Capítulo 15 - A metade

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 As luzes em neon deixava meus olhos confusos, em um emaranhado eu tentava achar apenas a pessoa na qual eu estava pela primeira vez sentindo ânsia; Elena. Meu coração em batimentos fortes ignorava completamente a música do local e as vozes que gritavam e riam enquanto se embebedavam não só de álcool mas de palavras embaraçosas. Enquanto caminhava, só conseguia pensar o que estava sentindo, a adrenalina completa que  percorria meu corpo todo me fazia sentir um êxtase de euforia, as vozes embargadas fazia meus ouvidos se sentir confusos até que uma mão me puxou pelo ombro trazendo pra ela minha atenção.

—Artistas tem suas baladas preferidas, regra número um.—Era Elena, ainda com sua roupa da exposição e com os cabelos suados talvez de tanto dançar, ela trazia um misto de aromas que ia de um cheiro amadeirado até o cheiro forte de vinho que ela trazia o copo nas mãos. —Eu sei aqui não é o lugar mais calmo pra gente se falar, até porque eu estou tendo que gritar, mas vamos pra outro lugar, vem comigo.

E sem dizer uma palavra a segui pelas luzes vermelhas, rosa, roxas que quebravam quando o verde entrava em ação, um corredor pequeno e mesmo assim cheio de pessoas, casais se beijando, trios se formando, pessoas buscando o prazer e a luxuria acima de qualquer  coisa, mais a diante Elena abriu uma porta escura que deu em um local mais penumbre ainda, mas muito bem organizado, cheio de telas, figuras, versos em alguns papéis espalhados em uma escrivaninha, ela fechou a porta abafando todo o barulho que estava do lado de fora.

—Não sou uma psicopata muito menos vou tentar algo com você.—Ela sorria ascendendo as luzes.—Aceita beber?

—Eu não sei porque eu estou aqui, em minha defesa foi a curiosidade, afinal seu quadro se parece muito comigo, é uma coincidência e tanta.—Falei enquanto entregava para ela uma taça que havia pegado no móvel ao lado. —Mas não quero demorar, pretendo voltar para o Brasil ainda hoje.

Menti. Sim eu menti, mas ela não precisava saber a verdade. Ela sorriu de lado em concordância enquanto bebia um gole do vinho.

—Foi exatamente por isso que chamei você aqui.—Ela trazia alguns papéis em suas mãos, desenhados a giz de cera.—Esse foi o primeiro sonho que vi ela, no caso você.

Peguei a folha e senti meu corpo todo se arrepiar, a mesma floresta na qual eu sempre sonhava agora estava em minhas mãos, em um desenho de criança, respirei fundo me sentando na cadeira que estava mais próxima, continuei olhando os outros desenhos e eram as mesmas imagens que eu  sonhava só que por ângulos diferentes e dessa vez notório o rosto.

—Eu sei que pode parecer loucura mas essas imagens pra você, não são familiares?

—Bom é...—Respirei fundo.—Isso está tão estranho.

 Minha cabeça girava e meu estômago se embrulhava, eu podia ouvir meus batimentos acelerando a todo instante querendo saltar de dentro do meu corpo, minhas mãos suavam de forma incessante e tremiam sem pudor algum, olhei para olhos dela que estavam convidativos e esperançosos e apenas concordei com a cabeça.

—Ah!—Ela gritou dando um soco no ar.—Eu não estava louca, eu sabia! E eu consegui encontrar você, eu sabia que a minha arte ia me ajudar.

—Tecnicamente minhas amigas encontraram você.—Sorri e ela sorriu em conjunto.—Mas pra falar a verdade isso não significa nada.

—Me desculpa a indelicadeza, mas qual seu nome?

—Agatha.

—Pois bem Agatha, eu tive inúmeros sonhos com você, não foi um, não foi dois, foram vários, e em todos eles eu falava coisas lindas demais para ser ditas em voz alta e por mais que você negue e diz só ser estranho eu sei que lá no fundo você torce pra que você também não seja louca.

Em busca da minha metadeOnde histórias criam vida. Descubra agora