Capítulo 3

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De Daeron

E lá estávamos nós, encurralados na floresta, entre sermos mortos pelo rei ou sermos mortos pelos orcs. Nus, encharcados e bêbados, foi quando Daeron, de Rivendell apareceu. Um belo elfo de cabelos negros, que ele mantinha curtos, diferente dos primos, olhos cinzentos e insento de humildade. Veio montado em um cavalo marrom, com mais uma dúzia de soldados élficos, que possuíam um uniforme semelhante à da guarda de Trevamata, não fosse pela cor, que em vez de dourada era prateada. Eram elfos de Valfenda, enviados por Mestre Elrond. Mas eles poderiam ter sido enviados até mesmo pelos próprios Valar, não poderiam me tirar a mim e nem meus amigos do maior apuro em que estávamos agora. E não eram os orcs, pois estes já haviam sido mortos.

— Eu deveria mandar cortar vossas cabeças agora. — Todo mundo estava em fila diante do rei, vulgo meu tio Thran, enquanto ele nos ensaboava com uma esponja de espinhos, no sentido figurado claro. — Mas hoje é uma noite de celebração, embora... — E me olhou enfurecido. — Alguns de vós possam parecer propensos a estragar meu bom humor.

— E ele tem? — Resmungou Elrohir, levando uma cotovelada de Tauriel para que calasse a boca.

— Tauriel, estou decepcionado com você. — Disse o rei, ignorando os choramingos de Elrohir, que acabara de ser agredido. — De todos esses idiotas, você era a última a quem esperava ser persuadida por minha sobrinha.

Eu tentei encará-la como se quisesse pedir desculpas, mas ela apenas desviou o olhar. Estava furiosa e com razão.

— Não vai se repetir, meu Senhor...

— É claro que não vai. — Meu tio manteve o mesmo tom. — Pois a partir de agora, você e seus guardas irão para as fronteiras, para bem longe do meu castelo. — Ela abriu a boca para contestar, mas ele a interrompeu. — E a quero distante de Mellodië.

Eu torci o nariz ao ouví-lo pronunciar meu nome de maneira errada. Vagabundo. Como ele pode me separar da minha amiga???

— Isso não é justo! — Protestei.

— Não. Justo teria sido você ter ficado no banquete com seu primo, e não arrastado meus guardas para esse... Esse inferno! — Voltou a me ignorar e agora voltou a olhar para Elladan e Elrohir, que faltavam esconder-se atrás dos outros guardas. — E vocês dois... Francamente, o que estão fazendo aqui?

— Ah... Viemos...

— Perseguir aqueles orcs. — Disse Elladan salvando a justificativa do irmão. Realmente, entre todo mundo aqui esses dois são os melhores mentirosos. — Nós os seguimos desde a queda do rio Bruinen, majestade.

E fez uma reverência exagerada. Eu revirei os olhos.

— Estranho. Seu pai disse que vocês estariam de vigia hoje. — Daeron riu para eles e Elladan pareceu querer matá-lo.

Pela primeira vez, concordei com os irmãos enxeridos com alguma coisa. Mas eu já estava ferrada mesmo, se eles se ferrassem também, era culpa exclusiva deles. Apenas fiquei sentida por Tauriel, que não tinha nada a ver naquele assunto.

Meu tio disse que Elladan e Elrohir poderiam ficar até o amanhecer e depois desaparecer de suas terras. Mas isso não aconteceu, pois no dia seguinte estava chovendo que só a desgraça, e no seguinte houve uma infestação de aranhas, e no outro um dos bocós caiu da ponte na entrada do castelo e quebrou o braço e os pivetes ficaram de embuste por lá por mais um ou dois meses.

Morte ao Conselheiro | Tolkien Onde histórias criam vida. Descubra agora