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Olha só quem apareceu, boa leitura!

  Olhei o ruivo e percebi que ele me encarava, arqueei a sobrancelha querendo saber o motivo. Ele desencostou da pedra e andou até parar na minha frente. Quando ele me encarou de cima, pela nossa diferença de altura, de forma inconsciente torci verdadeiramente para que eu fosse bonita nesse ângulo. Sua mão se aproximou do meu rosto e seu dedo indicador passou levemente em uma parte da minha bochecha.

   Ele tocou no meu sinal.

- Pensei que estava sujo - disse ainda tocando meu rosto.

- É um sinal, não sabia que a biologia no seu país era tão fraca assim. - falei provocando-o.

- Eu aprendo a biologia na prática, sabe? Diferente de outros. - respondeu com pura malícia e eu revirei os olhos - Já ia falar para você tomar um banho, que sinal estranho.

- Diferentemente dos franceses eu sou limpinha - falei e recebi uma gargalhada dele.

   Infelizmente não poderia acusá-lo de fedorento.

   Acho que nunca ouvi ele rindo assim, verdadeiramente, acabei rindo com ele.

- E esse sinal é bem minúsculo, acho que você andou reparando demais no meu rosto. - completei e ele passou o dedo novamente pelo meu sinal.

   Esse contato está começando a me deixar nervosa, troquei o peso de uma perna para outra.

- Você parece desconfortável. - Ele falou com um sorriso de lado ao observar meu movimento.

- Por que eu ficaria?  - dei de ombros, fingindo que aquele toque não produziu dezenas de substâncias químicas estranhas no meu organismo.

   Nossa proximidade está me deixando tonta, mordi o lábio inferior tentando me acalmar. Seus olhos rapidamente perceberam o que eu fiz. Castiel me encarou enquanto eu tentava manter minha visão focada em sua testa, mas sem querer meu olhar vacilou e desceu lentamente para seus olhos, que me observavam com um certo brilho.

   Ele aproximou mais ainda o rosto do meu e eu fechei as pálpebras sabendo o que aconteceria, uma de suas mãos se apoiaram na minha cintura e a outra estava apoiada na pedra atrás de mim. Mas seus lábios não encostaram nos meus, e sim na porção superior da minha bochecha, um pouco abaixo dos olhos, onde o meu sinal fica. Abri os olhos lentamente e o encarei confusa.

- Queria beijá-lo - ele diz se referindo ao sinal

   Inspirei fundo tentando disfarçar o arrepio involuntário do meu corpo

- Você não pode fazer isso - falei com uma leve irritação.

   É curioso como qualquer interação nossa gera estresse para pelo menos um de nós.

- O que? - perguntou fingindo inocência.

- Agir como um babaca e depois me tratar assim.

- Assim como?

- Pare de perguntar, você entendeu - falei envergonhada e quase me desvincilhei de sua mão, que agarrou forte a minha cintura.

   E finalmente ele me beijou, iniciou de forma abrupta ao agarrar minha nunca com firmeza, mas se tornou lenta com nossas línguas se movimentavando em completa harmonia, explorando a boca um do outro. O barulho dos nossos lábios era extremamente prazeroso de ouvir, vez ou outra ele sugava o meu lábio inferior, o que fazia meu corpo ficar totalmente instável. Mordi seu lábio inferior levemente e recebi um sorriso contra a minha boca. Finalizamos o beijo com alguns selinhos, acho que só nos separamos porque o ar começou a fazer falta em nossos pulmões.

   Abri os olhos e o observei me encarando, suas duas mãos agora estavam entrelaçadas na altura da minha lombar, enquanto as minhas estavam em seu pescoço.

- Eu deveria fazer isso mais vezes. - Afirmou com sorriso convencido.

- Talvez - respondi baixinho encarando seus olhos castanhos.

- Talvez? - perguntou e beijou a minha mandíbula.

   Assim que seus lábios se afastaram da minha pele eu senti falta. Essa interação com o Castiel foi tão natural que me fez questionar porque não nos relacionamos inicialmente.

- Podemos voltar juntos no ônibus - falou comigo em volta de seus braços.

- Não, eu vim com o Nathaniel, voltarei com ele. - falei séria e visualizei seus olhos deixarem o brilho de antes e afrouxar os braços em minha volta.

   Beijei de leve seus lábios, tentando não o afastar de mim, o que deu certo. Ele se inclinou sobre mim e prolongou o beijo.

- Vou aceitar porque fui meio idiota mais cedo. - disse interrompendo o beijo.

- Que bom que você sabe. - falei sorrindo e ele me olhou fingindo chateação.

   Uma pontada de dor na minha cabeça me obrigou a fechar o olhos em reflexo, a dor começou na parte de trás e se espalhou por toda ela. Coloquei a mão no local da dor e uma moleza me atingiu, fiquei apavaroda.

- O que foi? - o Castiel perguntou ao perceber que algo estava errado.

- Acho que a minha pressão caiu - falei e ele me olhou preocupado - não tomei café da manhã. - admiti um pouco envergonhada.

- O QUE? - ele arregalou os olhos.

- Eu tentei seguir uma dica de jejum mas parece não ter se adaptado ao meu organismo. - Respondi extremamente decepcionada.

   Eu tinha certeza que dessa vez ia dar certo.

- Eu não acredito que você acredita nessa baboseira. - ele disse passando a mão no cabelo, claramente julgando o jejum.

- Não é baboseira - me irritei, soltando-o.

- Claro que é. - ele respondeu e eu cruzei os braços, o movimento fez parte da minha visão escurecer um pouco.

- Meu corpo está mole - falei me apoiando na pedra atrás de mim.

- Você precisa comer - ele disse e pegou a mochila.

- Comer o que? - perguntei - eu só trouxe água.

- Biscoitos - respondeu depois de tirar um pacote de biscoitos da mochila.

   Eu sorri.

- Quer dizer que você trouxe isso pensando em mim? - perguntei brincando e ele ameaçou guardar o pacote - Eu adoro biscoitos de chocolate. - falei e peguei o pacote de sua mão.

- Eu sabia que uma situação do tipo aconteceria, só trouxe porque não queria que você ferrasse o nosso desempenho - respondeu desviando o olhar.

- Acho que quem ferrou o nosso desempenho foi você  - Falei apontando com a cabeça para o estrago que ele tinha feito com o saco plástico.

   Ele sorriu minimamente ao me ver saborear o biscoito com gotas de chocolate.

- Desculpa pelo o que eu falei mais cedo, não acordei em um dia bom e decidi descontar em você.

- Acho que não foi a sua melhor escolha. - pensei bem e resolvi ceder - Me desculpa também pelo o que eu disse.

   Ficamos em silêncio aceitando nossas desculpas, o clima estava melhor.

- Você e o almofadinha parecem ter se divertido durante a viagem - ele disse depois de um tempo encarando o chão.

- Sim, foi bem legal.

- O que vocês estavam vendo?

- Documentário sobre crimes, é uma coisa nossa. - respondi mentindo.

   Nunca contaria a ele que baixei o documentároo porque pensei que ele ia gostar.

   O ruivo não pareceu gostar muito da resposta. No final ele catou tudo que estava espalhado e juntou uma quantidade aceitável para tirarmos acima da média, infelizmente não ganhamos, mas não foi um dia totalmente ruim.

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