente saímos juntos e agora... – Me perco no que ia dizer. – Parece que nos encurralamos de alguma forma.

– Olha. – Pousa sua mão em mim.

– Se quer alguma coisa diga para ela, não fique se ralando com coisas que só se tornariam claras se falasses com ela.

– Você tem razão. – Reconheço.

– E o que está pensando sobre isso? Vai falar com ela?

– Sim, estou querendo convidá-la para sairmos no sábado mas não sei como fazer o pedido. – Rio de mim mesmo.

– É só chamar ela. – Despeja.

Tento comunicar para ela que nunca fiz isso.

– O que? Diga... Dério! – Desisto, ela não decifra meus sinais telepáticos e caretas.

– Nunca fiz isso. – Exponho verbalmente.

Fica em silêncio, não deveria ter revelado essa vergonha, agora deve estar pensando que sou um zero à esquerda.

– Nunca fui casamenteira. – Reflete em voz alta.

– Casamenteira? – Indago.

– Você está precisando de uma. Nada melhor que uma garota para te ajudar com outra ou não? – Uau! Minha masculinidade foi para o ralo.

– Mas já pensei em... – Vejo que as minhas ideias são tão medíocres e embaraçosas.

– No quê?

Em onze meses da minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora